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terça-feira, 25 de junho de 2013

As assombrosas malhas das redes sociais

Qualquer pescador sabe o que significa malha de rede. Para quem não é, como eu, uma explicação bastante simples: trata-se do espaço que fica - dos menores aos maiores - entre os fios trançados, para cada tamanho de peixe. As mais comuns são as de cerco, de arrasto e tarrafas. Cada uma com sua própria característica e utilização diferentes. O objetivo é sempre o mesmo, trazer das águas aos barcos o maior número de peixes possível, entre as espécies desejadas.
Das redes que dão sustento ao pescador e suas famílias às redes sociais, que hoje têm circulação livre no espaço virtual, através da internet, as diferenças são apenas pontuais. O objetivo é apenas um, reunir o maior número, e com qualidade (cada uma em sua própria seara) daquilo que se está procurando. Ao pescador os peixes e às redes sociais, o homem. Pelas redes sociais, a pescaria se dá por todas as suas formas convencionais até então conhecidas, a de cerco ou de arrasto e até mesmo na tarrafeada. E tal qual na pescaria pelos rios e mares, nem sempre o que se pega tem a necessária qualidade para o que se está desejando.
Uma analogia bastante apropriada neste momento, tendo como pano de fundo os últimos e históricos acontecimentos que se espalharam e se espalham por todo o Brasil: as manifestações de rua, pelas melhorias nas condições de vida da população, contra a corrupção e a política, como vem sendo feita hoje. É que foram as redes sociais, em especial o Facebook, que emalharam milhares de brasileiros, levando-os às ruas para soltar um grito até então preso à garganta, o da hora da mudança. Foi um arrastão virtual, que tirou crianças, jovens, adultos e até idosos do conforto de seus lares para dar um chega aos desmandos, que se generalizaram pelo País. E que assustou, e ainda assusta, a classe política brasileira. E deve continuar assustando por muito tempo, a ponto de muitos ainda tentarem, em seus interesses puramente político-partidários, menosprezarem tal força. Isso é uma outra história, que será contanda depois.
Assim como na pesca predatória, que tudo carrega, as redes sociais também também têm seus desvios, trazendo em suas malhas os enroscos de fundo de poço. Não há como evitar. A conclusão é obvia. A extensão e força dessas redes vão além de mares nunca dantes navegados. E de fácil mensuração. O movimento que por aqui também aportou, trouxe números extraordinários, como os anotados pelo Facebook desta Gazeta. Um crescimento de visualizações, a partir da cobertura dos protestos, desde seu início, de mais de mil por cento. Entre os dias 14 e 20 de junho (dia das manifestações e que teve pico nas visualizações)  foram 70.778, chegando às 88.366 no último dia 22.  Em postagens que chegaram quase às 20 mil visualizações e mais de 500 compartilhamentos, cada uma. Essa rede ainda vai pescar muita gente, quer queiram ou não aqueles que estavam, até então, desacostumados a questionamentos. E desta vez o sociólogo Fernando Henrique Cardoso errou: não foi uma ondinha, como ele declarou logo na primeira semana dos protestos. Foi um tsunami, que abalou a estrutura da política brasileia. Não há como negar.

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