Pages

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Bom senso. Que falta que faz...

Na sexta-feira, 24, no início da noite, conforme mostrou esta Gazeta, a Justiça emitiu liminar proibindo a demolição do muro da escola Prada, a primeira creche do município. Não houve tempo para notificação da Prefeitura, que no sábado, 25, apesar de o prefeito Orlando José Zovico (PDT) ter sido informado da medida judicial, emitida em representação do vereador Ronei Martins (PT), os tratores não perdoaram um tijolo sequer da construção. Zovico, é bom que se diga, não cometeu nenhuma desobediência civil, pois como afirmou, não recebera a notificação judicial. É de estranhar, entretanto, o fato de as máquinas trabalharem a todo o vapor num sábado. Isso, porém, é uma outra história, que com certeza terá muitas justificativas. Algumas técnicas, outras nem tanto.
As alegações do prefeito e suas frases de efeito, publicadas no domingo também na Gazeta, do tipo "não sou candidato e não apoio ninguém. Deixem-me trabalhar", soa autoritária demais e demonstra uma intenção deliberada de fazer antes, e se explicar depois. Ora, se a obra é de interesse, para melhorar o fluxo de tráfego, com a inauguração do viaduto sobre o Barroca Funda - como deve ser mesmo - penso que o prefeito deveria fazer uma visita rápida ao local e notar o grave erro de engenharia, em que foi transformada, com a diferença entre os canteiros centrais, nos cruzamentos da Alfredo Ferraz de Abreu, Alberto Ferreira e Comendador Agostinho Prada, já mostrada em várias reportagens, e que pode comprometer o trânsito e colocar em risco motoristas e motociclistas.
Explicações nada convincentes por parte da Secretaria de Obras, de que no futuro o local ganhará uma rotatória e, portanto, o desnível não preocupa, foram remendos malfeitos a um velho soneto: o do retrabalho. E que vai custar ainda mais aos cofres públicos, pois destruirá tudo o que foi construído para fazer de novo. E se a intenção era de fato uma nova obra viária, a atual não deveria ter sido concluída como foi, inclusive com as luminárias devidamente fixadas, que terão que ser retiradas do local.  Um raciocínio objetivo, que contradiz a retórica oficial. E mostra que, entra governo, sai governo, e por mais boa intenção que se tenha, falta compromisso com a sociedade.
Ora, se uma obra é importante e pode implicar danos irreparáveis à própria memória histórica do município, não é preciso esperar laudos e nem culpar a burocracia ou entidades. É preciso diálogo, o que, infelizmente, não há entre o poder público e a sociedade. Seja Paulo, Jurandyr, Pedro, José, Silvio ou Orlando - e quem mais se puder lembrar - o bom senso, não faz parte do dicionário, no qual costumam ler. Essa visão imediatista é uma deformação grave na forma de conduzir a política, que beira ao populismo, e precisa ser banida da vida pública. Neste caso, tijolo no chão não volta a ser muro. A história? Que se dane a história.

0 comentários: