Eu sou basicamente um otimista. Não ufanista. Com meus pensamentos alicerçados na utopia das coisas boas. Dos homens bons. Pena que essas coisas e esses homens não contribuem, em nada para, que esse sentimento avance e se concretize. E, novamente, tomemos a Câmara Municipal de Limeira e a atuação dos vereadores como exemplo didático, no sentido de mostrar a dinâmica do poder e suas relações com o povo. Pelo bem ou pelo mal. E a expectativa, positiva de um lado, é toda ela desmoronada, implodida mesmo, por um outro, mais sombrio e assustador. E o exemplo da semana passada foi muito claro e de uma didática extraordinária, quando das votações dos relatórios de duas CPIs, a da Dengue e do Aeroporto. E aí é que vem essa sensação de que nada mudou. Toda prática, criticada anteriormente, continua. Ela é apenas executada por outros personagens. O discurso da mudança morre onde começa o interesse pela preservação do status de comando das decisões. Então, vem a triste constatação de que o caminho é muito mais longo do que se supunha. Esqueça o passado. O que conta é o agora.
Amnésia seletiva
FHC mandou esquecer tudo o que escreveu. Lula buscou aliança com Maluf e, no exemplo caseiro, os eternos combatentes corrupção e da impunidade, dos discursos inflamados e moralizadores, estão passando por cima da própria ética, ao exercitar a conhecida teoria socrática, do “um peso, duas medidas”. Foi o que se viu nos relatórios das CPIs, encerradas na última terça-feira. O inferno e o paraíso.
Somos inocentes
Se a CPI do Aeroporto poderia representar a pá de cal na Era Félix e a CPI da Dengue atingiria, em cheio, o atual governo e alguns de seus assessores mais diretos, sem completar um ano de mandato, optou-se pela punição, na primeira, e a inocência – com um leve toque de “vamos fazer algo” – na segunda. A minoria, que sofreu muito ontem, virou a maioria algoz de hoje. Eis que nada, de fato, mudou.
Evidências reais
Da mesmo forma como graves desvios de função foram constatados nas obras do aeroporto, demonstrando os erros cometidos, a questão da obscura nebulização de criadouros do mosquito da dengue também. Direcionamento, superfaturamento e serviços não realizados também ficaram evidentes. As contradições, nos vários depoimentos, ficaram muito claras. E nesse caso todos os bois também têm nomes.
O mesmo veneno
Assim como a oposição esperneia hoje, e com razão, e com razão a atual situação, antes oposição, também esperneava muito, no fim todos se equivalem na essência. O caráter é o poder nas mãos.
A política como...
...ela é. Vou me apropriar do título do boletim do jornalista Kenedy Alencar, da Rádio CBN, para mostrar um fato pitoresco. Na tarde da última quinta-feira, alguém fotografou água barrenta saindo das torneiras de Iracemápolis e, sem saber qual era o problema, alguns tucanos de carteirinha – o PSDB esteve no poder pelos últimos oito anos por lá – se alvoroçaram via redes sociais. Curioso disso tudo é que, quando interessa, um besouro vira um elefante. Era um problema técnico, conforme mostrou esta Gazeta em sua edição de sexta.
Fazendo as contas
O Ministério Público continua ativo por aqui. Na semana passada, viu mais uma ação contra o poder público ser acatada pela Justiça. Dessa vez, em uma acusação de improbidade administrativa contra o prefeito Paulo Hadich (PSB) e seu ex-secretário da Saúde, vereador Raul Nilsen Filho (PMDB). Não fiz cálculos e nem levantamentos, mas a impressão é que, nesse primeiro ano, Hadich já foi mais acionado que Félix no seu primeiro ano também.
E já ficou laranja
As últimas notícias da semana que passou, de que a Siemens – a empresa, e não diretores – assume que pagou propinas em São Paulo já podem ser consideradas um alerta laranja (sem trocadilhos, por favor) para o tucanato paulista. Não tarda e, logo mais, muda de cor. E para vermelho. As tentativas de desqualificar as denúncias começam a se perder pelos trilhos...
Pergunta rápida
E você, caro leitor e eleitor, já escolheu o sabor da pizza que vai pedir?
O grande irmão
O celebrado livro de George Orwell, 1984, há muito deixou de ser ficção. Hoje as redes sociais comprovam que o escritor inglês não errou em nada daquilo que previu em sua obra. Confesso que fico assustado quando leio manchetes como a publicada na sexta-feira pela Gazeta (‘Polícia vigiará rede social para chegar à balada ilegal’) pois, antes de revelar bom senso, mostram a falência do sistema e a ausência de políticas públicas destinadas à juventude. O combater, em vez de prevenir, pode até dar uma sensação de segurança, mas não é garantia de resolução do problema. É um combate ao efeito, não à causa.
Nota curtíssima
Foi-se o homem. Ficaram seus ideais e suas conquistas. Nelson Mandela continua vivo.
A Fifa mandou
Entre quinta e sexta-feira foi proibido servir água de coco num resort da Costa do Sauípe. Não sei por que, mas me lembrou aquela música de Paulinho Soares: “O patrão mandou cantar com a língua enrolada. Everybody macacada. Everybody macacada. E também mandou servir uísque na feijoada. Do you like this, macacada? Do you like this, macacada? E ainda mandou tirar nosso samba da parada. Very good,macacada. Very good, macacada.”
Frase da semana
“Não se esqueça de que os santos são pecadores que continuam tentando”. Do ex-presidente da África do Sul e Prêmio Nobel da Paz, Nelson Mandela, morto na noite da última quinta-feira.
domingo, 8 de dezembro de 2013
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