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segunda-feira, 6 de agosto de 2012

No cardápio do mês, o mensalão na mesa do STF

Ninguém, em sã - e insana também - consciência espera outro resultado a não ser a condenação dos réus do chamado mensalão do PT, prática que ficou nacionalmente conhecida após o canto do tenor Roberto Jefferson (PTB), que disparou e atingiu com tiros certeiros figuras carimbadas da direção petista e parlamentares de outros partidos também. Mensalão - que ainda não tinha esse nome - que vem dos tempos do governo do peessedebista FHC, quando houve muito dinheiro correndo para a aprovação da proposta de reeleição para o cargo de presidente, coincidentemente o próprio tucano. E por tabela dos demais cargos executivos: prefeitos e governadores. Prática também de outro tucano, o então governador mineiro, hoje senador, Eduardo Azeredo. O clamor popular, e com razão, pede a condenação dessa prática de corrupção que se instalou nos gabinetes governamentais (não há santo e nem inocentes nessa história) e punição aos seus praticantes. Os ministros da Suprema Corte têm nas mãos a chance histórica de mandar alguns colarinhos brancos à cadeia. E dar um basta à impunidade.

Hipocrisias à parte
É preciso dar um basta, também, a alguns comportamentos hipócritas de lavar apenas a roupa-suja dos outros, esquecendo-se de limpar a própria primeiro. Muito comum àqueles que bafejam seriedade e ética, sem levar em consideração essas duas características que qualificam o ser humano. Espera-se que ao passar a limpo esse triste período da nossa história, o STF abra precedentes para novas punições.

Mensalões atuais
Como bem escreveu na revista IstoÉ desta semana, o jornalista e colunista Leonardo Attuch, os mensalões continuam. Se na era FHC, pagou-se para garantir sua reeleição e na de Lula, por apoio parlamentar, hoje não se paga em dinheiro. Paga-se com cargos de primeiro, segundo e terceiro escalões. Uma prática que não isenta nenhum partido ou ideologia. Nem tucanos; nem petistas. Um dia isso acaba.

A prática é danosa
De qualquer forma, esse tipo de atividade arraigada na cultura política nacional, tem muito a ver conosco, cidadãos e eleitores, quando elegemos ou reelegemos muitos dos envolvidos em ações nada republicanas. Da privataria emplumada aos mensaleiros vermelhos. É evidente que nenhum dos lados admite esses delizes, disparando contra os adversários. Mais uma vez - e é sempre bom lembrar - o poder de acabar com tudo isso está em nossas mãos, quando estivermos teclando nas urnas eletrônicas os números de nossa preferência. Sempre foi e sempre será assim. Basta que façamos a escolha acertada. E não a menos pior como pregam alguns, quando defendem o chamado voto útil, pois voto útil é aquele que elege sempre o melhor.

Redes sem peixes    
Ainda é cedo para uma avaliação, mas a campanha eleitoral pelas redes sociais anda apagada. Os candidatos não estão sabendo usar essa importante ferramenta. É preciso explorá-las, trazendo propostas e programas de governo; fomentando debates, não banners destinados a cartazes ou outras mídias, como a impressa. Não adianta repetir no monitor do computador o que está impresso em jornais. Os marqueteiros, parece-me, estão sofrendo de falta de criatividade. Vamos aguardar.

Um sabor amargo
Nas primeiras sessões mais sérias da CPI da Merenda, o esquema iniciado em 2005 levou um xeque-mate. Como sempre esteve desde o primeiro momento. Tudo o que as merendeiras, motoristas e o Conselho de Alimentação Escolar estão denunciando agora já era de conhecimento de todos. Menos da então base governista de Silvio Félix, que sempre o protegeu. A comida estragada na boca das crianças limeirenses nunca esteve no cardápio dos parlamentares que sustentavam o prefeito cassado, nem na mesa do então secretário da Educação, Antonio Montesano Neto e nem na do próprio Félix. Deixaram passar carne sebosa por filé mignon, sem o mínimo pudor. Sem nenhuma vergonha.

Antes tarde, que...
...nunca. Uma pena as merendeiras e todos os profissionais que gravitavam em torno dessa merenda não tenham tido coragem de denunciar antes. Teriam prestado um serviço e tanto à comunidade e à saúde das crianças.

Desrespeito total
Tudo isso porque os próprios vereadores da primeira CPI ( de maioria governista) tiveram nas mãos - e na consciência - uma oportunidade anterior para desvendar essa verdadeira - e até então - caixa-preta e preferiram contemporizar. Foram omissos, ausentes e coniventes. Deram na boca, e com colher, comida estragada a muitas crianças da rede municipal de ensino. Será que conseguem conviver com isso sem conflitos? Duvido.

Pergunta rápida
Qual mensalão custou mais caro ao País, o de FHC e sua reeleição ou o de Lula para seu apoio parlamentar no Congresso?

E dinheiro é tudo
É fácil notar, em Limeira, o poder da campanha de cada prefeiturável. Refletem, em todos os requisitos, o patrimônio financeiro declarado por eles. A ostentação é revelada pelos comitês dos candidatos e sua logística. Ninguém consegue esconder. Nem que tente.

Para não esquecer
Enquanto o grande patrocínio esportivo morre nas mãos dos cabeças-de-bagre do futebol, nunca o Brasil conseguirá se transformar num tubarão olímpico.

Frase da semana

"Eu orava quando uma criança vomitava". Da merendeira Fátima de Araújo Rozendo, em depoimento à CPI da Merenda, sobre a qualidade da comida servida pela empresa terceirizada. Na Gazeta de Limeira, sexta-feira, dia 3.

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