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domingo, 31 de agosto de 2014

Um furacão chamado Marina. Tsunami na política

Se foi surpresa, não sei. Se assustou muita gente, disso eu tenho certeza. Se os ventos continuarão favoráveis e arrastando tudo o que vem pela frente, é outra história. Em política sempre há o dia seguinte com suas particularidades diferentes do anterior. Sem rotina definida. O fato é que a pesquisa divulgada pelo Ibope na última terça-feira, 26, que leva a candidata do PSB, Marina Silva, à vitória contra a petista Dilma Rousseff em segundo turno revirou a casa estrelada. Arrepiou as barbas de Lula e molhou a plumagem tucana com um balde de água gelada – sem trocadilhos com o desafio que corre por aí. A ex-senadora do PT, ex-verde e fundadora da rede (que ainda não saiu do papel) trouxe de volta seu capital político, lá de eleição de 2010 e acrescentou alguns números a mais. Tirou quatro pontos de Dilma, mais quatro do senador mineiro Aécio Neves e candidato do PSDB à presidência, outros dois do quarto colocado, o pastor Everaldo (PSC). E livrou, também, muita gente da indecisão ou que não sabia em quem votar e talvez até anulassem ou votassem em branco.

Herança bendita
A herdeira do posto que pertencia ao também socialista Eduardo Campos, morto em acidente aéreo, apenas ratificou sua ascensão já medida anteriormente pelo Instituto Datafolha. E foi além. Sair dos 9% de Campos, ganhar 20 pontos porcentuais e empurrar Aécio para a terceira colocação, mostra que há um cansaço lógico do eleitor com a polarização tucano-petista. É fato.

Causou estragos
Embora haja uma tentativa de desconversar sobre essa polarização – que vem desde 2002 – principalmente pelas hostes do tucanato, há sim um esgotamento natural nessa disputa. E a chamada e questionada terceira via, que agora desponta forte com Marina Silva, pode estar se consolidando. E pode, sim, jogar a ambição peessedebista para mais tarde. E destronar o PT.

É confusão total
Essa mudança brusca na direção dos ventos que sopram a política nacional entortou de vez a concepção de analistas especializados, cientistas políticos e partidários de outras correntes, sobre os rumos das eleições deste ano. A avalanche de opiniões que se sucederam durante da semana, apenas deixou o nevoeiro mais espesso. Até agora não há análise sequer que corrobore outra.

Mix de opiniões
Não há consenso sobre o que vai acontecer daqui para frente. É evidente que se deve pesar cada linha escrita, cada palavra falada e expressada publicamente na mesma medida. Juntar tudo o que pensam aqueles que acreditam na efetivação do potencial de Marina, os que acham que isso ainda é fruto da comoção de uma tragédia e também dos incrédulos. Dá para tirar alguma conclusão imediata? Não!

Resposta rápida
E esse tsunami passa por Limeira, conforme pesquisa encomendada e divulgada hoje por esta Gazeta. Marina Silva venceria em primeiro turno nos votos válidos. Sem brancos, nulos e indecisos, a socialista teria 51,7%, contra 23,5% de Dilma Rousseff e 20,6% de Aécio Neves. É o cenário local da corrida presidencial, mas que pode até refletir novos números daqui para frente.

Capital próprio
E por que os resultados da pesquisas mexeram tanto com o imaginário dos analistas? Essa é fácil. Porque até a então vice na chapa de Campos não havia transferido nada de seu capital eleitoral ao candidato natural da legenda. Eu, particularmente, quando ela foi anunciada como tal, dava quase como certa e lógica essa transferência. E por que isso não aconteceu? Também é uma pergunta para muitas respostas.

As cores da hora
E a pesquisa do Datafolha, publicada ontem pelo jornal Folha de S. Paulo, que dá empate rigoroso entre Dilma e Marina, pode sinalizar possível eleição até em primeiro turno. A favor de Marina. Essa é outra história, que ainda vai ser contada.

E direto às urnas
Até outubro os temas estarão essencialmente voltados à política e às eleições. E Limeira vai se firmando com seus candidatos, mais de duas dezenas, para delírio dos partidos. Muitos egos sendo massageados e polidos, porém, nada de concreto no horizonte, que possa garantir que ao menos um em cada esfera – federal e estadual – seja eleito. Até agora apenas uma impugnação, a do ex-vereador (foi cassado em início de mandato) Edmilson Gonçalves pelo PSDB. Como ainda cabe recurso ao TSE, ainda há alguma água a correr por debaixo da ponte. Em que pese a longa estiagem verificada especialmente no Estado de São Paulo.

Vai doer no bolso
Da política, para a política. Só que dessa vez a administrativa. Todos podem preparar os bolsos. Vem aumento aí na área azul, conforme mostrou esta Gazeta na última sexta-feira. A Hora Park está pedindo 40%. A prefeitura diz que não. O índice será menor. O quanto não se sabe. A única coisa certa: a taxa pós-utilização sofrerá reajuste de 100%. Vai a R$ 9,00. Lembram-se, de projeto do vereador Miguel Lombardi (PR), que reduziu esse valor de R$ 8,00 à R$ 4,50? Pois é, agora ele vem dobrado. E com uma agravante: criação de mais mil vagas tarifadas. Invertendo o que o vereador Raul Nilsen (PMDB) disse certa vez: “aqui sim, jacaré”.

E vai afetar sim

Quem pode sofrer com isso é o comércio da região já tarifada. Há preocupação por parte das entidades de classe. Principalmente depois do período ruim com a Copa do Mundo e, agora, também ruim até as eleições. Situação só tende a se agravar.

Pergunta rápida

Quem vai bater mais em Marina Silva daqui para frente, o PT ou o PSDB?

Uso sustentável...

Para não perder a oportunidade em conscientizar a população. O problema com a longa estiagem e as queimadas que avançam sobre nascentes, conforme esta Gazeta mostrou na última terça-feira, é grave. Muito grave. O risco de racionamento, aos poucos, se transforma em realidade e já não é mais descartado pela concessionária Odebrecht Ambiental, que avisou ter água por mais dois meses, caso não chova nesse período. Enquanto municípios vizinhos se cercam de leis protetivas, Limeira vai sendo levada e lavada pela enxurrada do desperdício, que continua flagrante entre os limeirenses. Reclamar e criticar depois não vai resolver o problema.

Nota curtíssima
O preconceito racial nos estádios de futebol não tem fim. É latente. Virou ódio.

Frase da semana

“Marina é o Lula de saias”. Do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, sobre a real possibilidade de a socialista vencer Dilma num segundo turno. No Blog do Fernando Rodrigues. Na sexta-feira, 29.

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