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terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Nem ao céu; muito menos ao inferno

Não há quem não aposte, hoje, no caos para 2015. Há otimistas. Mas estes são sufocados pela voracidade dos pessimistas, que de hora em hora bate em tudo quanto é tecla para desenhar os mais obscuros cenários possíveis. Tanto na política quanto na economia. A grande mídia, que dá vez e voz aos pregoeiros da ingovernabilidade, não garante o mesmo espaço a quem ainda acredita numa saída possível e na retomada do processo natural da vida após as eleições de outubro. Nem tudo está tão ruim que não possa melhorar e nem tão cômodo, que não possa piorar. Talvez essa seja a perspectiva do governo federal em contrapartida ao recado que a oposição quer passar. Ambos estão corretos e errados ao mesmo tempo. O governo, a quem cumpre a obrigação de mostrar boa vontade e ações concretas; e a própria oposição, que não enxerga nada além do 26 de outubro e pretende (isso fica claro pelas reações de seus representantes) estender até onde puder o segundo turno do pleito eleitoral presidencial. E não falo em terceiro turno, não. Que não existe. Apenas ouso acreditar nas minhas próprias percepções para entender esse movimento de continuidade do que já passou. E pela forma como aconteceu, ainda não foi digerido pela derrota, que expõe essa indisposição.  É o continuar arrotando a própria azia.
É fato que o ano que se aproxima, e está a poucas horas de seu parto, não será nada fácil. Para ninguém. A questão política, que expus acima, é apenas uma das características a ser discutida em meio a tempestade que está por vir. Se depender de alguns será o verdadeiro dilúvio, mas não de água e sim de petróleo, que há alguns meses jorra manchando a imagem de uma das mais sólidas empresas do País, a Petrobras. Criou-se o estigma do “petrolão” – numa alusão ao mensalão petista, que já foi também dos tucanos – através dos sucessivos escândalos na administração da estatal, que veio à tona durante o processo eleitoral. Isso porque já se sabia do problema – e ele estava criado – muito antes de tudo acontecer. O falecido jornalista Paulo Francis já alertava lá atrás, ainda na gestão de Fernando Henrique Cardoso à frente da Presidência da República, que se extraía muito mais do que apenas óleo das plataformas e torres de prospecção. Agora virou mote para descredenciar o futuro. E não há nada de errado nessa previsão, se o próprio governo não assumir o problema e fizer um expurgo completo na direção da empresa, se quiser retomar a credibilidade. Teimosia é de que o País menos precisa neste momento, em que a presidente Dilma Rousseff (PT) está prestes a assumir seu segundo mandato.
E se as expectativas políticas não são boas e a economia está em frangalhos, independentemente de quem faça esse prognóstico, só há uma maneira de aliviar essa pressão. Trabalho sério, obstinado, e condução técnica do novo mandato, porém, sem deixar a política se desvalorizar. E se deteriorar. Dentro do papel que cabe a cada um, os opositores vão continuar no caminho que lhes foram determinados. É assim que funciona. E a situação precisa trilhar o seu, para que a população tenha uma jornada sem sobressaltos. Pelo sim e pelo não, a prática é bem diferente da teoria, mas é ela quem dita o que vamos ter em 2015, para que 2014 seja apenas o ano passado.  

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