O administrador público está sempre à merce de suas próprias intenções, estejam elas voltadas ao interesse coletivo - que deveria ser regra e não exceção - ou focadas simplesmente na sua própria vaidade pessoal. E nesse exercício de poder, comete dois pecados capitais inerentes ao próprio cargo: a ostensividade de suas aparições públicas ou uma completa ausência, quando é chamado a intervir pelas necessidades de sua atividade-fim. Resumindo, ou se expõe demais e se torna alvo fácil dos críticos, ou então se recolhe à própria incapacidade em dosar sua atuação. Um conflito interior, que não dá chances ao bom senso. E uma oportunidade mal aproveitada pode comprometer um grande projeto, que acaba se transformando em frustração generalizada.
A partir do momento em que se vislumbrou uma virada política em Limeira e reais possibilidades de ascensão ao poder pela renovação de conceitos, após décadas de conservadorismo decadente e que nada trouxe de positivo, senão os erros de sempre e a falta de compromissos com as mudanças que ganhavam rapidamente o interesse popular, a vontade de experimentar o novo poderia garantir, enfim, que isso de fato acontecesse. Havia uma clara expectativa de profundas transformações, embora todos estivessem escaldados com o conteúdo da retória política, que nem sempre se transforma em prática. Como a esperança é um sentimento impregnado na alma do brasileiro, a opção do eleitor limeirense foi clara. Varreu quase cinquenta anos de uma alternância improdutiva da história política do Município, apostando que essa "limpeza" trouxesse perspectivas melhores para o Município.
Desde o início da administração de Paulo Hadich (PSB), construída a partir de uma forte aliança com o PT e, portanto, forças políticas tidas como progressistas - pelo menos nos discursos - venho defendendo um tempo de ajuste necessário a esse novo jeito de fazer política. É impossível - e isso ninguém pode negar, nem mesmo a oposição mais intransigente tem coragem para tanto - que soluções milagrosas apareçam da noite para o dia e, num passe de mágica, tudo esteja resolvido. Principalmente porque é quase meio século de alternância de nomes e partidos (mas sempre com o mesmo modus operandi), que arrumar a casa precisa de tempo. Especialistas apontam os primeiros 180 dias de governo, um tempo razoável para conhecer como a máquina pública se encontra, seu funcionamento e onde está emperrada. E o que precisa ser mexido, para que volte às suas atividades. Sem traumas. Também entendo que esse seja o tempo apropriado às ações corretivas.
A proximidade de expiração dos seis meses iniciais de governo, entretanto, dá a nítida impressão de certa frustração dos limeirenses, que começam a perder a paciência, pois ainda não conseguiram vislumbrar as feições dessa nova proposta de administrar. Se a Câmara parece ter entendido seu verdadeiro papel perante a sociedade, o Poder Executivo ainda hesita em mostrar sua verdadeira marca. Que não é apenas um símbolo bem desenhado, mas a troca do discurso pela prática.
terça-feira, 4 de junho de 2013
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