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terça-feira, 14 de agosto de 2012

Medalha de ouro em deseducação

Li, reli e analisei muitos comentários de especialistas na área esportiva - blogueiros em sua maioria, afeitos às mazelas do futebol - sobre a campanha do Brasil na Olimpíada de Londres. Sociólogos, ex-atletas e até analistas políticos também deram seus pitacos e, dessa forma, sinto-me no direito de me aventurar por essa área, mesmo não sendo a de minha atividade cotidiana. O País não tem e nunca teve tradição nos esportes olímpicos. Os verdadeiramente olímpicos, que não conhecem a cor do dinheiro e muito menos contam com apoio ou patrocínio de peso. A não ser de estatais ou mistas, porém nem todos. E, às vezes, sobressaem mesmo assim.
Por não ser - e ainda está longe disso - uma potência olímpica, o Brasil vai continuar contando os ouro, prata e bronze e celebrando cada medalha ganha, comparando campanhas anteriores e sonhando sempre com a próxima edição dos jogos, que coincidentemente será no Rio de  Janeiro. Em 2016. Por isso, não se pode considerar a campanha brasileira pífia ou ridicularizar atletas ou modalidades esportivas, enquando apostar até o último centavo no derrotado futebol, composto por verdadeiras estrelas da publicidade, porém pseudocraques e desprovidos da noção de Pátria, como rotineiramente se vê em altetas de outros países. O único patriotismo que ostentam é o quanto conseguirão engordar suas polpudas contas bancárias. Tornam-se, assim, coadjuvantes num espetáculo no qual deveriam ser protagonistas. Somos frutos de nossa própria deseducação.
Ao desmerecer as poucas conquistas, que podem ser consideradas brilhantes e algumas inéditas, para ficar focado apenas em uma modalidade esportiva, por sinal a mais badalada, estrelada e bem remunerada, ou seja, o futebol, e suas seguidas derrotas, é assinar atestado de incompetência com firma reconhecida. É aceitar definitivamente o complexo de vira-latas, como condição permanente, colocando a culpa do próprio fracasso no sucesso alheio. Mais uma vez foi isso que se viu nesses últimos 20 dias e provavelmente não será diferente daqui a quatro anos, se não houver uma mudança de postura e nas prioridades. Em quatro anos, é bem verdade, não se forma um campeão, mas pode garantir estrutura para que os atuais e outros já em formação, mantenham esse status.
É inadmissível que não haja, na imensidão do território brasileiro, outros talentos como o da piauiense Sarah Menezes e do paulista Arthur Zanetti. É preciso, entretanto, garimpá-los e dispensar-lhes tratamento digno, que começa com uma educação de qualidade, para ter garantida a formação de uma personalidade sem distorções. Sem desvios no caráter. Se as vitórias brasileiras foram exemplos de superação é chegada a hora de o País mirar-se nelas. E aceitar que cada um, do governo à iniciativa privada, passando pela mídia, tem seu porcentual de culpa, não pelas derrotas e decepções, mas por não ter contribuído por um resultado melhor.

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