O Estado de São Paulo sofre com um longo período de estiagem. Uma seca
que entra para história e não se via por aqui desde 1930, segundo
especialistas. Limeira não está imune a ela, embora tenha um sistema de
captação, tratamento e distribuição exemplares, em concessão privada, a
preocupação já bateu às portas da concessionária, que lançou o programa
Juntos pela Água, de racionalização do seu uso. E não descarta, caso se
prolongue a falta de chuva, de algum tipo de racionamento. Na edição de
domingo desta Gazeta, em matéria muito bem conduzida pela jornalista
Vanessa Osava, o professor de Hidrologia da Faculdade de Tecnologia
(FT/Unicamp), Hiroshi Paulo Yoshizane faz revelações drásticas. Ele
prevê a recuperação dos rios em 12 meses a partir do início do período
mais chuvoso, mas o prejuízo causado no ecossistema aquático só deverá
se recuperar em 10 anos. E uma década é muito tempo perdido, porém,
inevitável.
Os alertas são constantes e estão diariamente nas páginas dos jornais e
noticiários de rádio e TV e a cada dia de seca que se soma, a situação
torna-se mais dramática ainda. Uma realidade que foge do controle do
homem (embora ele tenha grande responsabilidade na desestabilização
climática), que pode ser amenizada, desde que a consciência acompanhe
diariamente suas ações no sentido de um consumo sustentável, que só é
possível através de uma conscientização efetiva do grave problema pelo
qual atravessamos. Ações simples de economia de água, que infelizmente
não vem sendo o ponto forte de boa parte da população, que teima em
fazer da mangueira, vassoura para varrer calçadas. E não se dá conta da
gravidade desse momento.
E como em Limeira não há punição para esse desperdício, tornamo-nos
apenas observadores e narradores desses fatos, na esperança de que mais
pessoas percebam a importância de uma torneira bem fechada, de que isso
vai passar e não cometam erros, dos quais possam se arrepender depois. E
que afetam direta – e indistintamente - toda uma comunidade.
Ainda na semana passada, uma moradora de um prédio no centro da cidade
fez contato com a Redação da Gazeta, para reclamar do mau uso da água.
Outro prédio, vizinho, passava por processo de lavagem externa, que no
entendimento dessa verdadeira cidadã, poderia ser evitado ou postergado.
No que estava coberta de razão. Não é o melhor momento para esse tipo
de ostentação.
Na segunda-feira pela manhã, enquanto levava minha mulher para o
trabalho, um cidadão lavava, com mangueira que jorrava sem parar, um
toldo e a calçada de uma casa comercial na Avenida Araras, próximo da
Praça Adão Duarte. Também deveria ser evitado. Uma ação totalmente
desnecessária, que certamente não fez aumentar a clientela da loja, mas
expôs o tamanho dessa atitude inconsequente. São apenas dois exemplos
isolados, mas de alto conteúdo didático de como não deve ser feito.
Aprender com a crise – neste caso sazonal – é sempre dolorido, mas a
consciência pode ser um bom analgésico. Acredito que não seja pedir
demais.
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