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domingo, 16 de dezembro de 2012

Velhas lições. Desaprendidas com o tempo

"Ninguém deve escrever como jornalista o que não possa dizer como cavalheiro". O termo cavalheiro é antiquado, mas seu significado não. Esta frase foi escrita pelo jornalista americano Walter Willians, fundador da primeira escola de jornalismo, no Credo do Jornalista, de sua autoria. E remonta o ano de 1906. Frase lembrada, também por outro jornalista, Ezequiel Paz, diretor e redator-chefe do jornal "La Prensa", de Buenos Aires, no discurso do 56º aniversário daquele periódico, em outubro de 1925, e está impressa num belo quadro da Sociedade Interamericana de Imprensa, que ganhei e ainda tenho comigo em lugar de destaque. É tratado como a Ética do Jornalismo. E é assim mesmo que tem que ser. Por que lembrar disso agora? Justamente para mostrar o quanto estamos desatualizados no trato com a nossa profissão, o jornalismo. No mundo digital dos nossos tempos, esquecemo-nos dessas "velhas lições", porém tão novas quanto o avanço tecnológico que experimentamos. Estamos tomados de uma soberba, que nos permite certos juízos de valores, que estão em desalinho com esses ideais.

Nós erramos, sim
O conhecimento requer humildade e constante aprendizado, daquilo que pensamos saber e, por certo, não sabemos. É necessário, na correria diária das mídias digitais e das redes sociais, muita reflexão sobre aquilo que escrevemos ou vamos escrever. Erramos, sim. E erramos muito. É dever, porém, para que não cometamos os mesmos erros, não nos esquecermos dessas lições básicas no exercício profissional.

Aprender, sempre
Tudo isso as escolas não ensinam mais. De tão preocupadas que estão com as técnicas, que servem só para impressionar, deixaram a humanidade do próprio ser humano de lado. Bom citar ainda outro trecho do discurso de Paz: "lembrar antes de escrever quão poderoso é o instrumento de divulgação de que se dispõe e o mal que pode causar ao cidadão". É preciso pensar nisso, como "mea culpa"; como prática.

Valor inestimável
O jornalismo é a visão da história, que vai ficar perpetuada. E o jornalista tem um único dever nessa história: não levá-la distorcida, pela cegueira da obsessão e, como escrevi acima, da soberba. As ciências humanas se diferem das exatas, por isso, nem tudo pode ser quatro, numa soma de dois mais dois. É a maior proximidade desse resultado, entretanto, que pode garantir a objetividade da informação.

Reflexão possível
Nada de utopia, não. É, sim, uma realidade que pode ser construída a partir desses ensinamentos, que mesmo vindos lá dos primeiros anos do Século XX, com o início da profissionalização e ensino do jornalismo, não perdeu sua atualidade. Há valores que nunca terão validade vencida. E é neles que devemos nos espelhar. Essas palavras servem para todos, embora tenham como destinatários os praticantes dessa nobre arte de informar e formar a opinião pública. É preciso resgatar esses sentimentos em todos, sem pieguice ou pensamento de coisa velha, ultrapassada.

Tão combatido...
...mas sonhado por muitos ainda. O nepotismo - o emprego de parentes no serviço público sobre o título de "cargo em comissão - ainda não foi banido por completo. E muito político ainda espera pelo seu retorno, para colocar toda a família mamando nas tetas do poder público. E o resultado sobre a emenda à Lei Orgânica do Município, proposta pelo vereador Carlinhos Silva (sem partido), atual presidente da Câmara, não poderia ter outro resultado: polêmica, críticas e a retirada da emenda, pelo próprio autor. Não importa se há competência ou não no indicado. Vai sobrar sempre a dúvida do favorecimento.

Uma outra prática
Há, ainda, uma distorção a ser combatida e regulamentada: o fim do nepotismo cruzado, que é aquela situação em que um político nomeia o filho, filha, esposa, tia ou sobrinho de um colega e, como retribuição, o colega nomeia também os parentes do primeiro. Troca-se apenas o lado. A indecência é a mesma.

Revisão imediata
E que fique claro ao vereador Carlinhos Silva, que voltar atrás numa decisão, seja qual for, não é demérito para ninguém. Muito pelo contrário, demonstra coragem em reconhecer o erro cometido. Mesmo que seja por boas intenções, um erro será sempre um erro.

Pergunta rápida
Qual será o maior desafio do prefeito eleito Paulo Hadich (PSB) durante seu mandato?

Um velho partido
Na tentativa de tornar-se oficial, com direito a candidaturas, o Partido Militar Brasileiro (PMB) busca assinaturas para o registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Formado por civis e militares - não sei da ativa ou não - o PMB tem como principal bandeira "promover uma política de segurança pública séria e eficaz, que garanta a integração entre Estado e Sociedade propiciando o ambiente necessário à efetivação dos direitos fundamentais dos cidadãos", como está no site.

O ideal ufanista
A contradição disso tudo, é saber que quando estiveram no poder, os militares provocaram uma onda de perseguição e matança contra oposicionistas e críticos do governo (empurrando intelectuais, estudantes e muitos profissionais à clandestinidade) sem igual na história política brasileira. Portanto, insegurança total, sem seriedade ou eficácia. E dizer que quer um ambiente de efetivação dos direitos fundamentais dos cidadãos é um tapa na cara de todos nós, que conhecemos um pouco de história. Principalmente da ditadura militar. O lado positivo disso tudo é que eles se mostram à sociedade, para o julgamento nas urnas. É mais fácil combater um adversário hostil, quando ele tem rosto. E democracia é para isso mesmo, dar amplitude às manifestações políticas. Venham de onde vierem.

Nota curtíssima
O PSDB de hoje é o PT de ontem.

Frase da semana
"Ser vice não é derrota". Do presidente corintiano, Mário Gobbi, sobre o jogo Corinthians e Chelsea, hoje. Na sexta-feira, 14, no UOL Esportes - Futebol.

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