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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Um ano pródigo em exemplos e ações

O ano de 2012 ainda não acabou. Está por apenas dois dias, mas apesar dos percalços e das vergonhas, foi exemplar do ponto de vista da ética e do combate à impunidade. Não pretendo entrar naquele velho chavão do 'poderia ter sido melhor', porque entendo que foi o possível. Se nem tudo é como a gente deseja, pelo menos quando observamos e avaliamos resultados práticos, lá estão muitas conquistas, que renovam a crença nos homens e nas instituições. Para Limeira foi um ano de muita vergonha, no sentido da exposição negativa na mídia nacional, por conta da cassação do prefeito Silvio Félix da Silva (PDT). Vergonha que sentiram os limeirenses ao perceber a podridão e o mau cheiro da política rasteira e lesiva até então. E para superar essa vergonha, veio o orgulho em participar e, na mobilização popular, jogar a corrupção no seu devido lugar: o esgoto. Foram dias didfíceis até aquele 24 de fevereiro, com alternância nos sentimentos, ora positivos, ora negativos, em relação ao futuro da política local. Um momento único na história de Limeira. De vitória sobre os desmandos e improbidade públicos.   
 
Decepção aparente
Nos primeiros momentos, ainda incrédula, a população que elegera Félix tentava entender e assimilar a decepção, que tomava conta de todos. Após esse impacto inicial, poucos acreditavam em punição efetiva, dado o histórico dos conchavos e da falta de credibilidade de políticos, que sempre se serviram do poder e dele tiravam vantagens pessoais, antes de servir o povo. Antes de pensar no bem comum.
 
Participação ativa
Em meio à frustração de ver jogada no lixo a confiança, que refletia em votos nas urnas, os limeirenses começaram a reescrever sua própria história. E, aos poucos, sempre dentro da ordem e da legalidade, davam início a uma mobilização, que começou tímida, mas foi crescendo e atraindo pessoas, cujo interesse era dar um basta ao lastimável estado de deterioração, protagonizado por agentes públicos locais.
 
Resposta prática
Felizmente, ao perceber o fôlego renovado das manifestações populares, a maioria necessária dos vereadores na Câmara  Municipal deu o recado esperado, apeando o então prefeito do poder. Os que resistiram, foram julgados nas urnas, sendo também apeados do poder pelo voto popular. 
 
O esforço conjunto
Nada disso teria sido possível sem a atuação precisa do Ministério Público Estadual (MP-SP) nas investigações, cuja conclusão levou membros da família Félix e seguidores à prisão. E com o aval do Poder Judiciário provas irrefutáveis preencheram páginas e páginas de um processo sólido, tão óbvio, que até agora nenhum recurso favorável ao prefeito cassado foi aceito em instâncias judiciais superiores. Até o velho chavão da "perseguição política" foi abandonado pelos réus.
 
Para não esquecer
Não há melhor retrospectiva para Limeira do que essa sensação de limpeza e do fim de um período obscuro, em que se usou e abusou das palavras e da propaganda para tentar encobrir as negociatas, feitas nos gabinetes e a portas fechadas com chave e ferrolho. Derrubaram-se máscaras, quebrando-se o encanto de uma quase unanimidade, que não resistiu às primeiras exposições de tudo o que tentava esconder. Fez-se história. Que servirá de exemplo e alerta aos futuros administradores públicos, que começam a perceber que a impunidade é um vocábulo que aos poucos vai sendo apagado dos dicionários. Felizmente.
 
Exemplos aqui e...
...também lá. Lá no planalto central, na sede do Supremo Tribunal Federal, que encerrou um triste e recente episódio da vida nacional, protagonizado por pessoas que se julgavam acima do bem e do mal. E assistiram, boquiabertos, ao desmoronar de um império. O julgamento e condenação dos protagonistas do mensalão do PT, na ação penal 470, foi mais um sólido e agradável exemplo na vida nacional. E um duro recado, às futuras gerações, de que se não é possível acabar com a corrupção; dá, sim, para dizimá-la aos poucos. Que venha agora a prisão, para que esses réus possam refletir sobre o mal que causaram à nação brasileira.
 
Ainda falta algo 
Se a Justiça, na face da deusa Thêmis, tem uma venda nos olhos, uma balança na mão e uma espada na outra, é hora de dar continuidade ao julgamento do mensalão, agora tucano, envolvendo políticos do PSDB, entre eles o senador mineiro Eduardo Azeredo, que já foi governador de Minas Gerais. Que os mesmos critérios estejam na consciência dos ministros do STF, para honrar a venda, a balança e a espada. Uma pena que o pai desses dois mensalões, o da PEC da reeleição de FHC, tenha passado impune. Como é preciso olhar para frente, mirando-se nos exemplos passados, que todos assimilem esses recados.
 
Olhar para frente
Como nem só de retrospectiva vive um fim de ano, é preciso pensar no que está vindo por aí: o ano novo. E, com ele, a troca de comando administrativo municipal, com o prefeito eleito, Paulo Hadich (PSB), o vice, todo o secretariado e  vereadores que comporão a nova Câmara. Todos entrarão em 2013 com muitos recados deixados por 2012. Espera-se que atentem para essas escritas. Não há mais tolerância a uma agenda negativa na política local e nacional.
 
Pergunta rápida
Alguém ainda tem dúvida de que Paulo Hadich (PSB) terá maioria na Câmara Municipal?
 
Nota curtíssima
As adesões começaram. O exemplo do PMDB está sendo muito bem assimilado, quando o assunto é manutenção de poder político.
 
A frase do ano
"Não sou vítima de ninguém, a não ser de mim mesmo". Do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB), sobre sua condenação pelo STF, no esquema do mensalão. No dia 28 de setembro, no UOL Notícias-Política.

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