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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

As chuvas, as promessas e a lama da corrupção

Da tempestade política pela qual Limeira está passando e sendo levada numa enxurrada de lama, para a tempestade real, esse fenômeno natural que assuta,
destrói, mata e traz prejuízos incalculáveis, há uma conclusão óbvia a se tirar. Uma acaba sendo consequência da outra. Não de forma direta, porque corrupção não provoca evaporação - a não ser de dinheiro - nem forma nuvens propícias à precipitação pluviométrica, mas normalmente leva de roldão o que deveria ser investido, pelo poder público, no tratamento às causas dessas catástrofes e, assim, evitar suas consequências.
Por que a comparação? É simples. Pelo País todo, caminhando pelos estados da Federação até chegar aos municípios, o sofrimento causado pelas chuvas fortes
são sempre inomináveis. Desde perdas de vidas a prejuízos materiais, que ano a ano só aumentam. Atingem sempre os mesmos locais, que invariavelmente foram
promessas eleitorais de campanhas ou compromissos - descompromissados - assumidos a cada tragédia. O agente político estufa o peito, enche-se de vigor e promete até o impossível. Promessas agravadas sempre, ao entrar e sair dos anos, pelo seu não cumprimento. Se fossem não seríamos obrigados a noticiar, neste período de águas plenas, manchetando sempre, os estragos e os prejuízos das chuvas, que são anunciadas, previstas e caem sem piedade.
Os comerciantes do Mercado Modelo, o nosso tradiconal Mercadão, que o digam. Os que precisam se utilizar do mal desenhado e acabado projeto da Ponte Preta, que veio com "a solução" a esse rotineiro problema e só o agravou, que respondam. Um círculo vicioso que roda, roda, não sai e nem chega a lugar nenhum, a não ser às páginas dos jornais e imagens de televisão, sempre impactantes. Pela segunda vez neste janeiro, a Gazeta traz, num final de semana, entre o sábado e o domingo, a manchete da segunda-feira, ilustrada com as mais inusitadas fotos. Ressalve-se, que ninguém é inocente a ponto de não entender a fúria da natureza, que nem sempre se aplaca com obras. Árvores arrancadas, destruindo carros ou danificando a rede elétrica, obstruindo ruas inteiras e até mesmo estradas, são situações que não dá para serem evitadas. Para situações pontuais e conhecidas, entretanto, acredito, como a maioria dos cidadãos, nas chamadas medidas preventivas. Em obras inteligentes, que com certeza não evitarão as chuvas, porém amenizarão suas consequências menos desejadas.
É nesse ponto, porém, que tudo se amarra e nos vem à memória - no meu caso das últimas três décadas - de fotos posadas de prefeitos e secretários no entorno do Mercadão ou ao lado das máquinas no viaduto da Ponte Preta. Com as mãos na cintura, olhando os estragos e anunciando as soluções. E lá se vão esses trinta anos e tudo se repete. Alagamentos, destruição, novos prejuízos e a certeza de sempre, a vontade de recomeçar daqueles que perdem alguma coisa ou o pouco que têm. Sabendo que no próximo janeiro tudo se repetirá. Inclusive as poses dos agentes públicos, com seus semblantes preocupados. Prontos para prometer novamente.

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