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terça-feira, 26 de agosto de 2014

Quando a falta de consciência vira ignorância

O Estado de São Paulo sofre com um longo período de estiagem. Uma seca que entra para história e não se via por aqui desde 1930, segundo especialistas. Limeira não está imune a ela, embora tenha um sistema de captação, tratamento e distribuição exemplares, em concessão privada, a preocupação já bateu às portas da concessionária, que lançou o programa Juntos pela Água, de racionalização do seu uso. E não descarta, caso se prolongue a falta de chuva, de algum tipo de racionamento. Na edição de domingo desta Gazeta, em matéria muito bem conduzida pela jornalista Vanessa Osava, o professor de Hidrologia da Faculdade de Tecnologia (FT/Unicamp), Hiroshi Paulo Yoshizane faz revelações drásticas. Ele prevê a recuperação dos rios em 12 meses a partir do início do período mais chuvoso, mas o prejuízo causado no ecossistema aquático só deverá se recuperar em 10 anos. E uma década é muito tempo perdido, porém, inevitável.    
Os alertas são constantes e estão diariamente nas páginas dos jornais e noticiários de rádio e TV e a cada dia de seca que se soma, a situação torna-se mais dramática ainda. Uma realidade que foge do controle do homem (embora ele tenha grande responsabilidade na desestabilização climática), que pode ser amenizada, desde que a consciência acompanhe diariamente suas ações no sentido de um consumo sustentável, que só é possível através de uma conscientização efetiva do grave problema pelo qual atravessamos. Ações simples de economia de água, que infelizmente não vem sendo o ponto forte de boa parte da população, que teima em fazer da mangueira, vassoura para varrer calçadas. E não se dá conta da gravidade desse momento. 
E como em Limeira não há punição para esse desperdício, tornamo-nos apenas observadores e narradores desses fatos, na esperança de que mais pessoas percebam a importância de uma torneira bem fechada, de que isso vai passar e não cometam erros, dos quais possam se arrepender depois. E que afetam direta – e indistintamente - toda uma comunidade. 
Ainda na semana passada, uma moradora de um prédio no centro da cidade fez contato com a Redação da Gazeta, para reclamar do mau uso da água. Outro prédio, vizinho, passava por processo de lavagem externa, que no entendimento dessa verdadeira cidadã, poderia ser evitado ou postergado. No que estava coberta de razão. Não é o melhor momento para esse tipo de ostentação.
Na segunda-feira pela manhã, enquanto levava minha mulher para o trabalho, um cidadão lavava, com mangueira que jorrava sem parar, um toldo e a calçada de uma casa comercial na Avenida Araras, próximo da Praça Adão Duarte. Também deveria ser evitado. Uma ação totalmente desnecessária, que certamente não fez aumentar a clientela da loja, mas expôs o tamanho dessa atitude inconsequente. São apenas dois exemplos isolados, mas de alto conteúdo didático de como não deve ser feito. Aprender com a crise – neste caso sazonal – é sempre dolorido, mas a consciência pode ser um bom analgésico. Acredito que não seja pedir demais.

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