Tempo de turbulências e de
nuvens carregadas. E um tsunami diário a abalar as bases frágeis de um governo
que, a cada dia, se entende menos. Nem com ele próprio e nem com seus aliados.
Os discursos não se alinham às práticas e as contradições não dão descanso à
presidente Dilma Rousseff (PT), que vai se perdendo em afirmações, em tom de
campanha eleitoral e não de mandato. A campanha já passou. É preciso governar.
Mesmo que com medidas impopulares, que são as mais pedidas agora e, pasmem
todos os senhores e senhoras que me leem agora, são semelhantes – até mais
dóceis e suaves, ouso afirmar – caso o senador Aécio Neves (PSDB) tivesse
vencido as eleições. A questão não é esta, porque nem mesmo a oposição assusta
e muito menos tem discurso afinado entre eles próprios. O problema é bem pior.
É com a própria base de sustentação do governo no Congresso, que hoje vem
minando as ações do Poder Executivo, sejam elas acertadas ou não.
Principalmente pelas ações de sabotagem cada vez menos disfarçadas do
presidente da Câmara, o peemedebista Eduardo Cunha, e do outro presidente, o do
Senado, Renan Calheiros, coincidentemente do mesmo partido, que como não tem um
projeto de governo e há décadas vive como parasita no poder central. Locupleta-se
dele e acaba cuspindo no próprio prato que come.
Por isso, a maré sobe a cada
dia, pronta para afogar aqueles que não souberem nadar. Alguns tentam, com
salva-vidas ou braçadas desencontradas, fugir dessas águas, que além da
correnteza estão turvas. Misturadas à lama que sai do seu leito e invade o
cenário político nacional. Do alto de sua arrogância, Dilma não soube agradar ao
PMDB, que apesar de ter o vice-presidente da República, não se contenta com
pouco. Fisiológico como ele só, o partido tem uma ganância pelo poder, não o
político, mas o de controlar todos os escalões, empregando afiliados e
militantes, parentes e amigos. Dilma não avaliou o estrago que ela própria
estava promovendo, ao se encastelar e fugir do diálogo com os próprios aliados,
que hoje representam seu maior adversário. E, nesse caso, some-se ao caos o
partido da própria mandatária, o PT, que se mostra cada vez mais descontente
com as medidas restritivas tomadas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que
tem o corpo todo no ninho tucano. Por isso, escrevi, lá no início, que com o
PSDB no poder, o arrocho seria ainda maior. Apenas uma constatação.
Ora, se entre eles não há
entendimento, o que dizer então do entendimento nacional. Daqui para frente,
mesmo que novas e acertadas medidas sejam tomadas, o “quanto pior melhor”, já
está instalado. E vai se arrastar até 2018. A hipocrisia tem tomado o lugar da
razão e é uma poderosa arma nas mãos da oposição. Mesmo até os mais aprumados
começam a fazer onda. Cunha e Calheiros impuseram a Dilma um parlamentarismo
disfarçado e agora se deliciam com isso. Não estão preocupados com a nação
brasileira, com seus próprios umbigos, que a qualquer momento começarão também
a submergir na lama. O pior inimigo é aquele que está ao nosso lado, fazendo-se
de amigo. E está dentro do próprio governo.
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