O prefeito Paulo Hadich (PSB) calculou mal – ou não calculou – a repercussão negativa de sua determinação em retirar do ar, pelo sinal aberto do canal 26, a TV Cultura e entregá-lo ao Grupo Opinião, de Araras. Uma repercussão que ganhou força na curta semana que passou, a última antes da chegada de 2014. Sem contar, também, que essa decisão veio ainda com a quentura das chamas que consumiu o moinho alemão e em meio às críticas de negligência com o patrimônio público. O grosso argumento de alguns, que apenas veem cifrões à frente dos olhos e desdenham de programação mais requintada, de que a TV Cultura não tinha audiência em Limeira foi logo desfeito pela grande movimentação através das redes sociais e, também, do abaixo-assinado, que colheu assinaturas na Praça Toledo Barros, por iniciativa do vereador José Roberto Bernardo, o Zé da Mix (PSD). Até mesmo a bancada do prefeito na Câmara se mobilizou, com o presidente da Casa, Ronei Martins (PT), em carta-aberta publicada nas redes sociais, enfatizou a importância e pediu a manutenção do sinal da TV Cultura no ar.
Não perdeu tempo
O movimento iniciado assim que chegou ao conhecimento público a decisão de Hadich, traz também um forte conteúdo político. É evidente que a oposição se aproveita dos escorregões da situação para contabilizar a favor. A permanência do sinal aberto da TV Cultura, porém, transcende a esse jogo. Vai além dessas picuinhas que desgastam agentes públicos. Está acima desses interesses partidários.
Há um outro lado
É preciso, entretanto, não confundir a opinião pública com argumentos políticos vazios. Ninguém é contra a chegada de um novo canal, seja ele qual for, como bem frisou o vereador Ronei em sua carta-aberta. Todos foram, sim, contra a retirada do ar do sinal da emissora pública paulista. Aqueles que estão por trás do empreendimento, em Limeira, deveriam também ter coragem para se manifestar.
Pior que o soneto
A polêmica, que começou há duas semanas, teve seu ápice na semana que passou, com a entrada do Ministério Público e do Judiciário no páreo. Não deu outra e nem poderia ter sido pior para o prefeito, a decisão da Justiça em acatar o pedido do MP, pela retomada do sinal da TV Cultura. Vai fechar o ano com mais uma ação negativa. Ele poderia ter evitado toda essa situação constrangedora com transparência.
Ninguém notou...
...mas estava no Jornal Oficial do Município a outorga para uso do Grupo Opinião de Araras do espaço de transmissão, no Morro Azul. O decreto, assinado pelo prefeito, foi publicado em 23 de novembro.
E como explicar?
Está cada vez mais difícil entender esse atabalhoamento da administração pública atual, que assumiu em janeiro deste ano, com compromisso de mudança de rumos à política limeirense. A desilusão é tamanha, que há até quem – e aí é preciso bater três vezes na madeira – já propague um sentimento de saudade de quando Silvio Félix (PDT), cassado em 2012, era o prefeito. O tom das conversas é de brincadeira, mas há um ditado popular que diz, que uma mentira repetida com certa frequência acaba se transformando em verdade. Por isso, é importante para Limeira que os detentores do poder, hoje, entrem em 2014 com nova postura. Para conseguir reverter uma situação quase que irreversível.
Breve retrospectiva
Para a administração pública e para o Município, o ano de 2013 não vai deixar saudade nenhuma. Infelizmente. Do ponto de vista político começou errado e está terminando errado. Nunca se viu um governo tão perdido como este. A começar pela nomeação de secretários municipais, até o exagerado troca-troca nas Secretarias Municipais, que roubam a estabilidade de qualquer administração. Muito político e pouco técnico.
Estabilidade...zero
O que mais desgastou – e está desgastando – a administração Hadich, é o perrengue político entre ele e o adversário derrotado nas urnas, Lusenrique Quintal (PSD), nos tribunais. O primeiro tenta se manter à frente do Executivo e, o segundo, quer o cargo a qualquer custo, mesmo após a derrota. O ressentimento pelo resultado das urnas é óbvio. O tapetão é o limite.
Pergunta rápida
Em 2014 o prefeito Paulo Hadich (PSB) vai conseguir recuperar 2013?
As ruas do jovens
O grande momento de 2013, porém, foi protagonizado pelos jovens que saíram às ruas a partir de junho para protestar. Com eles, outros segmentos da população também aderiram ao movimento, que acuou os políticos, assustando-os de tal maneira, que eles tiveram que recuar em várias ações. Pôs em dúvida a identidade partidária como um todo e mostrou que a força popular é imbatível. Foi uma semente plantada em solo fértil, que vai sendo regada aos poucos e não tarda a dar frutos, para desespero daqueles que desdenham dessa capacidade de aglutinação. A democracia foi posta à prova, mas não houve rupturas. Os ganhos foram maiores que as perdas. E que assim seja.
Nota curtíssima
A imprensa não é nefasta. Apenas reproduz a realidade que a alimenta no dia a dia.
Um ninho desfeito
A alta linhagem do tucanato paulista também ficou com suas plumagens desalinhadas, com a denúncia do cartel dos trilhos – Metrô e CPTM – que resultou num propinoduto envolvendo a cúpula do PSDB em vários governos. A ação chegou ao STF, que também julgou e mandou às prisões altos dirigentes e políticos, envolvidos na ação penal 470. Espera-se, agora, a mesma rigidez do Supremo no julgamento do esquema peessedebista, que fez o dinheiro do mensalão parecer trocado de pinga em bar.
Frase da semana
“Talvez tivesse 3 mil”. Do presidente da Câmara, vereador Ronei Martins (PT), sobre sua votação, se as eleições municipais fossem hoje. Em entrevista à jornalista Érica Samara da Silva. Na Gazeta. Sexta-feira, 27.
domingo, 29 de dezembro de 2013
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