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domingo, 8 de dezembro de 2013

Tudo do mesmo. Nenhum diferencial que valha

Eu sou basicamente um otimista. Não ufanista. Com meus pensamentos alicerçados na utopia das coisas boas. Dos homens bons. Pena que essas coisas e esses homens não contribuem, em nada para, que esse sentimento avance e se concretize. E, novamente, tomemos a Câmara Municipal de Limeira e a atuação dos vereadores como exemplo didático, no sentido de mostrar a dinâmica do poder e suas relações com o povo. Pelo bem ou pelo mal. E a expectativa, positiva de um lado, é toda ela desmoronada, implodida mesmo, por um outro, mais sombrio e assustador. E o exemplo da semana passada foi muito claro e de uma didática extraordinária, quando das votações dos relatórios de duas CPIs, a da Dengue e do Aeroporto. E aí é que vem essa sensação de que nada mudou. Toda prática, criticada anteriormente, continua. Ela é apenas executada por outros personagens. O discurso da mudança morre onde começa o interesse pela preservação do status de comando das decisões. Então, vem a triste constatação de que o caminho é muito mais longo do que se supunha. Esqueça o passado. O que conta é o agora.

Amnésia seletiva
FHC mandou esquecer tudo o que escreveu. Lula buscou aliança com Maluf e, no exemplo caseiro, os eternos combatentes corrupção e da impunidade, dos discursos inflamados e moralizadores, estão passando por cima da própria ética, ao exercitar a conhecida teoria socrática, do “um peso, duas medidas”. Foi o que se viu nos relatórios das CPIs, encerradas na última terça-feira. O inferno e o paraíso.

Somos inocentes
Se a CPI do Aeroporto poderia representar a pá de cal na Era Félix e a CPI da Dengue atingiria, em cheio, o atual governo e alguns de seus assessores mais diretos, sem completar um ano de mandato, optou-se pela punição, na primeira, e a inocência – com um leve toque de “vamos fazer algo” – na segunda. A minoria, que sofreu muito ontem, virou a maioria algoz de hoje. Eis que nada, de fato, mudou.  

Evidências reais
Da mesmo forma como graves desvios de função foram constatados nas obras do aeroporto, demonstrando os erros cometidos, a questão da obscura nebulização de criadouros do mosquito da dengue também. Direcionamento, superfaturamento e serviços não realizados também ficaram evidentes. As contradições, nos vários depoimentos, ficaram muito claras. E nesse caso todos os bois também têm nomes.

O mesmo veneno
Assim como a oposição esperneia hoje, e com razão, e com razão a atual situação, antes oposição, também esperneava muito, no fim todos se equivalem na essência. O caráter é o poder nas mãos.

A política como...
...ela é. Vou me apropriar do título do boletim do jornalista Kenedy Alencar, da Rádio CBN, para mostrar um fato pitoresco. Na tarde da última quinta-feira, alguém fotografou água barrenta saindo das torneiras de Iracemápolis e, sem saber qual era o problema, alguns tucanos de carteirinha – o PSDB esteve no poder pelos últimos oito anos por lá – se alvoroçaram via redes sociais. Curioso disso tudo é que, quando interessa, um besouro vira um elefante. Era um problema técnico, conforme mostrou esta Gazeta em sua edição de sexta.

Fazendo as contas
O Ministério Público continua ativo por aqui. Na semana passada, viu mais uma ação contra o poder público ser acatada pela Justiça. Dessa vez, em uma acusação de improbidade administrativa contra o prefeito Paulo Hadich (PSB) e seu ex-secretário da Saúde, vereador Raul Nilsen Filho (PMDB). Não fiz cálculos e nem levantamentos, mas a impressão é que, nesse primeiro ano, Hadich já foi mais acionado que Félix no seu primeiro ano também.

E já ficou laranja
As últimas notícias da semana que passou, de que a Siemens – a empresa, e não diretores – assume que pagou propinas em São Paulo já podem ser consideradas um alerta laranja (sem trocadilhos, por favor) para o tucanato paulista. Não tarda e, logo mais, muda de cor. E para vermelho. As tentativas de desqualificar as denúncias começam a se perder pelos trilhos...

Pergunta rápida
E você, caro leitor e eleitor, já escolheu o sabor da pizza que vai pedir?

O grande irmão

O celebrado livro de George Orwell, 1984, há muito deixou de ser ficção. Hoje as redes sociais comprovam que o escritor inglês não errou em nada daquilo que previu em sua obra. Confesso que fico assustado quando leio manchetes como a publicada na sexta-feira pela Gazeta (‘Polícia vigiará rede social para chegar à balada ilegal’) pois, antes de revelar bom senso, mostram a falência do sistema e a ausência de políticas públicas destinadas à juventude. O combater, em vez de prevenir, pode até dar uma sensação de segurança, mas não é garantia de resolução do problema. É um combate ao efeito, não à causa.      
 
Nota curtíssima

Foi-se o homem. Ficaram seus ideais e suas conquistas. Nelson Mandela continua vivo.

A Fifa mandou
Entre quinta e sexta-feira foi proibido servir água de coco num resort da Costa do Sauípe. Não sei por que, mas me lembrou aquela música de Paulinho Soares: “O patrão mandou cantar com a língua enrolada. Everybody macacada. Everybody macacada. E também mandou servir uísque na feijoada. Do you like this, macacada? Do you like this, macacada? E ainda mandou tirar nosso samba da parada. Very good,macacada. Very good, macacada.”

Frase da semana
“Não se esqueça de que os santos são pecadores que continuam tentando”. Do ex-presidente da África do Sul e Prêmio Nobel da Paz, Nelson Mandela, morto na noite da última quinta-feira. 

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