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quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O Lula, lá...
...em Brasília. E o Sílvio, aqui em Limeira. Ambos, apesar de guardadas as devidas proporções, estão firmes na construção de candidaturas políticas, que garantam a continuidade de suas obras. Lula, embalado na sua popularidade, tenta construir Dilma Rousseff à Presidência da República em 2010. E, também em 2010, Félix está, alavancado pelos 80% do eleitorado que nele votou, tenta construir Constância Félix, sua esposa, visando a uma vaga na Assembléia Legislativa.

A tiracolo!!!
Assim como Lula faz com Dilma, levando-a para lá e para cá, tentando popularizar sua imagem, Sílvio Félix embalou na mesma rotina e tem sido visto cada vez mais acompanhando Constância e exaltando seu nome, tomando o devido cuidado para não caracterizar propaganda antecipada. Em evento esportivo, promovido por esta Gazeta, na última terça-feira, não foi diferente. Lá estavam os dois. Com sorrisos e apertos de mão. Isso ainda pode!

Mãos sujas
O Supremo determinou e o Senado não cumpriu. E a cassação imediata do senador Expedito Júnior (PSDB-RO), por abuso de poder econômico durante as eleições de 2006 determinada pelo STF está parada na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, para defesa do senador. Sem brechas para questionar a decisão da Justiça, o presidente José Sarney (PMDB-AP) chegou a ironizar e entre sorrisos proporciona mais essa aula de incivilidade e desobediência, tentando provar que os senadores são intocáveis. É (tanto aqui quanto lá) nas mãos desses políticos que nós estamos. Parece que o coronel maranhense está voltando atrás!

Inexplicável
Confesso que fiquei perplexo, ontem pela manhã, quando peguei a Gazeta para a leitura ao me deparar com a informação de que o bispo Diocesano, dom Vilson Dias de Oliveira, e o vigário-geral, Reynaldo Ferreira de Mello, resolveram entrar com uma liminar na Justiça para que não fossem vítimas de ofensas por jornalistas e pela imprensa. Lembrei-me, de pronto, de um juiz federal que proibiu, a pedido do senador José Sarney, que o jornal “O Estado de S. Paulo” publicasse matérias sobre as investigações contra seu filho, Fernando Sarney. Apesar de o padre Reynaldo ter afirmado, na matéria da Gazeta, que a intenção não é proibir a divulgação de informações da Diocese, não vejo, sinceramente, diferença alguma entre um pedido e outro. Isso nada mais é do que censura prévia.

Inaceitável
Do ponto de vista da liberdade de expressão, não vejo muita diferença, também, entre as incursões de Hugo Chávez contra a imprensa venezuelana, de ações dessa natureza. Sejam quais forem e de onde partam. Mesmo porque, até agora, não li nenhuma ofensa nas matérias publicadas e nos debates pelas emissoras de rádio e TV sobre o tema transferência de padres. Apenas o que notei foram questionamentos e com o direito ao contraditório. Ou para ser mais explícito, o direito de resposta, sendo garantido para ambas as partes. Se questionar a Igreja é ofender, então todos nós - até os fiéis católicos - estamos juntos. Porque os limeirenses estão questionando e se movimentando contra essas decisões, até com abaixo-assinados, tendo eu mesmo um deles em mãos para assinar.

É um direito
O Brasil é um país reconhecido e oficialmente laico, e não há como não questionar ações que careçam de melhores explicações. E essa da Diocese de Limeira - sem o mérito interno e hierárquico da questão - está sem explicação lógica. Espera-se, pelo bem da liberdade de imprensa e da democracia, que a Justiça pondere sobre o pedido e o rejeite, de pronto. É sempre bom lembrar que a censura prévia fere a Constituição Federal. Venha de onde vier!

Antonio Claudio Bontorim

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