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terça-feira, 7 de agosto de 2012

Sem unanimidade; muito menos convencimento

Sem querer entrar no mérito daquela conhecida frase do jornalista, teatrólogo e comentarista esportivo, Nelson Rodrigues, de que "toda unanimidade é burra", que por si só é um belo jogo de palavras, com conceitos para vários entendimentos e com mais utilidades que o bombril, é preciso traçar um parâmetro para essa chamada burrice coletiva, muitas vezes mal-entendida. Concordar com tudo ou com todos nem sempre é sinal de esperteza. Porém, avaliar essa concordância como algo danoso ou discrepante da realidade também é falta de entendimento sobre as relações humanas. Vamos lembrar que Nelson Rodrigues, apesar de sua genialidade e importante e vasta obra literária, não era unanimidade e daí, talvez, sua contestação aos próprios críticos. Enfim, vale pela análise que pretendo fazer a partir de agora.
Lembremos que a seleção brasileira de 1982, comandada por Telê Santana, era uma unanimidade. Deu no que todos viram. Em 2008, senão unânime, Sílvio Félix  (PDT) bateu próximo a ela, em sua reeleição. O resultado assistimos entre novembro de 2011 e fevereiro de 2012. Dois exemplos marcantes. Um para a consciência nacional e outro para a local. Um pelo esporte e outro para a política, para citar duas áreas de difícil discussão. Na religião, nunca houve essa unanimidade.
Por isso, a revelação feita no domingo, pela pesquisa Gazeta-Limite Consultoria, não me assustou e nem me surpreendeu. O resultado de mais essa amostragem, agora com a definição de todos os candidatos sacramentada, bate em tudo com a leitura que venho fazendo da política local de algum tempo para cá. Porém, sem nunca externá-la publicamente. Até mesmo na questão dos votos brancos e nulos, que bate o segundo lugar do democrata Eliseu Daniel, tenho acertado. Evidente que sem números, pois não tenho como fazer uma medição da precisão de uma pesquisa técnica, como a realizada pela Limite e divulgada aqui nesta Gazeta.
Trata-se, com o porcentual de votos brancos e nulos totalizado, de um quadro de total indefinição, de rejeição e até mesmo protesto, ao que foi apresentado até aqui. E vale como sinal amarelo, já no laranja e que pode chegar rapidamente ao vermelho a todos os candidatos, dando o seguinte recado: os eleitores ainda não estão convencidos de que vocês merecem uma atenção maior e estão à espera de uma definição de propostas e programas de governo. E, principalmente, de transparência, integridade e honestidade com a sociedade limeirense, que deu uma resposta forte aos desmandos, ao pressionar os vereadores, exigindo a cassação de Félix. Uma mobilização real e democrática, que se apresenta, agora, sobre um número: 22,3%. Justamente daqueles que votarão branco ou nulo dia 7 de outubro. Quintal, do PSD, tem 24% e Eliseu Daniel, aparece com 21,1%. É um resultado representativo e preocupante. Indica um descontentamento temperado com descrédito, que pode até assustar alguns, porém é efetivo. Com o desenrolar da campanha e a entrada da propaganda eleitoral gratuita, no rádio e na TV, esse quadro pode mudar. Até para pior, conforme mostra pesquisa que a Gazeta publica hoje. Fica, porém, um alerta e um recado claros, de que essa resposta contém um significado. E são os próprios candidatos que devem entendê-lo.

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