Apesar de não ser a primeira vez que trato do tema, sempre que uma ameaça real e imediata pela ação de terceiros for desaguar no tenebroso mar da censura, é preciso voltar ao assunto, para que em ninguém pairem dúvidas sobre a importância do livre expressar do pensamento, através de uma imprensa também livre. Pois quando se tenta cercear - ou calar mesmo - jornais, rádios, TVs e jornalistas, atinge-se o coração da democracia.
Do venezuelano Hugo Chávez ao boliviano Evo Morales, passando pelo equatoriano Rafael Corrêa e até mesmo pelo presidente Lula, em episódios em que ele também esteve na linha de frente, atacando jornalistas e empresas jornalísticas, nada é mais danoso que atos silenciosos de cerceamento à informação. As pressões disfarçadas de auditorias fiscais, como fez Cristina Kirchner com o jornal Clarín à intervenção inoportuna da Casa Branca num jornal norte-americano que questionou o Prêmio Nobel são as mais recentes investidas de governos ditos democráticos contra os meios de comunicação mais críticos e independentes.
A ação patrocinada pela Diocese de Limeira, assinada pelo bispo dom Vilson Dias de Oliveira e pelo vigário-geral, padre Reynaldo Ferreira de Mello, foi muito mais que isso, porque partiu de pessoas acostumadas a se utilizar da imprensa para expor seus pensamentos e de uma instituição - a Igreja - que, invariavelmente, está na linha de frente e abre trincheiras, quando é preciso lutar contra o autoritarismo. Que tem na imprensa uma aliada e sempre se alia na hora de combater o bom combate contra as mazelas do mundo. Sejam elas tanto nas áreas social e econômica, como na política. Como o fez à época da ditadura militar e de outras, que passaram por aqui e se alastraram pelo continente Sul Americano. Foi um verdadeiro tiro no escuro, dado por quem, inclusive, é ligado ao segmento da comunicação, através de uma das pastorais da Igreja Católica. No caso a Pastoral da Comunicação, que tem em dom Vilson um de seus diretores regionais.
A atitude dos dois religiosos está fora de qualquer compreensão humana. É inconcebível ação dessa natureza, por que em nenhum momento se questionaram as tomadas de decisões, que são de foro interno da própria Igreja (e isso foi respeitado), mas sim a pouca clareza dessas decisões, que deixaram os fiéis inquietos. Seria lógico, e nesse caso não haveria nenhuma contestação, que ambos se dirigissem àqueles a quem consideraram seus verdadeiros e diretos agressores verbais sobre as transferências de padres locais. E não generalizassem, tentando forçar a barra através de uma censura prévia, de triste e odiosa lembrança. Inconstitucional.
Se aqui em Limeira, um juiz garantiu a liberdade da imprensa, os riscos ao exercício do bom jornalismo, entretanto, continuam. Em países pobres ou ricos. Se nós, jornalistas, temos o sagrado dever de informar com exatidão e livres dos vícios do açodamento do poder, a opinião pública tem o direito à informação. É justo!
Antonio Claudio Bontorim
terça-feira, 10 de novembro de 2009
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