A semana que passou, se me permitem os leitores, pode ter registrado uma das imagens mais chocantes do ano. E talvez das últimas décadas para o limeirense que, com certeza, não vai esquecê-la tão cedo: o moinho alemão em chamas, na noite da segunda-feira. Labaredas visíveis em diversos bairros e das estradas que cortam o Município, tal qual uma imensa fogueira de São João. No meio do nada. Justamente onde foi erguido esse monumento público - em terras particulares - e que já vinha sendo alvo de depredações. Avisos de uma tragédia anunciada. O que menos importa, aqui, é o custo do projeto, quem o fez e quem a inaugurou. O seu valor financeiro, agora, equivale a um punhado de cinzas e madeira retorcida, transformado em carvão. Importa, sim, o abandono à sua própria sorte, como se não fosse mais responsabilidade do próprio poder público. Se começou errado, desde a sua concepção e localização, poderia ter sido corrigido com um pouco mais de vontade política. Longe de ser prioridade, mas não se esquecer de seu valor, enquanto patrimônio público. A imagem do dia seguinte não foi menos chocante.
De tudo, um pouco
Foi, sem dúvida, o assunto da última semana, e de todas as formas destrinchado por críticos, analistas, autoridades, técnicos e políticos, que não perderam a oportunidade de expor suas opiniões. E como escrevi na última quinta-feira, nesta coluna, todos com alto grau de acerto. Que foi vandalismo, ninguém tem dúvida. Crime, muito menos ainda e, principalmente, abandono, a receita das chamas.
E nós já sabíamos
O triste dessa história toda, e tais quais aqueles cartazes que torcidas se provocam dentro de estádios, onde se lê “eu já sabia”, parece que também – consciente ou inconscientemente – o pior era esperado. As primeiras depredações, a ausência de segurança ou preocupação com alguma providência prática, indicavam o perigoso caminho da destruição, que foi sendo aberto pelo descaso e pavimentado pelo abandono.
Ainda vai adiante
Daqui para frente, tudo o que se escrever sobre a tragédia é bastante provável que também seja acertado. Vamos excluir, por questões político-partidárias, apenas o que foi escrito de forma jocosa e com alto grau de perversidade. Que transcendeu à realidade por mera vaidade e ressentimento de um ou de outro. Ou por puro desconhecimento mesmo, que é o que mais se tem ouvido e lido e muitos embates.
Seria bom errar...
Não quero ser pessimista. Mas temo pelo desfecho na busca aos criminosos. E, junto com os casos Odair Zambom e Marquinhos Camargo, pode ser mais um a entrar para o rol dos crimes insolúveis. Veremos.
Tema recorrente
No mês de março, mais precisamente no dia 12, após testemunhar algumas obras esquecidas, alertei para “O desperdício da não continuidade’ (http://colunatextoecontexto.blogspot.com.br/2013/03/o-desperdicio-da-nao-continuidade.html). Três meses apenas de governo, mas era preciso, naquele momento, fazer o alerta. Em outras oportunidades, também recorri a isso. Entendo que o verdadeiro administrador público é aquele que faz um levantamento do que vai pelo município, antes de anunciar sua própria marca. Não aconteceu. E agora ardeu, literalmente, em chamas. O que mais falar?
Semana e esquecer
Desta vez não foi monumento ou parque. Desta vez foi uma escola estadual e livros. A sanha incendiária chegou forte a Limeira nesta última semana. E com recados explícitos pintados em muros pelos vândalos. Mais que identificar e punir os culpados, é preciso ir à causa desses crimes. Não dá para apostar em nenhuma hipótese. Recuso-me a pensar em ação política¸ embora também não deva ser descartada. Os próximos dias serão cruciais.
Nenhuma saudade
O ano de 2013 está indo embora. Política e administrativamente um ano para ser esquecido. Principalmente pelo poder público, que se comprometeu por ações desastradas ou então ausência total. O balanço, infelizmente, é negativo. Para muitos, quanto pior melhor. Interesse apenas político. A população, entretanto, merece respeito. E o Município também.
Pergunta rápida
Alguém pode me explicar o que está acontecendo em Limeira?
Chave enferrujada
A semana política não poderia fechar de outra forma e no tom fosco da ferrugem. Com a prefeitura anunciando a retirada do sinal do canal 26 de TV aberta, da TV Cultura-SP, para repassá-la ao Grupo Opinião, da cidade de Araras. O Município priva, desta forma, quem não tem condições de ter tv por assinatura, de uma emissora de conteúdo educativo e cultural. E com vasta programação infantil. E abre espaço a um canal direto para se fazer marketing político. Ou alguém duvida disso? Vale lembrar que o prefeito ararense é Nelson Brambilla (PT). Qualquer semelhança entre lá e cá não terá sido mera coincidência.
Nota curtíssima
Limeira será conhecida no futuro como uma acolhedora cidade de ex-prefeitos.
Reparo histórico
Depois de anular oficialmente a sessão de 2 de abril de 1964, quando o então presidente do Congresso, Auro de Moura Andrade, declarou vaga a Presidência da República, abrindo espaço para o golpe militar, na última quarta-feira, de forma simbólica, o Congresso também devolveu o mandato do então presidente João Goulart, o Jango. Faz-se justiça e encerra-se o mito da “revolução”, devolvendo-lhe o único status cabível: um criminoso golpe de estado.
Frase da semana
“Foi como perder uma pessoa amada”. Do prefeito cassado, Silvio Félix (PDT), sobre o incêndio no moinho alemão, projetado e iniciado em sua segunda gestão. Quarta-feira, 18. Na Gazeta de Limeira.
domingo, 22 de dezembro de 2013
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