Há um certo cansaço e uma mesmice imensurável na elaboração de retrospectivas, tão comuns nesse período do ano. Melhor, nessas poucas horas que separam o ano que se finda daquele que virá. Para nós, que trabalhamos a –e com a - informação durante todo esse período, seria fácil juntar datas e acontecimentos e discorrer sobre eles, analisando-os um a um ou, então, o conjunto da obra, que mostra o resultado de uma sinfonia inacabada, esperando pela próxima nota na partitura. Essa melodia, composição harmoniosa de sons, infelizmente, não chegou aos ouvidos dos limeirenses. Do início ao fim, entre janeiro e dezembro deste 2013, que agoniza minuto a minuto, esperando apenas o andar dos ponteiros do relógio, não sobrou muito tempo para aplausos e nem se espera um pedido de “bis” para 2014.
É nem é preciso de provas ou argumentos para chegar a essa conclusão, que não é apenas minha, mas do conjunto da obra de um governo inerte, a que todos tiveram acesso, no mais frustrante de todos os anos políticos de que se tem conhecimento – pelo menos no espaço temporal deste analista – na história de Limeira. E tudo o que era para vir à luz da transformação, trazendo oxigenação a um sistema ultrapassado e conservador, por que não dizer viciado, de governar, foi sendo ofuscado com o passar dos dias e dos meses, com os mesmos pecados de sempre, revelando uma inoperância assustadora da máquina e dos agentes públicos, que com ela se envolveram. Que dela tomaram conta. Impossível, portanto, fazer uma retrospectiva de um ano que não existiu.
Além disso, não houve o contraponto que deveria vir da oposição como um todo. E neste caso não falo apenas daqueles que ocupam cargos eletivos. Mais preocupada com picuinhas, que tiveram seu ápice nas críticas a uma árvore de Natal de gosto duvidoso, não houve embate sobre os rumos da administração pública. Propostas claras e objetivas, que merecessem discussão mais séria. Não saiu do âmbito das redes sociais e com exagero em ataques e ofensas pessoais, impossível de se levar a sério, pelo ódio que exalavam. E sem um debate consensual, que reunisse os homens de frente - e também os teóricos - dos bastidores partidários. O que viu até aqui, e por isso não incomodou a situação, foi a manifestação de antigos detentores do poder, que passaram pelos dois “palácios”, tiveram a oportunidade da transformação nas mãos, mas preferiram se calar ou defender o que hoje também é defendido, com unhas e dentes, pelo atual staff governista. Ou seja, tudo do mesmo. Nada pior que isso para essa estagnação que tomou conta do Município, sem perspectivas de algo diferente para 2014.
Já que não houve retrospectiva, porque nada de fato mudou, tudo agora fica por conta do sentimento de esperança – e ele novamente – que embala o sono e revela os sonhos de todos os limeirenses. A questão é que nunca houve tantos pontos de interrogação dispersos pelos pensamentos da população, como agora. Uma onda negativa, que os senhores do Edifício Prada e do Palácio Tatuiby têm obrigação de captar e transformar em energia positiva. Tempo para isso existe e de sobra. Resta saber se haverá vontade política para tanto. Que 2014 também não mate a esperança, sepultada em 2013. Há, sim, uma ressurreição possível. Feliz ano-novo.
terça-feira, 31 de dezembro de 2013
domingo, 29 de dezembro de 2013
Uma dor de cabeça facilmente evitável
O prefeito Paulo Hadich (PSB) calculou mal – ou não calculou – a repercussão negativa de sua determinação em retirar do ar, pelo sinal aberto do canal 26, a TV Cultura e entregá-lo ao Grupo Opinião, de Araras. Uma repercussão que ganhou força na curta semana que passou, a última antes da chegada de 2014. Sem contar, também, que essa decisão veio ainda com a quentura das chamas que consumiu o moinho alemão e em meio às críticas de negligência com o patrimônio público. O grosso argumento de alguns, que apenas veem cifrões à frente dos olhos e desdenham de programação mais requintada, de que a TV Cultura não tinha audiência em Limeira foi logo desfeito pela grande movimentação através das redes sociais e, também, do abaixo-assinado, que colheu assinaturas na Praça Toledo Barros, por iniciativa do vereador José Roberto Bernardo, o Zé da Mix (PSD). Até mesmo a bancada do prefeito na Câmara se mobilizou, com o presidente da Casa, Ronei Martins (PT), em carta-aberta publicada nas redes sociais, enfatizou a importância e pediu a manutenção do sinal da TV Cultura no ar.
Não perdeu tempo
O movimento iniciado assim que chegou ao conhecimento público a decisão de Hadich, traz também um forte conteúdo político. É evidente que a oposição se aproveita dos escorregões da situação para contabilizar a favor. A permanência do sinal aberto da TV Cultura, porém, transcende a esse jogo. Vai além dessas picuinhas que desgastam agentes públicos. Está acima desses interesses partidários.
Há um outro lado
É preciso, entretanto, não confundir a opinião pública com argumentos políticos vazios. Ninguém é contra a chegada de um novo canal, seja ele qual for, como bem frisou o vereador Ronei em sua carta-aberta. Todos foram, sim, contra a retirada do ar do sinal da emissora pública paulista. Aqueles que estão por trás do empreendimento, em Limeira, deveriam também ter coragem para se manifestar.
Pior que o soneto
A polêmica, que começou há duas semanas, teve seu ápice na semana que passou, com a entrada do Ministério Público e do Judiciário no páreo. Não deu outra e nem poderia ter sido pior para o prefeito, a decisão da Justiça em acatar o pedido do MP, pela retomada do sinal da TV Cultura. Vai fechar o ano com mais uma ação negativa. Ele poderia ter evitado toda essa situação constrangedora com transparência.
Ninguém notou...
...mas estava no Jornal Oficial do Município a outorga para uso do Grupo Opinião de Araras do espaço de transmissão, no Morro Azul. O decreto, assinado pelo prefeito, foi publicado em 23 de novembro.
E como explicar?
Está cada vez mais difícil entender esse atabalhoamento da administração pública atual, que assumiu em janeiro deste ano, com compromisso de mudança de rumos à política limeirense. A desilusão é tamanha, que há até quem – e aí é preciso bater três vezes na madeira – já propague um sentimento de saudade de quando Silvio Félix (PDT), cassado em 2012, era o prefeito. O tom das conversas é de brincadeira, mas há um ditado popular que diz, que uma mentira repetida com certa frequência acaba se transformando em verdade. Por isso, é importante para Limeira que os detentores do poder, hoje, entrem em 2014 com nova postura. Para conseguir reverter uma situação quase que irreversível.
Breve retrospectiva
Para a administração pública e para o Município, o ano de 2013 não vai deixar saudade nenhuma. Infelizmente. Do ponto de vista político começou errado e está terminando errado. Nunca se viu um governo tão perdido como este. A começar pela nomeação de secretários municipais, até o exagerado troca-troca nas Secretarias Municipais, que roubam a estabilidade de qualquer administração. Muito político e pouco técnico.
Estabilidade...zero
O que mais desgastou – e está desgastando – a administração Hadich, é o perrengue político entre ele e o adversário derrotado nas urnas, Lusenrique Quintal (PSD), nos tribunais. O primeiro tenta se manter à frente do Executivo e, o segundo, quer o cargo a qualquer custo, mesmo após a derrota. O ressentimento pelo resultado das urnas é óbvio. O tapetão é o limite.
Pergunta rápida
Em 2014 o prefeito Paulo Hadich (PSB) vai conseguir recuperar 2013?
As ruas do jovens
O grande momento de 2013, porém, foi protagonizado pelos jovens que saíram às ruas a partir de junho para protestar. Com eles, outros segmentos da população também aderiram ao movimento, que acuou os políticos, assustando-os de tal maneira, que eles tiveram que recuar em várias ações. Pôs em dúvida a identidade partidária como um todo e mostrou que a força popular é imbatível. Foi uma semente plantada em solo fértil, que vai sendo regada aos poucos e não tarda a dar frutos, para desespero daqueles que desdenham dessa capacidade de aglutinação. A democracia foi posta à prova, mas não houve rupturas. Os ganhos foram maiores que as perdas. E que assim seja.
Nota curtíssima
A imprensa não é nefasta. Apenas reproduz a realidade que a alimenta no dia a dia.
Um ninho desfeito
A alta linhagem do tucanato paulista também ficou com suas plumagens desalinhadas, com a denúncia do cartel dos trilhos – Metrô e CPTM – que resultou num propinoduto envolvendo a cúpula do PSDB em vários governos. A ação chegou ao STF, que também julgou e mandou às prisões altos dirigentes e políticos, envolvidos na ação penal 470. Espera-se, agora, a mesma rigidez do Supremo no julgamento do esquema peessedebista, que fez o dinheiro do mensalão parecer trocado de pinga em bar.
Frase da semana
“Talvez tivesse 3 mil”. Do presidente da Câmara, vereador Ronei Martins (PT), sobre sua votação, se as eleições municipais fossem hoje. Em entrevista à jornalista Érica Samara da Silva. Na Gazeta. Sexta-feira, 27.
Não perdeu tempo
O movimento iniciado assim que chegou ao conhecimento público a decisão de Hadich, traz também um forte conteúdo político. É evidente que a oposição se aproveita dos escorregões da situação para contabilizar a favor. A permanência do sinal aberto da TV Cultura, porém, transcende a esse jogo. Vai além dessas picuinhas que desgastam agentes públicos. Está acima desses interesses partidários.
Há um outro lado
É preciso, entretanto, não confundir a opinião pública com argumentos políticos vazios. Ninguém é contra a chegada de um novo canal, seja ele qual for, como bem frisou o vereador Ronei em sua carta-aberta. Todos foram, sim, contra a retirada do ar do sinal da emissora pública paulista. Aqueles que estão por trás do empreendimento, em Limeira, deveriam também ter coragem para se manifestar.
Pior que o soneto
A polêmica, que começou há duas semanas, teve seu ápice na semana que passou, com a entrada do Ministério Público e do Judiciário no páreo. Não deu outra e nem poderia ter sido pior para o prefeito, a decisão da Justiça em acatar o pedido do MP, pela retomada do sinal da TV Cultura. Vai fechar o ano com mais uma ação negativa. Ele poderia ter evitado toda essa situação constrangedora com transparência.
Ninguém notou...
...mas estava no Jornal Oficial do Município a outorga para uso do Grupo Opinião de Araras do espaço de transmissão, no Morro Azul. O decreto, assinado pelo prefeito, foi publicado em 23 de novembro.
E como explicar?
Está cada vez mais difícil entender esse atabalhoamento da administração pública atual, que assumiu em janeiro deste ano, com compromisso de mudança de rumos à política limeirense. A desilusão é tamanha, que há até quem – e aí é preciso bater três vezes na madeira – já propague um sentimento de saudade de quando Silvio Félix (PDT), cassado em 2012, era o prefeito. O tom das conversas é de brincadeira, mas há um ditado popular que diz, que uma mentira repetida com certa frequência acaba se transformando em verdade. Por isso, é importante para Limeira que os detentores do poder, hoje, entrem em 2014 com nova postura. Para conseguir reverter uma situação quase que irreversível.
Breve retrospectiva
Para a administração pública e para o Município, o ano de 2013 não vai deixar saudade nenhuma. Infelizmente. Do ponto de vista político começou errado e está terminando errado. Nunca se viu um governo tão perdido como este. A começar pela nomeação de secretários municipais, até o exagerado troca-troca nas Secretarias Municipais, que roubam a estabilidade de qualquer administração. Muito político e pouco técnico.
Estabilidade...zero
O que mais desgastou – e está desgastando – a administração Hadich, é o perrengue político entre ele e o adversário derrotado nas urnas, Lusenrique Quintal (PSD), nos tribunais. O primeiro tenta se manter à frente do Executivo e, o segundo, quer o cargo a qualquer custo, mesmo após a derrota. O ressentimento pelo resultado das urnas é óbvio. O tapetão é o limite.
Pergunta rápida
Em 2014 o prefeito Paulo Hadich (PSB) vai conseguir recuperar 2013?
As ruas do jovens
O grande momento de 2013, porém, foi protagonizado pelos jovens que saíram às ruas a partir de junho para protestar. Com eles, outros segmentos da população também aderiram ao movimento, que acuou os políticos, assustando-os de tal maneira, que eles tiveram que recuar em várias ações. Pôs em dúvida a identidade partidária como um todo e mostrou que a força popular é imbatível. Foi uma semente plantada em solo fértil, que vai sendo regada aos poucos e não tarda a dar frutos, para desespero daqueles que desdenham dessa capacidade de aglutinação. A democracia foi posta à prova, mas não houve rupturas. Os ganhos foram maiores que as perdas. E que assim seja.
Nota curtíssima
A imprensa não é nefasta. Apenas reproduz a realidade que a alimenta no dia a dia.
Um ninho desfeito
A alta linhagem do tucanato paulista também ficou com suas plumagens desalinhadas, com a denúncia do cartel dos trilhos – Metrô e CPTM – que resultou num propinoduto envolvendo a cúpula do PSDB em vários governos. A ação chegou ao STF, que também julgou e mandou às prisões altos dirigentes e políticos, envolvidos na ação penal 470. Espera-se, agora, a mesma rigidez do Supremo no julgamento do esquema peessedebista, que fez o dinheiro do mensalão parecer trocado de pinga em bar.
Frase da semana
“Talvez tivesse 3 mil”. Do presidente da Câmara, vereador Ronei Martins (PT), sobre sua votação, se as eleições municipais fossem hoje. Em entrevista à jornalista Érica Samara da Silva. Na Gazeta. Sexta-feira, 27.
sexta-feira, 27 de dezembro de 2013
Do discurso à negação da realidade
O discurso político é fácil, fluente e caminha sempre na mesma direção independentemente da cor partidária ou viés ideológico. Todos seguem em uníssono e é agradável aos ouvidos do cidadão, do eleitor que está cansado de ser ludibriado, mas não perde a esperança em poder contar, em algum dia lá no futuro, com a autenticidade de suas palavras. Das letras escritas em roteiros, que representam a ética, a moral, o desenvolvimento e as necessidades da população, que invariavelmente acabam ficando à mercê de uma prática completamente contrária aos seus conteúdos.
E quem não pode fazer aquilo que prega, não pode nunca atirar a primeira pedra, com o perigo de ela ricochetear e voltar ao ponto de partida. Hoje temos dois discursos predominantes na política nacional. O do PT e o do PSDB. Muito parecidos, quase idênticos. Ambos se engalfinham em acusações mútuas, e nas defesas acaloradas de suas ideias, porém, longe da postura que deveriam ter no trato com a coisa pública. Enquanto na oposição, o PT sempre foi fiel a uma retórica recheada de compromissos com a transformação social e contra as velhas práticas fisiológicas, que caracterizavam os demais partidos. E ainda caracterizam. E como ninguém, o Partido dos Trabalhadores sabia fazer oposição.
Hoje, na situação, não só no governo federal, como em importantes cidades e estados brasileiros, o partido fundado por intelectuais da mais alta estirpe e por trabalhadores comprometidos com as causas de seus iguais, esqueceu-se de sua história e trajetória. Caiu na armadilha do fisiologismo – percebeu que não governaria se não deixasse seu purismo de lado – e agora está refém dessa transformação. Governar é preciso, sim. Abrir-se às práticas tão criticadas por seus idealizadores (muitos dos quais hoje fora da legenda) foi um insulto àqueles que comungavam de seus ideais. A política é a arte da negociação, mas não pode se render ao caminho fácil da negociata. É preciso quebrar as pedras.
E, na oposição, e com as mesmas falhas éticas dos demais, o PSDB vem, desde que perdeu o Planalto, atirando a primeira pedra, mesmo não isento de seus próprios pecados e com forte carga de apelo à integridade política – dos outros – o partido, tal qual o peixe, também morre pela boca. Assim que estourou o escândalo do propinoduto tucano, nos trilhos da CPTM e do Metrô, num primeiro momento houve uma negação e uma tentativa de politizar as investigações. Com o bonde – me desculpem o trocadilho – das investigações andando, o discurso começou a mudar de tom, dando lugar à falácia. “Vamos investigar a fundo e punir os culpados”, bradou o governador tucano Geraldo Alckmin, acompanhado por seu par e ainda pré-candidato à Presidência da República, o senador mineiro Aécio Neves, o que mais tem vociferado em suas aparições midiáticas. Tudo em vão.
Useiro e vezeiro em querer convocar ministros e afins, o PSDB mostra sua face. Igual a dos demais. A base de Alckmin na Assembleia paulista blinda o governo, barrando investigação mais profunda. Foi manchete da Folha de S. Paulo de ontem. A máscara tucana perdeu o bico e expôs a garra afiada de uma ave de rapina. Se o hábito faz o monge, ambos, PT e PSDB, estão com suas vestes sujas e rasgadas. Um bom Natal a todos.
E quem não pode fazer aquilo que prega, não pode nunca atirar a primeira pedra, com o perigo de ela ricochetear e voltar ao ponto de partida. Hoje temos dois discursos predominantes na política nacional. O do PT e o do PSDB. Muito parecidos, quase idênticos. Ambos se engalfinham em acusações mútuas, e nas defesas acaloradas de suas ideias, porém, longe da postura que deveriam ter no trato com a coisa pública. Enquanto na oposição, o PT sempre foi fiel a uma retórica recheada de compromissos com a transformação social e contra as velhas práticas fisiológicas, que caracterizavam os demais partidos. E ainda caracterizam. E como ninguém, o Partido dos Trabalhadores sabia fazer oposição.
Hoje, na situação, não só no governo federal, como em importantes cidades e estados brasileiros, o partido fundado por intelectuais da mais alta estirpe e por trabalhadores comprometidos com as causas de seus iguais, esqueceu-se de sua história e trajetória. Caiu na armadilha do fisiologismo – percebeu que não governaria se não deixasse seu purismo de lado – e agora está refém dessa transformação. Governar é preciso, sim. Abrir-se às práticas tão criticadas por seus idealizadores (muitos dos quais hoje fora da legenda) foi um insulto àqueles que comungavam de seus ideais. A política é a arte da negociação, mas não pode se render ao caminho fácil da negociata. É preciso quebrar as pedras.
E, na oposição, e com as mesmas falhas éticas dos demais, o PSDB vem, desde que perdeu o Planalto, atirando a primeira pedra, mesmo não isento de seus próprios pecados e com forte carga de apelo à integridade política – dos outros – o partido, tal qual o peixe, também morre pela boca. Assim que estourou o escândalo do propinoduto tucano, nos trilhos da CPTM e do Metrô, num primeiro momento houve uma negação e uma tentativa de politizar as investigações. Com o bonde – me desculpem o trocadilho – das investigações andando, o discurso começou a mudar de tom, dando lugar à falácia. “Vamos investigar a fundo e punir os culpados”, bradou o governador tucano Geraldo Alckmin, acompanhado por seu par e ainda pré-candidato à Presidência da República, o senador mineiro Aécio Neves, o que mais tem vociferado em suas aparições midiáticas. Tudo em vão.
Useiro e vezeiro em querer convocar ministros e afins, o PSDB mostra sua face. Igual a dos demais. A base de Alckmin na Assembleia paulista blinda o governo, barrando investigação mais profunda. Foi manchete da Folha de S. Paulo de ontem. A máscara tucana perdeu o bico e expôs a garra afiada de uma ave de rapina. Se o hábito faz o monge, ambos, PT e PSDB, estão com suas vestes sujas e rasgadas. Um bom Natal a todos.
domingo, 22 de dezembro de 2013
Vandalismo. Crime. E burrices políticas
A semana que passou, se me permitem os leitores, pode ter registrado uma das imagens mais chocantes do ano. E talvez das últimas décadas para o limeirense que, com certeza, não vai esquecê-la tão cedo: o moinho alemão em chamas, na noite da segunda-feira. Labaredas visíveis em diversos bairros e das estradas que cortam o Município, tal qual uma imensa fogueira de São João. No meio do nada. Justamente onde foi erguido esse monumento público - em terras particulares - e que já vinha sendo alvo de depredações. Avisos de uma tragédia anunciada. O que menos importa, aqui, é o custo do projeto, quem o fez e quem a inaugurou. O seu valor financeiro, agora, equivale a um punhado de cinzas e madeira retorcida, transformado em carvão. Importa, sim, o abandono à sua própria sorte, como se não fosse mais responsabilidade do próprio poder público. Se começou errado, desde a sua concepção e localização, poderia ter sido corrigido com um pouco mais de vontade política. Longe de ser prioridade, mas não se esquecer de seu valor, enquanto patrimônio público. A imagem do dia seguinte não foi menos chocante.
De tudo, um pouco
Foi, sem dúvida, o assunto da última semana, e de todas as formas destrinchado por críticos, analistas, autoridades, técnicos e políticos, que não perderam a oportunidade de expor suas opiniões. E como escrevi na última quinta-feira, nesta coluna, todos com alto grau de acerto. Que foi vandalismo, ninguém tem dúvida. Crime, muito menos ainda e, principalmente, abandono, a receita das chamas.
E nós já sabíamos
O triste dessa história toda, e tais quais aqueles cartazes que torcidas se provocam dentro de estádios, onde se lê “eu já sabia”, parece que também – consciente ou inconscientemente – o pior era esperado. As primeiras depredações, a ausência de segurança ou preocupação com alguma providência prática, indicavam o perigoso caminho da destruição, que foi sendo aberto pelo descaso e pavimentado pelo abandono.
Ainda vai adiante
Daqui para frente, tudo o que se escrever sobre a tragédia é bastante provável que também seja acertado. Vamos excluir, por questões político-partidárias, apenas o que foi escrito de forma jocosa e com alto grau de perversidade. Que transcendeu à realidade por mera vaidade e ressentimento de um ou de outro. Ou por puro desconhecimento mesmo, que é o que mais se tem ouvido e lido e muitos embates.
Seria bom errar...
Não quero ser pessimista. Mas temo pelo desfecho na busca aos criminosos. E, junto com os casos Odair Zambom e Marquinhos Camargo, pode ser mais um a entrar para o rol dos crimes insolúveis. Veremos.
Tema recorrente
No mês de março, mais precisamente no dia 12, após testemunhar algumas obras esquecidas, alertei para “O desperdício da não continuidade’ (http://colunatextoecontexto.blogspot.com.br/2013/03/o-desperdicio-da-nao-continuidade.html). Três meses apenas de governo, mas era preciso, naquele momento, fazer o alerta. Em outras oportunidades, também recorri a isso. Entendo que o verdadeiro administrador público é aquele que faz um levantamento do que vai pelo município, antes de anunciar sua própria marca. Não aconteceu. E agora ardeu, literalmente, em chamas. O que mais falar?
Semana e esquecer
Desta vez não foi monumento ou parque. Desta vez foi uma escola estadual e livros. A sanha incendiária chegou forte a Limeira nesta última semana. E com recados explícitos pintados em muros pelos vândalos. Mais que identificar e punir os culpados, é preciso ir à causa desses crimes. Não dá para apostar em nenhuma hipótese. Recuso-me a pensar em ação política¸ embora também não deva ser descartada. Os próximos dias serão cruciais.
Nenhuma saudade
O ano de 2013 está indo embora. Política e administrativamente um ano para ser esquecido. Principalmente pelo poder público, que se comprometeu por ações desastradas ou então ausência total. O balanço, infelizmente, é negativo. Para muitos, quanto pior melhor. Interesse apenas político. A população, entretanto, merece respeito. E o Município também.
Pergunta rápida
Alguém pode me explicar o que está acontecendo em Limeira?
Chave enferrujada
A semana política não poderia fechar de outra forma e no tom fosco da ferrugem. Com a prefeitura anunciando a retirada do sinal do canal 26 de TV aberta, da TV Cultura-SP, para repassá-la ao Grupo Opinião, da cidade de Araras. O Município priva, desta forma, quem não tem condições de ter tv por assinatura, de uma emissora de conteúdo educativo e cultural. E com vasta programação infantil. E abre espaço a um canal direto para se fazer marketing político. Ou alguém duvida disso? Vale lembrar que o prefeito ararense é Nelson Brambilla (PT). Qualquer semelhança entre lá e cá não terá sido mera coincidência.
Nota curtíssima
Limeira será conhecida no futuro como uma acolhedora cidade de ex-prefeitos.
Reparo histórico
Depois de anular oficialmente a sessão de 2 de abril de 1964, quando o então presidente do Congresso, Auro de Moura Andrade, declarou vaga a Presidência da República, abrindo espaço para o golpe militar, na última quarta-feira, de forma simbólica, o Congresso também devolveu o mandato do então presidente João Goulart, o Jango. Faz-se justiça e encerra-se o mito da “revolução”, devolvendo-lhe o único status cabível: um criminoso golpe de estado.
Frase da semana
“Foi como perder uma pessoa amada”. Do prefeito cassado, Silvio Félix (PDT), sobre o incêndio no moinho alemão, projetado e iniciado em sua segunda gestão. Quarta-feira, 18. Na Gazeta de Limeira.
De tudo, um pouco
Foi, sem dúvida, o assunto da última semana, e de todas as formas destrinchado por críticos, analistas, autoridades, técnicos e políticos, que não perderam a oportunidade de expor suas opiniões. E como escrevi na última quinta-feira, nesta coluna, todos com alto grau de acerto. Que foi vandalismo, ninguém tem dúvida. Crime, muito menos ainda e, principalmente, abandono, a receita das chamas.
E nós já sabíamos
O triste dessa história toda, e tais quais aqueles cartazes que torcidas se provocam dentro de estádios, onde se lê “eu já sabia”, parece que também – consciente ou inconscientemente – o pior era esperado. As primeiras depredações, a ausência de segurança ou preocupação com alguma providência prática, indicavam o perigoso caminho da destruição, que foi sendo aberto pelo descaso e pavimentado pelo abandono.
Ainda vai adiante
Daqui para frente, tudo o que se escrever sobre a tragédia é bastante provável que também seja acertado. Vamos excluir, por questões político-partidárias, apenas o que foi escrito de forma jocosa e com alto grau de perversidade. Que transcendeu à realidade por mera vaidade e ressentimento de um ou de outro. Ou por puro desconhecimento mesmo, que é o que mais se tem ouvido e lido e muitos embates.
Seria bom errar...
Não quero ser pessimista. Mas temo pelo desfecho na busca aos criminosos. E, junto com os casos Odair Zambom e Marquinhos Camargo, pode ser mais um a entrar para o rol dos crimes insolúveis. Veremos.
Tema recorrente
No mês de março, mais precisamente no dia 12, após testemunhar algumas obras esquecidas, alertei para “O desperdício da não continuidade’ (http://colunatextoecontexto.blogspot.com.br/2013/03/o-desperdicio-da-nao-continuidade.html). Três meses apenas de governo, mas era preciso, naquele momento, fazer o alerta. Em outras oportunidades, também recorri a isso. Entendo que o verdadeiro administrador público é aquele que faz um levantamento do que vai pelo município, antes de anunciar sua própria marca. Não aconteceu. E agora ardeu, literalmente, em chamas. O que mais falar?
Semana e esquecer
Desta vez não foi monumento ou parque. Desta vez foi uma escola estadual e livros. A sanha incendiária chegou forte a Limeira nesta última semana. E com recados explícitos pintados em muros pelos vândalos. Mais que identificar e punir os culpados, é preciso ir à causa desses crimes. Não dá para apostar em nenhuma hipótese. Recuso-me a pensar em ação política¸ embora também não deva ser descartada. Os próximos dias serão cruciais.
Nenhuma saudade
O ano de 2013 está indo embora. Política e administrativamente um ano para ser esquecido. Principalmente pelo poder público, que se comprometeu por ações desastradas ou então ausência total. O balanço, infelizmente, é negativo. Para muitos, quanto pior melhor. Interesse apenas político. A população, entretanto, merece respeito. E o Município também.
Pergunta rápida
Alguém pode me explicar o que está acontecendo em Limeira?
Chave enferrujada
A semana política não poderia fechar de outra forma e no tom fosco da ferrugem. Com a prefeitura anunciando a retirada do sinal do canal 26 de TV aberta, da TV Cultura-SP, para repassá-la ao Grupo Opinião, da cidade de Araras. O Município priva, desta forma, quem não tem condições de ter tv por assinatura, de uma emissora de conteúdo educativo e cultural. E com vasta programação infantil. E abre espaço a um canal direto para se fazer marketing político. Ou alguém duvida disso? Vale lembrar que o prefeito ararense é Nelson Brambilla (PT). Qualquer semelhança entre lá e cá não terá sido mera coincidência.
Nota curtíssima
Limeira será conhecida no futuro como uma acolhedora cidade de ex-prefeitos.
Reparo histórico
Depois de anular oficialmente a sessão de 2 de abril de 1964, quando o então presidente do Congresso, Auro de Moura Andrade, declarou vaga a Presidência da República, abrindo espaço para o golpe militar, na última quarta-feira, de forma simbólica, o Congresso também devolveu o mandato do então presidente João Goulart, o Jango. Faz-se justiça e encerra-se o mito da “revolução”, devolvendo-lhe o único status cabível: um criminoso golpe de estado.
Frase da semana
“Foi como perder uma pessoa amada”. Do prefeito cassado, Silvio Félix (PDT), sobre o incêndio no moinho alemão, projetado e iniciado em sua segunda gestão. Quarta-feira, 18. Na Gazeta de Limeira.
quinta-feira, 19 de dezembro de 2013
Todas corretas!
Em provas de múltipla escolha sempre tem a última opção: nenhuma das anteriores. Na questão do incêndio do moinho alemão “Ora Et Labora”, todas as avaliações estão certas: ato criminoso, vandalismo, abandono e falta de continuidade de obras iniciadas. Desta vez ninguém errou.
Domingo cheio
Por ora, paro por aqui. Na coluna Texto&Contexto de domingo tentarei analisar esse mistério...
Sem reverberar
O alvoroço em torno da árvore de Natal da Praça Toledo Barros não fez eco. Cansados, todos pararam de gritar. Como acontece sempre, quando as intenções ocultas não vão além dos discursos depreciativos. Já era de se esperar. O barulho acabou.
Tudo do mesmo
A censura proposta aos vereadores Júlio Cesar Pereira dos Santos (DEM) e José Roberto Bernardo (PSD), pelo também vereador e corregedor da Câmara, José Eduardo Monteiro Júnior (PSB), lembra bastante o início da carreira política do hoje presidente da Casa, Ronei Martins (PT), por ocasião do início das investigações sobre a merenda escolar. A caça de ontem é o caçador de hoje. Nada que uma inversão de papéis não resolva.
Romeu e Julieta
Deu na coluna Painel, da jornalista Vera Magalhães, na Folha, ontem. A trupe do senador tucano Aécio Neves está procurando Duda Mendonça para a campanha presidencial de 2014. O mesmo que criou o vencedor “Lulinha paz e amor”. Fico imaginando como seria o novo personagem de Duda: “Aécio bom de guerra” ou “Aecinho doce de leite”...
Conto de fadas
Ainda sobre 2014, só vou acreditar que José Serra, o eterno candidato à Presidência da República, baixou a guarda, quando a campanha começar. De ilusão também se vive.
A última de hoje
Publicitário vai dirigir a Secretaria de Comunicações da Prefeitura. Luiz Eduardo Mesquita assume no lugar do jornalista Marcos Paulino, que deixa o cargo. É a sexta mudança desde o início do governo Hadich.
Em provas de múltipla escolha sempre tem a última opção: nenhuma das anteriores. Na questão do incêndio do moinho alemão “Ora Et Labora”, todas as avaliações estão certas: ato criminoso, vandalismo, abandono e falta de continuidade de obras iniciadas. Desta vez ninguém errou.
Domingo cheio
Por ora, paro por aqui. Na coluna Texto&Contexto de domingo tentarei analisar esse mistério...
Sem reverberar
O alvoroço em torno da árvore de Natal da Praça Toledo Barros não fez eco. Cansados, todos pararam de gritar. Como acontece sempre, quando as intenções ocultas não vão além dos discursos depreciativos. Já era de se esperar. O barulho acabou.
Tudo do mesmo
A censura proposta aos vereadores Júlio Cesar Pereira dos Santos (DEM) e José Roberto Bernardo (PSD), pelo também vereador e corregedor da Câmara, José Eduardo Monteiro Júnior (PSB), lembra bastante o início da carreira política do hoje presidente da Casa, Ronei Martins (PT), por ocasião do início das investigações sobre a merenda escolar. A caça de ontem é o caçador de hoje. Nada que uma inversão de papéis não resolva.
Romeu e Julieta
Deu na coluna Painel, da jornalista Vera Magalhães, na Folha, ontem. A trupe do senador tucano Aécio Neves está procurando Duda Mendonça para a campanha presidencial de 2014. O mesmo que criou o vencedor “Lulinha paz e amor”. Fico imaginando como seria o novo personagem de Duda: “Aécio bom de guerra” ou “Aecinho doce de leite”...
Conto de fadas
Ainda sobre 2014, só vou acreditar que José Serra, o eterno candidato à Presidência da República, baixou a guarda, quando a campanha começar. De ilusão também se vive.
A última de hoje
Publicitário vai dirigir a Secretaria de Comunicações da Prefeitura. Luiz Eduardo Mesquita assume no lugar do jornalista Marcos Paulino, que deixa o cargo. É a sexta mudança desde o início do governo Hadich.
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
O limite é a lei. E vale para todos
As redes sociais – e já me cansei de comentar isso – se transformaram em bastião da liberdade de expressão, ao garantir acesso irrestrito à informação e, principalmente ao compartilhamento de opiniões, que a mídia convencional não comporta ou então não tem o devido espaço para repercuti-las de forma adequada. Uma tendência que cresce à medida em que o acesso às novas mídias vai se popularizando através do uso do computador, de tablets, iPads e iPhones, entre outras plataformas de comunicação.
Com a demanda em alta e a politização do Facebook e Twitter, para citar as redes mais populares, o debate – principalmente o político – ganhou novos contornos junto à sociedade, que, insatisfeita, busca cada vez mais uma participação plural na construção de seu próprio destino, deixando a zona de conforto de um simples receptor para se tornar um emissor também. A cada dia que passa e na velocidade desse desenvolvimento tecnológico, mais e mais formadores de opinião caem nas redes, desencadeando um interessante processo na atividade comunicacional. A passividade está sendo deixada de lado, e não se espera mais para receber essa ou aquela informação. Produz-se essa informação a partir do primeiro toque nas teclas ou nas telas dos dispositivos móveis, cada vez mais utilizados nesse processo.
São as novas tecnologias a oferecer, sem restrições, o direito ao livre expressar do pensamento, fundamental e preceito constitucional, que garante a cada um o próprio espaço a uma participação mais efetiva no sonho de um futuro melhor. Essa não é uma teorização, ou um tratado, sobre direitos e garantias individuais. É uma constatação, medida pelo envolvimento de mais e mais pessoas nessas ações. E uma troca que se duplica, triplica, quadruplica e assim por diante, a cada clique de compartilhamento. E o excesso, inevitável, vem como valor agregado e perigoso e, dependendo de como é feito, incorre-se no risco de essa informação se transformar em ofensa pessoal – ou institucional – e desencadear uma ação penal, passível de punição pelas leis vigentes. Não só contra o autor dessas postagens, como também com quem as compartilhar.
Como no Brasil ainda não há uma legislação própria para punir os crimes na internet (e que são muitos), assim como qualquer outro formador de opinião, o cidadão comum, o usuário, pode ficar na mira do Código Penal, que é o que se tem hoje para coibir abusos, que estão chegando aos tribunais. E se há um exemplo bastante recente, e local, é a condenação de uma mulher, por ofensas e xingamentos a uma pessoa, disseminados pelo Facebook. O que se deve evitar, nesse sentido, é o calor da emoção – muitas vezes do ódio mesmo – sobrepor-se à razão. E o quão públicas são essas redes sociais. Casos anteriores, de injúria e difamação, também resultaram em condenação dos réus.
Muitos, infelizmente, por opção pessoal ou divergências políticas, esquecem-se de que o verdadeiro debate se dá no âmbito das ideias. Não de agressões verbais ou tentativas de enganar a opinião pública com discursos moralizantes e ética extremada, quando na realidade essas palavras não fazem parte do dicionário de seus signatários. Não se deve, sob qualquer argumento, confundir liberdade de expressão com irresponsabilidade.
Com a demanda em alta e a politização do Facebook e Twitter, para citar as redes mais populares, o debate – principalmente o político – ganhou novos contornos junto à sociedade, que, insatisfeita, busca cada vez mais uma participação plural na construção de seu próprio destino, deixando a zona de conforto de um simples receptor para se tornar um emissor também. A cada dia que passa e na velocidade desse desenvolvimento tecnológico, mais e mais formadores de opinião caem nas redes, desencadeando um interessante processo na atividade comunicacional. A passividade está sendo deixada de lado, e não se espera mais para receber essa ou aquela informação. Produz-se essa informação a partir do primeiro toque nas teclas ou nas telas dos dispositivos móveis, cada vez mais utilizados nesse processo.
São as novas tecnologias a oferecer, sem restrições, o direito ao livre expressar do pensamento, fundamental e preceito constitucional, que garante a cada um o próprio espaço a uma participação mais efetiva no sonho de um futuro melhor. Essa não é uma teorização, ou um tratado, sobre direitos e garantias individuais. É uma constatação, medida pelo envolvimento de mais e mais pessoas nessas ações. E uma troca que se duplica, triplica, quadruplica e assim por diante, a cada clique de compartilhamento. E o excesso, inevitável, vem como valor agregado e perigoso e, dependendo de como é feito, incorre-se no risco de essa informação se transformar em ofensa pessoal – ou institucional – e desencadear uma ação penal, passível de punição pelas leis vigentes. Não só contra o autor dessas postagens, como também com quem as compartilhar.
Como no Brasil ainda não há uma legislação própria para punir os crimes na internet (e que são muitos), assim como qualquer outro formador de opinião, o cidadão comum, o usuário, pode ficar na mira do Código Penal, que é o que se tem hoje para coibir abusos, que estão chegando aos tribunais. E se há um exemplo bastante recente, e local, é a condenação de uma mulher, por ofensas e xingamentos a uma pessoa, disseminados pelo Facebook. O que se deve evitar, nesse sentido, é o calor da emoção – muitas vezes do ódio mesmo – sobrepor-se à razão. E o quão públicas são essas redes sociais. Casos anteriores, de injúria e difamação, também resultaram em condenação dos réus.
Muitos, infelizmente, por opção pessoal ou divergências políticas, esquecem-se de que o verdadeiro debate se dá no âmbito das ideias. Não de agressões verbais ou tentativas de enganar a opinião pública com discursos moralizantes e ética extremada, quando na realidade essas palavras não fazem parte do dicionário de seus signatários. Não se deve, sob qualquer argumento, confundir liberdade de expressão com irresponsabilidade.
domingo, 15 de dezembro de 2013
Liberdade de expressão, sim. Patrulha não...
Às vezes fica difícil para o colunista discernir entre os aspectos mais importantes daquilo que vai comentar. Principalmente porque as redes sociais, Facebook e Twitter entre as mais utilizadas, estão cada vez mais presentes na vida das pessoas, possibilitando que muitos se tornem formadores de opinião, o que retira, de certa maneira, essa primazia da mídia convencional (emissoras de TV, rádio, jornais, revistas...), seja ela de grande, pequeno ou médio porte. Essas redes, que são sucesso planetário, estão dando vez e voz a muitos que dificilmente teriam a devida atenção em outros meios de comunicação e, de certa forma, garantem uma tribuna, cada vez mais cobiçada, além daqueles que querem emitir sua própria opinião, por políticos e partidos, que montam o próprio staff somente para esse tipo de ferramenta comunicacional. É preciso, entretanto, que essa onda não traga de volta a tão perigosa “patrulha ideológica”, pela qual pessoas ou grupos tentam impor sua linha de pensamento, sem respeitar o direito de o outro expressar sua opinião. Julgam-se acima de todas as sabedorias, para desacreditar ou inibir o contraponto.
Uma figura antiga
Para quem não se lembra, o termo “patrulha ideológica” foi utilizado – alguns garantem que ele foi o criador da expressão – pelo cineasta Kaká Diegues, em meados da década de 1970, quando dois de seus filmes – “Xica da Silva” e “Chuvas de Verão” – não alinhados politicamente ao momento conturbado pelo qual o país passava, foram mal recebidos pela crítica, que “pedia” uma cultura mais engajada.
Tema controverso
Para Diegues, essa patrulha era formada por militantes de esquerda, na imprensa e ligados ao clandestino Partido Comunista, que, segundo ele, queria impor um pensamento único cultural, voltado apenas às lutas propostas pela esquerda. Era óbvio que todo formador de opinião tinha papel fundamental na luta contra a ditadura e a censura, mas essa imposição também era uma forma de censurar o outro lado.
De volta ao futuro
Resolvi fazer este comentário justamente porque as redes sociais, que citei no início deste texto, estão promovendo o retorno desse patrulhamento. Com uma diferença de lado. Hoje os patrulheiros são ligados à direita – uma direita light, com vontade de ser esquerda – e da mesma forma como aconteceu no passado, não aceitam debater, senão apenas suas opiniões. Qualquer opinião contrária não vale.
Sem as patrulhas
Nunca gostei desse termo “patrulha”, pois a liberdade de expressão do pensamento é um direito constitucional. E o direito à discordância é fundamental para que o debate seja ainda mais proveitoso.
Polêmica do Natal
Na coluna de quinta-feira tratei do assunto, para mostrar como há desvios propositais de foco quando surge uma polêmica que envolve simpatizantes e antipatizantes a um determinado status. Estou falando do grande problema econômico, social e urbano, que se abateu sobre Limeira na semana que passou. Uma árvore de Natal. Desculpem-me pela ironia, a mesma que usei na quinta-feira, mas ainda há muita repercussão sobre a estética do ornamento natalino. Todos os graves problemas do Município foram esquecidos. Triste.
E não está nem aí
Como aquele deputado da frase “a opinião pública que se lixe”, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) faz o mesmo com Limeira. Que se lixem os interesses do Município. E a última prova disso foi a publicação do extrato do contrato para construção do novo presídio para Limeira. Será mesmo um CPP, que vai contra as necessidades e interesses técnicos da própria polícia e do Judiciário. O tucano, definitivamente, não respeita Limeira.
Estereótipo ético
O procurador da República Rodrigo de Grandis, o que engavetou dois pedidos de cooperação da Justiça no caso Alston (propinoduto dos trilhos tucano) reassumiu o inquérito, mesmo investigado por duas corregedorias. Seis suspeitos terão crimes prescritos em abril. A cobrança moral tucana serve para os outros. O resto é conversa de boteco.
Pergunta rápida
Qual será o próximo secretário municipal da administração Hadich a cair?
Situação caótica
Que me desculpem motociclistas e motoqueiros que respeitam as regras mais básicas do trânsito. Infelizmente vocês são uma minoria. E “grande” minoria mesmo. Pedestres desrespeitam a faixa exclusiva, motoristas invadem áreas de estacionamento especial, mas as motocicletas e seus pilotos estão batendo todos os recordes de falta de educação. E os que fazem disque-entrega dobram esses índices. Sinal vermelho, sinal de pedestre aberto e o avanço sobre os carros em cruzamento não são limite para eles. Tudo isso é um alerta para a necessidade de uma fiscalização mais rigorosa. Um endurecimento, a favor da vida.
Nota curtíssima
José Serra está pronto. Prontíssimo para tirar o doce da boca de Aécio Neves.
Hora do acerto
Na sexta-feira, 13, o AI-5 completou 45 anos. Em 2014, o golpe militar chega aos 50. Há duas lições, ainda, a serem tiradas desses dois tristes episódios, que fazem parte da história brasileira. Não repeti-los é a principal delas. A segunda é esclarece-los, às últimas consequências. Os trabalhos da Comissão da Verdade têm tudo para fazer isso. Só precisa de um pouco mais de coragem, e abrir toda a documentação da época ainda existente. Sem temer a farda e o coturno.
Frase da semana
"Nós não temos preocupação eleitoral. Temos preocupação é com a verdade. Esse é nosso compromisso”. Do governador Geraldo Alckmin (PSDB), sobre as investigações do propinoduto tucano. Quinta-feira, 12. Na EXAME.com
Uma figura antiga
Para quem não se lembra, o termo “patrulha ideológica” foi utilizado – alguns garantem que ele foi o criador da expressão – pelo cineasta Kaká Diegues, em meados da década de 1970, quando dois de seus filmes – “Xica da Silva” e “Chuvas de Verão” – não alinhados politicamente ao momento conturbado pelo qual o país passava, foram mal recebidos pela crítica, que “pedia” uma cultura mais engajada.
Tema controverso
Para Diegues, essa patrulha era formada por militantes de esquerda, na imprensa e ligados ao clandestino Partido Comunista, que, segundo ele, queria impor um pensamento único cultural, voltado apenas às lutas propostas pela esquerda. Era óbvio que todo formador de opinião tinha papel fundamental na luta contra a ditadura e a censura, mas essa imposição também era uma forma de censurar o outro lado.
De volta ao futuro
Resolvi fazer este comentário justamente porque as redes sociais, que citei no início deste texto, estão promovendo o retorno desse patrulhamento. Com uma diferença de lado. Hoje os patrulheiros são ligados à direita – uma direita light, com vontade de ser esquerda – e da mesma forma como aconteceu no passado, não aceitam debater, senão apenas suas opiniões. Qualquer opinião contrária não vale.
Sem as patrulhas
Nunca gostei desse termo “patrulha”, pois a liberdade de expressão do pensamento é um direito constitucional. E o direito à discordância é fundamental para que o debate seja ainda mais proveitoso.
Polêmica do Natal
Na coluna de quinta-feira tratei do assunto, para mostrar como há desvios propositais de foco quando surge uma polêmica que envolve simpatizantes e antipatizantes a um determinado status. Estou falando do grande problema econômico, social e urbano, que se abateu sobre Limeira na semana que passou. Uma árvore de Natal. Desculpem-me pela ironia, a mesma que usei na quinta-feira, mas ainda há muita repercussão sobre a estética do ornamento natalino. Todos os graves problemas do Município foram esquecidos. Triste.
E não está nem aí
Como aquele deputado da frase “a opinião pública que se lixe”, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) faz o mesmo com Limeira. Que se lixem os interesses do Município. E a última prova disso foi a publicação do extrato do contrato para construção do novo presídio para Limeira. Será mesmo um CPP, que vai contra as necessidades e interesses técnicos da própria polícia e do Judiciário. O tucano, definitivamente, não respeita Limeira.
Estereótipo ético
O procurador da República Rodrigo de Grandis, o que engavetou dois pedidos de cooperação da Justiça no caso Alston (propinoduto dos trilhos tucano) reassumiu o inquérito, mesmo investigado por duas corregedorias. Seis suspeitos terão crimes prescritos em abril. A cobrança moral tucana serve para os outros. O resto é conversa de boteco.
Pergunta rápida
Qual será o próximo secretário municipal da administração Hadich a cair?
Situação caótica
Que me desculpem motociclistas e motoqueiros que respeitam as regras mais básicas do trânsito. Infelizmente vocês são uma minoria. E “grande” minoria mesmo. Pedestres desrespeitam a faixa exclusiva, motoristas invadem áreas de estacionamento especial, mas as motocicletas e seus pilotos estão batendo todos os recordes de falta de educação. E os que fazem disque-entrega dobram esses índices. Sinal vermelho, sinal de pedestre aberto e o avanço sobre os carros em cruzamento não são limite para eles. Tudo isso é um alerta para a necessidade de uma fiscalização mais rigorosa. Um endurecimento, a favor da vida.
Nota curtíssima
José Serra está pronto. Prontíssimo para tirar o doce da boca de Aécio Neves.
Hora do acerto
Na sexta-feira, 13, o AI-5 completou 45 anos. Em 2014, o golpe militar chega aos 50. Há duas lições, ainda, a serem tiradas desses dois tristes episódios, que fazem parte da história brasileira. Não repeti-los é a principal delas. A segunda é esclarece-los, às últimas consequências. Os trabalhos da Comissão da Verdade têm tudo para fazer isso. Só precisa de um pouco mais de coragem, e abrir toda a documentação da época ainda existente. Sem temer a farda e o coturno.
Frase da semana
"Nós não temos preocupação eleitoral. Temos preocupação é com a verdade. Esse é nosso compromisso”. Do governador Geraldo Alckmin (PSDB), sobre as investigações do propinoduto tucano. Quinta-feira, 12. Na EXAME.com
quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
O inferno astral
Se a administração Paulo Hadich (PSB) não vive de seus momentos mais favoráveis, a Câmara Municipal também passa por turbulências. Depois dos embates das CPIs, na sessão da última segunda-feira, a sede do Legislativo sofreu um apagão elétrico. Ficou literalmente no escuro. Sessão será retomada hoje.
Dedo na tomada
Pelo menos nenhum vereador levou choque elétrico. O motivo do apagão, que durou mais de 12 horas, foi um curto-circuito que derrubou o sistema de energia. Alguns mais exaltados disseram que foi sobrecarga no forno elétrico da pizzaria...
Falta de assunto
É muito triste, para não dizer frustrante, ver uma cidade com tantos problemas a serem resolvidos, criar uma polêmica inútil por causa de uma árvore de Natal (que de fato é um símbolo do mau gosto). Uma situação que mascara as reais deficiências do Município.
Na maré mansa
Personagem central nas redes sociais, a árvore - que está sendo chamada de guarda-chuva (entre outros adjetivos), envolve até discussões políticas, que a oposição ao prefeito tenta capitalizar. Com uma oposição dessas, aliás, a situação agradece. E, sinceramente, não há com que se preocupar mesmo.
Vai capengando
Assim como a atual administração caminha sem sair do lugar, na tentativa de engatar uma agenda positiva - e já tem alguma, sim - falta, à oposição, um projeto político para uma verdadeira postura de oposição. Ficar apenas votando não aos projetos do governo municipal é tiro na água, já que a maioria na Câmara é governista. E com tranquilidade para fazer inveja a qualquer um.
Davi... e Golias
A única exceção é o vereador José Roberto Bernardo, o Zé da Mix (PSD), que tem mostrado vontade e feito denúncias importantes. Ele, entretanto, é um só. Não há mais o que fazer, a não ser o que está fazendo. Os vereadores governistas vão continuar atropelando. Aqui o gigante vence...
A última de hoje
Limeira pode ter uma secretária da saúde itinerante...
Se a administração Paulo Hadich (PSB) não vive de seus momentos mais favoráveis, a Câmara Municipal também passa por turbulências. Depois dos embates das CPIs, na sessão da última segunda-feira, a sede do Legislativo sofreu um apagão elétrico. Ficou literalmente no escuro. Sessão será retomada hoje.
Dedo na tomada
Pelo menos nenhum vereador levou choque elétrico. O motivo do apagão, que durou mais de 12 horas, foi um curto-circuito que derrubou o sistema de energia. Alguns mais exaltados disseram que foi sobrecarga no forno elétrico da pizzaria...
Falta de assunto
É muito triste, para não dizer frustrante, ver uma cidade com tantos problemas a serem resolvidos, criar uma polêmica inútil por causa de uma árvore de Natal (que de fato é um símbolo do mau gosto). Uma situação que mascara as reais deficiências do Município.
Na maré mansa
Personagem central nas redes sociais, a árvore - que está sendo chamada de guarda-chuva (entre outros adjetivos), envolve até discussões políticas, que a oposição ao prefeito tenta capitalizar. Com uma oposição dessas, aliás, a situação agradece. E, sinceramente, não há com que se preocupar mesmo.
Vai capengando
Assim como a atual administração caminha sem sair do lugar, na tentativa de engatar uma agenda positiva - e já tem alguma, sim - falta, à oposição, um projeto político para uma verdadeira postura de oposição. Ficar apenas votando não aos projetos do governo municipal é tiro na água, já que a maioria na Câmara é governista. E com tranquilidade para fazer inveja a qualquer um.
Davi... e Golias
A única exceção é o vereador José Roberto Bernardo, o Zé da Mix (PSD), que tem mostrado vontade e feito denúncias importantes. Ele, entretanto, é um só. Não há mais o que fazer, a não ser o que está fazendo. Os vereadores governistas vão continuar atropelando. Aqui o gigante vence...
A última de hoje
Limeira pode ter uma secretária da saúde itinerante...
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
Sem tiros ou baionetas. Apenas papel e caneta
“A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.” Esta foi, na semana passada, uma das frases mais compartilhadas nas redes sociais (e pela mídia, de uma maneira geral), após a morte de seu autor, o ex-presidente sul-africano e Prêmio Nobel da Paz, Nelson Mandela, na quinta-feira. Não só pelo seu significado, mas pela força que tem – ou deveria ter - na realidade de todos os povos, é quase uma verdade incontestável. O quase, neste sentido, é uma figura de linguagem de uso muito particular, ao se levar em conta que a verdade absoluta está além da compreensão do ser humano. Sempre vai ficar faltando uma vírgula na sua interpretação.
Não deixa, entretanto, de ser uma expressão viva, real, daquilo que todos deveriam ter escrito, em letras douradas e permanentes, em suas consciências. Se assim não é, é por que ainda há alguma interferência, um ruído – como costuma-se dizer na comunicação – que embaça a sua clareza. Às vezes, uma névoa espessa e proposital, que inibe sua compreensão, pois a partir do momento em que o homem entende o que de fato a educação representa como ferramenta para a transformação da sua vida, ele estará dando um basta à ilusão patrocinada por aqueles que fizeram, um dia, o juramento de governar e legislar pelas causas nobres e pelo bem comum da sociedade. A educação revela o lado crítico do homem, que vai se indagar, sempre, sobre suas certezas, para aplacar as suas incertezas.
E essa consciência crítica é tudo que o mal governante não quer para o povo que governa.
É a educação que combate a alienação, princípio básico utilizado para a manutenção do poder. Quanto maior a ignorância, maior será o sucesso da tirania, das ditaduras, que ainda resistem à invenção da democracia. E das democracias perrengues, que apesar de elegerem seus políticos, continuam distantes das garantias às liberdades individuais, que caracterizam o grau de desenvolvimento – e de envolvimento também – de sua população. Não passa de grossa maquiagem, muito utilizada para esconder as rugas do envelhecimento - que acabam por promover essa indiferença aos problemas políticos e sociais – que sempre voltam a aparecer aos primeiros sinais de limpeza. Educação é a água e o sabão que vão lavar essa maquiagem, para expor a verdadeira face do atraso.
Este, entendo, é o sentido da frase de Mandela, que lutou contra o regime de segregação racial imposto ao seu próprio país – e por isso ficou 28 anos preso – por um regime de minoria branca, numa nação predominantemente formada por pretos. Uma verdadeira aberração cultural, que países colonizadores sempre tentaram, e ainda tentam, incutir àqueles que se permitem ser colonizados. Ou pelo poder bélico, ou pela ausência da “poderosa arma” citada pelo líder sul-africano: a educação.
Vivemos uma espécie de entressafra de líderes naturais, com a grandiosidade de raciocínio e a percepção das coisas mais simples a que um homem tem direito. Isso nos obriga a buscar, nos exemplos deixados por Nelson Mandela, a verdadeira compreensão da natureza humana. Ele conseguiu transformar o seu mundo. Quando conseguiremos transformar o nosso?
Não deixa, entretanto, de ser uma expressão viva, real, daquilo que todos deveriam ter escrito, em letras douradas e permanentes, em suas consciências. Se assim não é, é por que ainda há alguma interferência, um ruído – como costuma-se dizer na comunicação – que embaça a sua clareza. Às vezes, uma névoa espessa e proposital, que inibe sua compreensão, pois a partir do momento em que o homem entende o que de fato a educação representa como ferramenta para a transformação da sua vida, ele estará dando um basta à ilusão patrocinada por aqueles que fizeram, um dia, o juramento de governar e legislar pelas causas nobres e pelo bem comum da sociedade. A educação revela o lado crítico do homem, que vai se indagar, sempre, sobre suas certezas, para aplacar as suas incertezas.
E essa consciência crítica é tudo que o mal governante não quer para o povo que governa.
É a educação que combate a alienação, princípio básico utilizado para a manutenção do poder. Quanto maior a ignorância, maior será o sucesso da tirania, das ditaduras, que ainda resistem à invenção da democracia. E das democracias perrengues, que apesar de elegerem seus políticos, continuam distantes das garantias às liberdades individuais, que caracterizam o grau de desenvolvimento – e de envolvimento também – de sua população. Não passa de grossa maquiagem, muito utilizada para esconder as rugas do envelhecimento - que acabam por promover essa indiferença aos problemas políticos e sociais – que sempre voltam a aparecer aos primeiros sinais de limpeza. Educação é a água e o sabão que vão lavar essa maquiagem, para expor a verdadeira face do atraso.
Este, entendo, é o sentido da frase de Mandela, que lutou contra o regime de segregação racial imposto ao seu próprio país – e por isso ficou 28 anos preso – por um regime de minoria branca, numa nação predominantemente formada por pretos. Uma verdadeira aberração cultural, que países colonizadores sempre tentaram, e ainda tentam, incutir àqueles que se permitem ser colonizados. Ou pelo poder bélico, ou pela ausência da “poderosa arma” citada pelo líder sul-africano: a educação.
Vivemos uma espécie de entressafra de líderes naturais, com a grandiosidade de raciocínio e a percepção das coisas mais simples a que um homem tem direito. Isso nos obriga a buscar, nos exemplos deixados por Nelson Mandela, a verdadeira compreensão da natureza humana. Ele conseguiu transformar o seu mundo. Quando conseguiremos transformar o nosso?
domingo, 8 de dezembro de 2013
Tudo do mesmo. Nenhum diferencial que valha
Eu sou basicamente um otimista. Não ufanista. Com meus pensamentos alicerçados na utopia das coisas boas. Dos homens bons. Pena que essas coisas e esses homens não contribuem, em nada para, que esse sentimento avance e se concretize. E, novamente, tomemos a Câmara Municipal de Limeira e a atuação dos vereadores como exemplo didático, no sentido de mostrar a dinâmica do poder e suas relações com o povo. Pelo bem ou pelo mal. E a expectativa, positiva de um lado, é toda ela desmoronada, implodida mesmo, por um outro, mais sombrio e assustador. E o exemplo da semana passada foi muito claro e de uma didática extraordinária, quando das votações dos relatórios de duas CPIs, a da Dengue e do Aeroporto. E aí é que vem essa sensação de que nada mudou. Toda prática, criticada anteriormente, continua. Ela é apenas executada por outros personagens. O discurso da mudança morre onde começa o interesse pela preservação do status de comando das decisões. Então, vem a triste constatação de que o caminho é muito mais longo do que se supunha. Esqueça o passado. O que conta é o agora.
Amnésia seletiva
FHC mandou esquecer tudo o que escreveu. Lula buscou aliança com Maluf e, no exemplo caseiro, os eternos combatentes corrupção e da impunidade, dos discursos inflamados e moralizadores, estão passando por cima da própria ética, ao exercitar a conhecida teoria socrática, do “um peso, duas medidas”. Foi o que se viu nos relatórios das CPIs, encerradas na última terça-feira. O inferno e o paraíso.
Somos inocentes
Se a CPI do Aeroporto poderia representar a pá de cal na Era Félix e a CPI da Dengue atingiria, em cheio, o atual governo e alguns de seus assessores mais diretos, sem completar um ano de mandato, optou-se pela punição, na primeira, e a inocência – com um leve toque de “vamos fazer algo” – na segunda. A minoria, que sofreu muito ontem, virou a maioria algoz de hoje. Eis que nada, de fato, mudou.
Evidências reais
Da mesmo forma como graves desvios de função foram constatados nas obras do aeroporto, demonstrando os erros cometidos, a questão da obscura nebulização de criadouros do mosquito da dengue também. Direcionamento, superfaturamento e serviços não realizados também ficaram evidentes. As contradições, nos vários depoimentos, ficaram muito claras. E nesse caso todos os bois também têm nomes.
O mesmo veneno
Assim como a oposição esperneia hoje, e com razão, e com razão a atual situação, antes oposição, também esperneava muito, no fim todos se equivalem na essência. O caráter é o poder nas mãos.
A política como...
...ela é. Vou me apropriar do título do boletim do jornalista Kenedy Alencar, da Rádio CBN, para mostrar um fato pitoresco. Na tarde da última quinta-feira, alguém fotografou água barrenta saindo das torneiras de Iracemápolis e, sem saber qual era o problema, alguns tucanos de carteirinha – o PSDB esteve no poder pelos últimos oito anos por lá – se alvoroçaram via redes sociais. Curioso disso tudo é que, quando interessa, um besouro vira um elefante. Era um problema técnico, conforme mostrou esta Gazeta em sua edição de sexta.
Fazendo as contas
O Ministério Público continua ativo por aqui. Na semana passada, viu mais uma ação contra o poder público ser acatada pela Justiça. Dessa vez, em uma acusação de improbidade administrativa contra o prefeito Paulo Hadich (PSB) e seu ex-secretário da Saúde, vereador Raul Nilsen Filho (PMDB). Não fiz cálculos e nem levantamentos, mas a impressão é que, nesse primeiro ano, Hadich já foi mais acionado que Félix no seu primeiro ano também.
E já ficou laranja
As últimas notícias da semana que passou, de que a Siemens – a empresa, e não diretores – assume que pagou propinas em São Paulo já podem ser consideradas um alerta laranja (sem trocadilhos, por favor) para o tucanato paulista. Não tarda e, logo mais, muda de cor. E para vermelho. As tentativas de desqualificar as denúncias começam a se perder pelos trilhos...
Pergunta rápida
E você, caro leitor e eleitor, já escolheu o sabor da pizza que vai pedir?
O grande irmão
O celebrado livro de George Orwell, 1984, há muito deixou de ser ficção. Hoje as redes sociais comprovam que o escritor inglês não errou em nada daquilo que previu em sua obra. Confesso que fico assustado quando leio manchetes como a publicada na sexta-feira pela Gazeta (‘Polícia vigiará rede social para chegar à balada ilegal’) pois, antes de revelar bom senso, mostram a falência do sistema e a ausência de políticas públicas destinadas à juventude. O combater, em vez de prevenir, pode até dar uma sensação de segurança, mas não é garantia de resolução do problema. É um combate ao efeito, não à causa.
Nota curtíssima
Foi-se o homem. Ficaram seus ideais e suas conquistas. Nelson Mandela continua vivo.
A Fifa mandou
Entre quinta e sexta-feira foi proibido servir água de coco num resort da Costa do Sauípe. Não sei por que, mas me lembrou aquela música de Paulinho Soares: “O patrão mandou cantar com a língua enrolada. Everybody macacada. Everybody macacada. E também mandou servir uísque na feijoada. Do you like this, macacada? Do you like this, macacada? E ainda mandou tirar nosso samba da parada. Very good,macacada. Very good, macacada.”
Frase da semana
“Não se esqueça de que os santos são pecadores que continuam tentando”. Do ex-presidente da África do Sul e Prêmio Nobel da Paz, Nelson Mandela, morto na noite da última quinta-feira.
Amnésia seletiva
FHC mandou esquecer tudo o que escreveu. Lula buscou aliança com Maluf e, no exemplo caseiro, os eternos combatentes corrupção e da impunidade, dos discursos inflamados e moralizadores, estão passando por cima da própria ética, ao exercitar a conhecida teoria socrática, do “um peso, duas medidas”. Foi o que se viu nos relatórios das CPIs, encerradas na última terça-feira. O inferno e o paraíso.
Somos inocentes
Se a CPI do Aeroporto poderia representar a pá de cal na Era Félix e a CPI da Dengue atingiria, em cheio, o atual governo e alguns de seus assessores mais diretos, sem completar um ano de mandato, optou-se pela punição, na primeira, e a inocência – com um leve toque de “vamos fazer algo” – na segunda. A minoria, que sofreu muito ontem, virou a maioria algoz de hoje. Eis que nada, de fato, mudou.
Evidências reais
Da mesmo forma como graves desvios de função foram constatados nas obras do aeroporto, demonstrando os erros cometidos, a questão da obscura nebulização de criadouros do mosquito da dengue também. Direcionamento, superfaturamento e serviços não realizados também ficaram evidentes. As contradições, nos vários depoimentos, ficaram muito claras. E nesse caso todos os bois também têm nomes.
O mesmo veneno
Assim como a oposição esperneia hoje, e com razão, e com razão a atual situação, antes oposição, também esperneava muito, no fim todos se equivalem na essência. O caráter é o poder nas mãos.
A política como...
...ela é. Vou me apropriar do título do boletim do jornalista Kenedy Alencar, da Rádio CBN, para mostrar um fato pitoresco. Na tarde da última quinta-feira, alguém fotografou água barrenta saindo das torneiras de Iracemápolis e, sem saber qual era o problema, alguns tucanos de carteirinha – o PSDB esteve no poder pelos últimos oito anos por lá – se alvoroçaram via redes sociais. Curioso disso tudo é que, quando interessa, um besouro vira um elefante. Era um problema técnico, conforme mostrou esta Gazeta em sua edição de sexta.
Fazendo as contas
O Ministério Público continua ativo por aqui. Na semana passada, viu mais uma ação contra o poder público ser acatada pela Justiça. Dessa vez, em uma acusação de improbidade administrativa contra o prefeito Paulo Hadich (PSB) e seu ex-secretário da Saúde, vereador Raul Nilsen Filho (PMDB). Não fiz cálculos e nem levantamentos, mas a impressão é que, nesse primeiro ano, Hadich já foi mais acionado que Félix no seu primeiro ano também.
E já ficou laranja
As últimas notícias da semana que passou, de que a Siemens – a empresa, e não diretores – assume que pagou propinas em São Paulo já podem ser consideradas um alerta laranja (sem trocadilhos, por favor) para o tucanato paulista. Não tarda e, logo mais, muda de cor. E para vermelho. As tentativas de desqualificar as denúncias começam a se perder pelos trilhos...
Pergunta rápida
E você, caro leitor e eleitor, já escolheu o sabor da pizza que vai pedir?
O grande irmão
O celebrado livro de George Orwell, 1984, há muito deixou de ser ficção. Hoje as redes sociais comprovam que o escritor inglês não errou em nada daquilo que previu em sua obra. Confesso que fico assustado quando leio manchetes como a publicada na sexta-feira pela Gazeta (‘Polícia vigiará rede social para chegar à balada ilegal’) pois, antes de revelar bom senso, mostram a falência do sistema e a ausência de políticas públicas destinadas à juventude. O combater, em vez de prevenir, pode até dar uma sensação de segurança, mas não é garantia de resolução do problema. É um combate ao efeito, não à causa.
Nota curtíssima
Foi-se o homem. Ficaram seus ideais e suas conquistas. Nelson Mandela continua vivo.
A Fifa mandou
Entre quinta e sexta-feira foi proibido servir água de coco num resort da Costa do Sauípe. Não sei por que, mas me lembrou aquela música de Paulinho Soares: “O patrão mandou cantar com a língua enrolada. Everybody macacada. Everybody macacada. E também mandou servir uísque na feijoada. Do you like this, macacada? Do you like this, macacada? E ainda mandou tirar nosso samba da parada. Very good,macacada. Very good, macacada.”
Frase da semana
“Não se esqueça de que os santos são pecadores que continuam tentando”. Do ex-presidente da África do Sul e Prêmio Nobel da Paz, Nelson Mandela, morto na noite da última quinta-feira.
quinta-feira, 5 de dezembro de 2013
É para divulgar
Assim como alimento minhas críticas, quando é possível elogiar também o faço. Como a notícia de que Limeira é uma das 42 cidades pré-selecionadas para receber um curso de Medicina. Deu no Diário Oficial da União (DOU) e foi postado pelo vereador Ronei Martins (PT) em seu Twitter, com link para o Facebook.
Não perdeu a...
... a oportunidade. O vereador, um petista de carteirinha, não perdeu a oportunidade para elogiar a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Como é do conhecimento de todos, Dilma é candidata à reeleição e, Padilha, ao governo de São Paulo.
Na internet sim
Campanha eleitoral aberta. Declarada. Mas, como todos sabem, não infringe a legislação eleitoral, que permite sua antecipação pela web. E o Facebook e Twitter são duas ferramentas essenciais para 2014. E o PT, como ninguém, sabe usá-las com competência.
Baixou de tudo
Dois espíritos do passado baixaram nos vereadores – governistas, é claro - na terça-feira, durante a leitura dos relatórios das CPIs da Dengue e do Aeroporto. Levaram a ferro e fogo uma frase, cuja autoria – incerta – é atribuída ao jornalista e político Benedito Valadares, que foi governador de MG, mas muito repetida pelo então presidente Getúlio Vargas: “aos amigos tudo, aos inimigos os rigores da lei”…
Qual é o sabor?
Como escrevi em minha coluna de domingo, o forno governista confirmou a primeira pizza da atual temporada. Resta agora ao povo escolher qual será o sabor. A nova pizzaria será um dos temas de minha próxima coluna, coincidentemente, no domingo.
A última de hoje
As novas mídias se transformaram em excepcional garantia à liberdade de expressão. Os que não estão acostumados com isso ficam de cabelo em pé. O que me assusta nesse processo todo, entretanto, não é o livre expressar do pensamento, mas a intolerância disseminada nas redes, que leva a um sentimento de ódio exacerbado.
Assim como alimento minhas críticas, quando é possível elogiar também o faço. Como a notícia de que Limeira é uma das 42 cidades pré-selecionadas para receber um curso de Medicina. Deu no Diário Oficial da União (DOU) e foi postado pelo vereador Ronei Martins (PT) em seu Twitter, com link para o Facebook.
Não perdeu a...
... a oportunidade. O vereador, um petista de carteirinha, não perdeu a oportunidade para elogiar a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Como é do conhecimento de todos, Dilma é candidata à reeleição e, Padilha, ao governo de São Paulo.
Na internet sim
Campanha eleitoral aberta. Declarada. Mas, como todos sabem, não infringe a legislação eleitoral, que permite sua antecipação pela web. E o Facebook e Twitter são duas ferramentas essenciais para 2014. E o PT, como ninguém, sabe usá-las com competência.
Baixou de tudo
Dois espíritos do passado baixaram nos vereadores – governistas, é claro - na terça-feira, durante a leitura dos relatórios das CPIs da Dengue e do Aeroporto. Levaram a ferro e fogo uma frase, cuja autoria – incerta – é atribuída ao jornalista e político Benedito Valadares, que foi governador de MG, mas muito repetida pelo então presidente Getúlio Vargas: “aos amigos tudo, aos inimigos os rigores da lei”…
Qual é o sabor?
Como escrevi em minha coluna de domingo, o forno governista confirmou a primeira pizza da atual temporada. Resta agora ao povo escolher qual será o sabor. A nova pizzaria será um dos temas de minha próxima coluna, coincidentemente, no domingo.
A última de hoje
As novas mídias se transformaram em excepcional garantia à liberdade de expressão. Os que não estão acostumados com isso ficam de cabelo em pé. O que me assusta nesse processo todo, entretanto, não é o livre expressar do pensamento, mas a intolerância disseminada nas redes, que leva a um sentimento de ódio exacerbado.
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
Pouco tempo para sentir saudades
A maioria dos políticos, os que têm cargos eletivos, caminham sempre na direção das grandes causas, mas não acertam sequer o caminho da própria casa. Essa metáfora ilustra bem muitas administrações públicas, que vivem correndo atrás de investimentos vultosos que lhes possam render popularidade, enquanto o básico vai sendo deixado de lado, porém, não menos visível, e compromete estratégias claras e objetivos declarados, para ganhar a aprovação da opinião pública e, dessa forma, concretizar um projeto político. A essência desse projeto, que deveria ser o bem-estar da população, fica apenas na vontade de perpetuação no poder. Apenas pelo poder.
Essa é uma afirmativa que revela uma Limeira desestruturada. E acaba por provocar, também, um isolamento da própria realidade municipal e, por que não dizer, da regional. Um contexto que se aplica muito bem aos atuais gestores, que infelizmente estão perdendo a oportunidade de mostrar – e provar – que o compromisso assumido perante os cidadãos era o da mudança, através de uma visão progressista e engajada, de um governo diferente de tudo o que havia passado por aqui até agora. Hoje o que se vê e ouve pela cidade é um forte sentimento de frustração, por que nada mudou e os mesmos problemas continuam na pauta da mídia. Situações antigas, que se tornaram presentes novamente, fazendo com que muitas pessoas comecem a demonstrar arrependimento e, nostálgicas, uma sensação de saudades de um passado recente, que já virou história e, por isso, não pode ser repetido. Que sirva, sim, de lição aos que vão chegando à idade da consciência, mas sem qualquer pedido de “bis”.
Os discursos são uma arma poderosa de dominação do eleitorado, mas que se não transformados em prática, são mais perigosos aos seus próprios autores, que no momento de prestar contas serão obrigados a conviver com um paradoxo clássico: o do comprometimento ter se transformado apenas em promessa. Só que o povo está cada vez mais cansado de promessas, que invariavelmente nunca são cumpridas. E está percebendo que tem nas mãos, também, o poder de mudar a situação sempre que for chamado a isso. Pode até parecer um pouco utópica a expressão desse tipo de pensamento, mas a lição, à qual me referi no parágrafo anterior, vai sendo ensinada diariamente, para quem quiser aprendê-la. Para não ganhar nota menor na prova final.
Se ainda há uma longa distância a ser percorrida até que o ideal – ou o mais próximo dele – seja alcançado, não dá mais para desacreditar nessa força transformadora, que é justamente a vontade popular. Concordem ou não, os teóricos de gabinetes e os muitos que já se acomodaram pelo status quo de algumas instituições em falência múltipla de órgãos.
Governar em castelos, cercado de escudeiros fiéis e amáveis – para não ser deselegante - é fácil. É preciso deixar o trono de lado e caminhar pelas ruas, ao lado dos súditos, para entender seus anseios e conhecer suas necessidades. É isso que hoje está em falta em Limeira.
Essa é uma afirmativa que revela uma Limeira desestruturada. E acaba por provocar, também, um isolamento da própria realidade municipal e, por que não dizer, da regional. Um contexto que se aplica muito bem aos atuais gestores, que infelizmente estão perdendo a oportunidade de mostrar – e provar – que o compromisso assumido perante os cidadãos era o da mudança, através de uma visão progressista e engajada, de um governo diferente de tudo o que havia passado por aqui até agora. Hoje o que se vê e ouve pela cidade é um forte sentimento de frustração, por que nada mudou e os mesmos problemas continuam na pauta da mídia. Situações antigas, que se tornaram presentes novamente, fazendo com que muitas pessoas comecem a demonstrar arrependimento e, nostálgicas, uma sensação de saudades de um passado recente, que já virou história e, por isso, não pode ser repetido. Que sirva, sim, de lição aos que vão chegando à idade da consciência, mas sem qualquer pedido de “bis”.
Os discursos são uma arma poderosa de dominação do eleitorado, mas que se não transformados em prática, são mais perigosos aos seus próprios autores, que no momento de prestar contas serão obrigados a conviver com um paradoxo clássico: o do comprometimento ter se transformado apenas em promessa. Só que o povo está cada vez mais cansado de promessas, que invariavelmente nunca são cumpridas. E está percebendo que tem nas mãos, também, o poder de mudar a situação sempre que for chamado a isso. Pode até parecer um pouco utópica a expressão desse tipo de pensamento, mas a lição, à qual me referi no parágrafo anterior, vai sendo ensinada diariamente, para quem quiser aprendê-la. Para não ganhar nota menor na prova final.
Se ainda há uma longa distância a ser percorrida até que o ideal – ou o mais próximo dele – seja alcançado, não dá mais para desacreditar nessa força transformadora, que é justamente a vontade popular. Concordem ou não, os teóricos de gabinetes e os muitos que já se acomodaram pelo status quo de algumas instituições em falência múltipla de órgãos.
Governar em castelos, cercado de escudeiros fiéis e amáveis – para não ser deselegante - é fácil. É preciso deixar o trono de lado e caminhar pelas ruas, ao lado dos súditos, para entender seus anseios e conhecer suas necessidades. É isso que hoje está em falta em Limeira.
domingo, 1 de dezembro de 2013
Uma segunda-feira cheia na Câmara Municipal
Já fiz, ao longo da semana que passou, alguns pequenos comentários sobre dois aspectos da atuação da Câmara Municipal de Limeira. Ambos, envolvendo situações completamente distintas, mas que não deixaram de mexer com o imaginário político da cidade. A primeira delas foi o comparecimento – e por si só é uma novidade – do prefeito cassado Silvio Félix (PDT) para depor na CPI do Aeroporto. O fato novo esteve, justamente, nessa aparição pública de Félix, em meio a tantas turbulências judiciais que o vêm acometendo e à sua família. O ex-prefeito em nada acrescentou, do que já não se sabe, à comissão que investiga o planejamento e os gastos com as obras do “futuro” aeroporto. Só que desta vez ele se dispôs a falar, o que já é um bom começo. E a mídia tem, sim, que dar cobertura ao acontecimento, ao contrário do que pregaram alguns, pois faz parte da história política limeirense e tudo o que se puder esclarecer sobre a “era Félix” é bem-vindo. O segundo aspecto é a aprovação de projeto do vereador André Henrique dos Santos, o Tigrão (PMDB), sobre a comercialização de carne moída previamente embalada.
Fora, bandejinha!
Há que se louvar a iniciativa do vereador Tigrão, pelo alcance de seu projeto, que agora é lei e vai à sanção do prefeito Paulo Hadich (PSB). Além de uma preocupação com a saúde pública, que deve vir em primeiro plano, trata-se de uma maneira eficaz de proteção ao consumidor e à economia popular, uma vez que esse consumidor não consegue controlar – e nem fiscalizar - a qualidade da carne vendida.
Respeito à saúde
Quando se fala em saúde pública, é preciso observar as condições de higiene no processo dessa carne moída e previamente embalada. Há tempos a Vigilância Sanitária vem realizando fiscalizações junto aos mercados e hipermercados da cidade, constatando muitos problemas. Inclusive divulgados por esta Gazeta. Quando o consumidor chega à gôndola, a bandeja está lá. A compra é feita no escuro.
Gato por lebre...
E no que diz respeito à economia popular, essa conta é mais simples, porém, não menos perniciosa. Se a embalagem está na gôndola, com rótulo e prazo de validade, a questão é saber que tipo de produto está sendo adquirido. Em muitos casos, apenas diz que é “carne de primeira” ou “carne de segunda”. Não traz, porém, qual é o corte moído. Ou se é uma mistura de tudo. É coxão-duro por patinho.
E pode demorar
Se por acaso a lei for sancionada, é evidente que a população terá que perder um pouco mais de tempo nas filas dos açougues, mas pelo menos poderá escolher o que vai levar para casa. Troca justa.
História antiga
A questão da higiene com produtos processados, em especial as carnes, é muito antiga. Ainda no início do Século XX, o jornalista Upton Sinclair, em seu livro “The Jungle” (“A Selva”), mostrava as péssimas condições de trabalho, e principalmente higiene, nos frigoríficos de Chicago. Em 2001, outro jornalista, também americano, Eric Schlosser, vai pelo mesmo caminho com seu livro “País Fast Food”, numa abordagem realista e não menos dura que Sinclair sobre o que está por trás das tradicionais redes de alimentação.
E está no forno
Já é possível sentir no ar um cheirinho leve, mas presente, de mozarela derretida com orégano no forno à lenha. Ao que tudo indica, a CPI da Dengue, que está apurando alguns contratos um tanto quanto pulverizados, parece já ter caminho certo: comemoração em uma pizzaria. A mesa, composta praticamente por governista, à exceção de José Roberto Bernardo, o Zé da Mix (PSD), rejeitou nova prorrogação e pedidos de acareação.
Outro relatório
Além de novas oitivas, por todas as contradições apresentadas nos depoimentos até aqui colhidos, o que seria possível, Zé da Mix pediu nova acareação entre alguns dos envolvidos, entre eles o ex-secretário de Saúde, que voltou à Câmara, Raul Nilsen Filho. Elementos e provas para isso havia. O oposicionista deve apresentar relatório apartado.
Pergunta rápida
Será que a velha e saborosa pizza está de volta à Câmara Municipal de Limeira?
Dor de cabeça...
...ou mais um capítulo de uma história mal contada? Assim é que é. A eleição municipal em Limeira foi em outubro de 2012. Teve um vencedor. O perdedor, porém, que nem a elegância de reconhecer o resultado das urnas teve, num primeiro momento, foi aos tribunais tentar reverter no chamado “tapetão”. Entre idas e vindas, vitórias e derrotas, a ação volta a Limeira para novas provas e depoimentos contra o eleito Paulo Hadich (PSB). O recomeço dessa história pode dar mais dor de cabeça ainda a Hadich. Se o novo capítulo pode beneficiar Lusenrique Quintal, o derrotado, é difícil prever. A novela vai continuar.
Nota curtíssima
A excelência da administração pública está em promover o bem comum. Sem locupletação.
Veneno é veneno
Quando estourou o escândalo do mensalão do PT, em 2005, véspera de ano eleitoral, PSDB e DEM foram cozinhando as denúncias até 2006, dizendo que fariam o presidente Lula sangrar até a última gota. Agora, 2013, véspera de ano eleitoral novamente, descobre-se o propinoduto dos trilhos do PSDB. Investigação evoluindo, o CADE anuncia que deixa para 2014 o processo contra as empresas do cartel. Lula não sangrou. E o PSDB, vai sangrar?
Frase da semana
"Enquanto a Black Friday nos Estados Unidos é um dia de negócios, no Brasil ele é conhecido como o dia da fraude". Da revista norte-americana Forbes, sobre as vendas brasileiras. Na sexta-feira, 29, no UOL Economia.
Fora, bandejinha!
Há que se louvar a iniciativa do vereador Tigrão, pelo alcance de seu projeto, que agora é lei e vai à sanção do prefeito Paulo Hadich (PSB). Além de uma preocupação com a saúde pública, que deve vir em primeiro plano, trata-se de uma maneira eficaz de proteção ao consumidor e à economia popular, uma vez que esse consumidor não consegue controlar – e nem fiscalizar - a qualidade da carne vendida.
Respeito à saúde
Quando se fala em saúde pública, é preciso observar as condições de higiene no processo dessa carne moída e previamente embalada. Há tempos a Vigilância Sanitária vem realizando fiscalizações junto aos mercados e hipermercados da cidade, constatando muitos problemas. Inclusive divulgados por esta Gazeta. Quando o consumidor chega à gôndola, a bandeja está lá. A compra é feita no escuro.
Gato por lebre...
E no que diz respeito à economia popular, essa conta é mais simples, porém, não menos perniciosa. Se a embalagem está na gôndola, com rótulo e prazo de validade, a questão é saber que tipo de produto está sendo adquirido. Em muitos casos, apenas diz que é “carne de primeira” ou “carne de segunda”. Não traz, porém, qual é o corte moído. Ou se é uma mistura de tudo. É coxão-duro por patinho.
E pode demorar
Se por acaso a lei for sancionada, é evidente que a população terá que perder um pouco mais de tempo nas filas dos açougues, mas pelo menos poderá escolher o que vai levar para casa. Troca justa.
História antiga
A questão da higiene com produtos processados, em especial as carnes, é muito antiga. Ainda no início do Século XX, o jornalista Upton Sinclair, em seu livro “The Jungle” (“A Selva”), mostrava as péssimas condições de trabalho, e principalmente higiene, nos frigoríficos de Chicago. Em 2001, outro jornalista, também americano, Eric Schlosser, vai pelo mesmo caminho com seu livro “País Fast Food”, numa abordagem realista e não menos dura que Sinclair sobre o que está por trás das tradicionais redes de alimentação.
E está no forno
Já é possível sentir no ar um cheirinho leve, mas presente, de mozarela derretida com orégano no forno à lenha. Ao que tudo indica, a CPI da Dengue, que está apurando alguns contratos um tanto quanto pulverizados, parece já ter caminho certo: comemoração em uma pizzaria. A mesa, composta praticamente por governista, à exceção de José Roberto Bernardo, o Zé da Mix (PSD), rejeitou nova prorrogação e pedidos de acareação.
Outro relatório
Além de novas oitivas, por todas as contradições apresentadas nos depoimentos até aqui colhidos, o que seria possível, Zé da Mix pediu nova acareação entre alguns dos envolvidos, entre eles o ex-secretário de Saúde, que voltou à Câmara, Raul Nilsen Filho. Elementos e provas para isso havia. O oposicionista deve apresentar relatório apartado.
Pergunta rápida
Será que a velha e saborosa pizza está de volta à Câmara Municipal de Limeira?
Dor de cabeça...
...ou mais um capítulo de uma história mal contada? Assim é que é. A eleição municipal em Limeira foi em outubro de 2012. Teve um vencedor. O perdedor, porém, que nem a elegância de reconhecer o resultado das urnas teve, num primeiro momento, foi aos tribunais tentar reverter no chamado “tapetão”. Entre idas e vindas, vitórias e derrotas, a ação volta a Limeira para novas provas e depoimentos contra o eleito Paulo Hadich (PSB). O recomeço dessa história pode dar mais dor de cabeça ainda a Hadich. Se o novo capítulo pode beneficiar Lusenrique Quintal, o derrotado, é difícil prever. A novela vai continuar.
Nota curtíssima
A excelência da administração pública está em promover o bem comum. Sem locupletação.
Veneno é veneno
Quando estourou o escândalo do mensalão do PT, em 2005, véspera de ano eleitoral, PSDB e DEM foram cozinhando as denúncias até 2006, dizendo que fariam o presidente Lula sangrar até a última gota. Agora, 2013, véspera de ano eleitoral novamente, descobre-se o propinoduto dos trilhos do PSDB. Investigação evoluindo, o CADE anuncia que deixa para 2014 o processo contra as empresas do cartel. Lula não sangrou. E o PSDB, vai sangrar?
Frase da semana
"Enquanto a Black Friday nos Estados Unidos é um dia de negócios, no Brasil ele é conhecido como o dia da fraude". Da revista norte-americana Forbes, sobre as vendas brasileiras. Na sexta-feira, 29, no UOL Economia.
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