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domingo, 15 de dezembro de 2013

Liberdade de expressão, sim. Patrulha não...

Às vezes fica difícil para o colunista discernir entre os aspectos mais importantes daquilo que vai comentar. Principalmente porque as redes sociais, Facebook e Twitter entre as mais utilizadas, estão cada vez mais presentes na vida das pessoas, possibilitando que muitos se tornem formadores de opinião, o que retira, de certa maneira, essa primazia da mídia convencional (emissoras de TV, rádio, jornais, revistas...), seja ela de grande, pequeno ou médio porte. Essas redes, que são sucesso planetário, estão dando vez e voz a muitos que dificilmente teriam a devida atenção em outros meios de comunicação e, de certa forma, garantem uma tribuna, cada vez mais cobiçada, além daqueles que querem emitir sua própria opinião, por políticos e partidos, que montam o próprio staff somente para esse tipo de ferramenta comunicacional. É preciso, entretanto, que essa onda não traga de volta a tão perigosa “patrulha ideológica”, pela qual pessoas ou grupos tentam impor sua linha de pensamento, sem respeitar o direito de o outro expressar sua opinião. Julgam-se acima de todas as sabedorias, para desacreditar ou inibir o contraponto.

Uma figura antiga
Para quem não se lembra, o termo “patrulha ideológica” foi utilizado – alguns garantem que ele foi o criador da expressão – pelo cineasta Kaká Diegues, em meados da década de 1970, quando dois de seus filmes – “Xica da Silva” e “Chuvas de Verão” – não alinhados politicamente ao momento conturbado pelo qual o país passava, foram mal recebidos pela crítica, que “pedia” uma cultura mais engajada.

Tema controverso
Para Diegues, essa patrulha era formada por militantes de esquerda, na imprensa e ligados ao clandestino Partido Comunista, que, segundo ele, queria impor um pensamento único cultural, voltado apenas às lutas propostas pela esquerda. Era óbvio que todo formador de opinião tinha papel fundamental na luta contra a ditadura e a censura, mas essa imposição também era uma forma de censurar o outro lado.

De volta ao futuro
Resolvi fazer este comentário justamente porque as redes sociais, que citei no início deste texto, estão promovendo o retorno desse patrulhamento. Com uma diferença de lado. Hoje os patrulheiros são ligados à direita – uma direita light, com vontade de ser esquerda – e da mesma forma como aconteceu no passado, não aceitam debater, senão apenas suas opiniões. Qualquer opinião contrária não vale.

Sem as patrulhas
Nunca gostei desse termo “patrulha”, pois a liberdade de expressão do pensamento é um direito constitucional. E o direito à discordância é fundamental para que o debate seja ainda mais proveitoso.

Polêmica do Natal
Na coluna de quinta-feira tratei do assunto, para mostrar como há desvios propositais de foco quando surge uma polêmica que envolve simpatizantes e antipatizantes a um determinado status. Estou falando do grande problema econômico, social e urbano, que se abateu sobre Limeira na semana que passou. Uma árvore de Natal. Desculpem-me pela ironia, a mesma que usei na quinta-feira, mas ainda há muita repercussão sobre a estética do ornamento natalino. Todos os graves problemas do Município foram esquecidos. Triste.

E não está nem aí
Como aquele deputado da frase “a opinião pública que se lixe”, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) faz o mesmo com Limeira. Que se lixem os interesses do Município. E a última prova disso foi a publicação do extrato do contrato para construção do novo presídio para Limeira. Será mesmo um CPP, que vai contra as necessidades e interesses técnicos da própria polícia e do Judiciário. O tucano, definitivamente, não respeita Limeira.

Estereótipo ético
O procurador da República Rodrigo de Grandis, o que engavetou dois pedidos de cooperação da Justiça no caso Alston (propinoduto dos trilhos tucano) reassumiu o inquérito, mesmo investigado por duas corregedorias. Seis suspeitos terão crimes prescritos em abril. A cobrança moral tucana serve para os outros. O resto é conversa de boteco.

Pergunta rápida
Qual será o próximo secretário municipal da administração Hadich a cair?

Situação caótica
Que me desculpem motociclistas e motoqueiros que respeitam as regras mais básicas do trânsito. Infelizmente vocês são uma minoria. E “grande” minoria mesmo. Pedestres desrespeitam a faixa exclusiva, motoristas invadem áreas de estacionamento especial, mas as motocicletas e seus pilotos estão batendo todos os recordes de falta de educação. E os que fazem disque-entrega dobram esses índices. Sinal vermelho, sinal de pedestre aberto e o avanço sobre os carros em cruzamento não são limite para eles. Tudo isso é um alerta para a necessidade de uma fiscalização mais rigorosa. Um endurecimento, a favor da vida.

Nota curtíssima
José Serra está pronto. Prontíssimo para tirar o doce da boca de Aécio Neves. 

Hora do acerto
Na sexta-feira, 13, o AI-5 completou 45 anos. Em 2014, o golpe militar chega aos 50. Há duas lições, ainda, a serem tiradas desses dois tristes episódios, que fazem parte da história brasileira. Não repeti-los é a principal delas. A segunda é esclarece-los, às últimas consequências. Os trabalhos da Comissão da Verdade têm tudo para fazer isso. Só precisa de um pouco mais de coragem, e abrir toda a documentação da época ainda existente. Sem temer a farda e o coturno.

Frase da semana
"Nós não temos preocupação eleitoral. Temos preocupação é com a verdade. Esse é nosso compromisso”. Do governador Geraldo Alckmin (PSDB), sobre as investigações do propinoduto tucano. Quinta-feira, 12. Na EXAME.com

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