Na sexta-feira, 24, no início da noite, conforme mostrou esta Gazeta,
a Justiça emitiu liminar proibindo a demolição do muro da escola Prada,
a primeira creche do município. Não houve tempo para notificação da
Prefeitura, que no sábado, 25, apesar de o prefeito Orlando José Zovico
(PDT) ter sido informado da medida judicial, emitida em representação do
vereador Ronei Martins (PT), os tratores não perdoaram um tijolo sequer
da construção. Zovico, é bom que se diga, não cometeu nenhuma
desobediência civil, pois como afirmou, não recebera a notificação
judicial. É de estranhar, entretanto, o fato de as máquinas trabalharem a
todo o vapor num sábado. Isso, porém, é uma outra história, que com
certeza terá muitas justificativas. Algumas técnicas, outras nem tanto.
As alegações do prefeito e suas frases de efeito, publicadas no domingo também na Gazeta,
do tipo "não sou candidato e não apoio ninguém. Deixem-me trabalhar",
soa autoritária demais e demonstra uma intenção deliberada de fazer
antes, e se explicar depois. Ora, se a obra é de interesse, para
melhorar o fluxo de tráfego, com a inauguração do viaduto sobre o
Barroca Funda - como deve ser mesmo - penso que o prefeito deveria fazer
uma visita rápida ao local e notar o grave erro de engenharia, em que
foi transformada, com a diferença entre os canteiros centrais, nos
cruzamentos da Alfredo Ferraz de Abreu, Alberto Ferreira e Comendador
Agostinho Prada, já mostrada em várias reportagens, e que pode
comprometer o trânsito e colocar em risco motoristas e motociclistas.
Explicações nada convincentes por parte da Secretaria de Obras, de que
no futuro o local ganhará uma rotatória e, portanto, o desnível não
preocupa, foram remendos malfeitos a um velho soneto: o do retrabalho. E
que vai custar ainda mais aos cofres públicos, pois destruirá tudo o
que foi construído para fazer de novo. E se a intenção era de fato uma
nova obra viária, a atual não deveria ter sido concluída como foi,
inclusive com as luminárias devidamente fixadas, que terão que ser
retiradas do local. Um raciocínio objetivo, que contradiz a retórica
oficial. E mostra que, entra governo, sai governo, e por mais boa
intenção que se tenha, falta compromisso com a sociedade.
Ora, se uma obra é importante e pode implicar danos irreparáveis à
própria memória histórica do município, não é preciso esperar laudos e
nem culpar a burocracia ou entidades. É preciso diálogo, o que,
infelizmente, não há entre o poder público e a sociedade. Seja Paulo,
Jurandyr, Pedro, José, Silvio ou Orlando - e quem mais se puder lembrar -
o bom senso, não faz parte do dicionário, no qual costumam ler. Essa
visão imediatista é uma deformação grave na forma de conduzir a
política, que beira ao populismo, e precisa ser banida da vida pública.
Neste caso, tijolo no chão não volta a ser muro. A história? Que se dane
a história.
terça-feira, 28 de agosto de 2012
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