Pages

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Aberta a temporada de caça à Marina

Com Dilma Rousseff (PT) se apresentando com as bênçãos de seu padrinho, Lula; Aécio Neves (PSDB) escondendo FHC e se postando como grande gestor (deixa muitas dúvidas sobre essa competência), Marina Silva (PSB), a herdeira do acaso, começa a nadar de braçada no mar revolto da corrida eleitoral à Presidência da República. Se os dois principais candidatos – foram, não são mais – estão pessoalizando as respectivas campanhas na mídia e durante o horário eleitoral gratuito, a terceira via, que na realidade se tornou a primeira, apresenta-se como portadora de boas notícias e da “nova política”. Que de novidade não tem nada e também é tão velha como a atual e caminha para o ranço religioso da absurda prática de jogar para debaixo do tapete temas polêmicos e avanços científicos. Somente porque vai contra a doutrina da fé que professa e para fazer coro aos seus pares de crença, que não enxergam um palmo adiante do nariz, que não seja uma leitura ultrapassada dos textos bíblicos. Isso, porém, é outra história.
Não sou eleitor de Marina Silva – e confesso não saber mais de quem sou de fato eleitor – porque ela não tem compromissos com a realidade e tem o pé dentro do barco do autoritarismo, que sua retórica carrega nas entrelinhas. Nesses últimos dias, porém, em que as pesquisas eleitorais – Ibope e Datafolha e da Gazeta-Limite, que trouxeram para o local as perspectivas eleitorais – começam a apontar o favoritismo para a ex-senadora do PT, ex-verde e mentora da Rede (que deve ser seu destino mais à frente), há um clima de caça no ar. Se o discurso – de Dilma e Aécio – não agrega valor programático, mas apenas prestação de contas da petista e de promessas (apenas promessas) do tucano, a conversa daqui para frente deve mudar de tom. Ambos vão se esquecer e devem mirar artilharia naquela que está lhes roubando o protagonismo de até então, a socialista que recebeu, em bandeja de ouro, a titularidade da legenda da qual era apenas coadjuvante. Saiu da condição de “azarão”, como costuma se dizer de quem não tem a mínima chance de vencer uma competição, para franca favorita.        
Essa condição está incomodando demais o staff de campanha dos dois partidos, que vinham polarizando as disputas. E a própria mídia começa a focar mais nas ações de Marina, tanto pela condição de personagem central, que assumiu, como também na investigação de possíveis desvios de conduta, como tentativa de desconstruir a candidata. O que sempre acontece quando há essa inversão num cenário que parecia definido. Se está aberta a temporada de caça à Marina, e tanto PT como PSDB virão com tudo para cima da agora favorita, não se pode subestimar o efeito reverso que isso pode causar. Uma velha e conhecida história do bater e fazer crescer. O que acontece com a massa de pão, que quanto mais apanha, mais encorpada fica. Com o sério risco de crescer tanto e assar antes da hora. Já na primeira fornada.  

0 comentários: