...um simples ato de sensatez pode causar punição à coronel Cláudia Romualdo, da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais. Ela ousou desafiar uma liminar da Justiça - solicitada pelo governador mineiro Antônio Anastasia (PSDB) - e ordenou a seus comandados que fizessem um cordão de isolamento, deixando os oito mil manifestantes (segundo dados da própria PM-MG e confirmados por ela mesmo) protestarem, lá também, contra o aumento nas tarifas do transpote público, sem balas de borracha, bombas de gás ou spray de pimenta. Conclusão: ninguém se machucou, não houve depredação e a manifestação seguiu até seu final.
Por que estou repassando essa informação? Por uma simples questão de informação. É que talvez nem todos tiveram a oportunidade de ler a notícia, publicada no início da noite do último sábado nos principais portais noticiosos da internet e sem destaque nos telejornais da noite. A Copa das Confederações foi a pauta do dia (não que não merecesse), além dos desdobramentos da ação violenta das PMs paulista, do Rio de Janeiro e também do Distrito Federal, palco da abertura do torneio da Fifa. Então, não houve tempo para noticiar a sensata atitude da coronel mineira, que pode ser punida por desobediência a uma liminar.
Um exemplo que contraria tudo o que aconteceu durante toda a semana passada, que poderia muito bem ter norteado as autoridades em SP, RJ e Brasília. As tropas de choque das PMs paulista e carioca proporcionaram cenas de repressão, transformando os locais dos protestos nos palcos passados da ditadura militar, nas praças e ruas do final da década de 1960 e início de 1970, quando estudantes, artistas, intelectuais e políticos pediam mais liberdade. E coube ao DF, do governador Agnelo Queiroz (PT), encerrar a semana de violência policial, desta vez nas imediações do Estádio Nacional Mané Garrincha, também com tiros e bombas, pouco antes do jogo Brasil e Japão. É bom que fique bem claro que, nesses casos, o que menos importa é a coloração partidária dos três governadores (PSDB, PMDB e PT), mas as ações que protagonizaram como comandantes-em-chefe das PMs de seus Estados. O governador mineiro até que tentou se juntar a esses três, mas o bom senso da coronel Cláudia mostrou que é possível ter autoridade sem ser autoritário.
Aos poucos, parece que o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) começa a esboçar um mínimo desse bom senso, que nem ele, nem seu secretário de Segurança Pública, Fernado Grella e muito menos a PM, tiveram. É que a grande mídia também acabou por se render às provas, registradas pelos próprios jornalistas, de que foram os policiais que iniciaram os confrontos. Ninguém, em sã cansciência, é favorável a atos de depredações e vandalismo. Mas deve ser na mesmo proporção contrário à violência gratuita, que não revela comando nenhum, mas despreparo emocional. Espera-se que, finalmente, todos se rendam ao diálogo e à pacificação. E que tomem a atitude da coronel Claudia Romualdo, como parâmetro para ações futuras. Foi ela quem mostrou que isso é possível.
terça-feira, 18 de junho de 2013
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