Pages

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

A democracia basta aos espíritos insanos

“Todo indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão”. Artigo 19, da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela Organização das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948. Não há nada que simbolize mais a democracia, como a conhecemos e aprendemos com sua prática, do que o trecho que está posto acima. Não há democracia, que funcione sem uma imprensa livre e que respeite a diversidade de ideias e sua difusão. Mesmo que sejam contrárias a esse regime de governo, profanando os ideais libertários nele implícitos. E, da mesma forma que seus defensores, aqueles que proclamam regimes ditatoriais sanguinários como solução política (e já fomos o próprio exemplo disso) também têm na democracia o principal meio legal para difundir suas preferências, sem que sejam tolhidos desse direito. Um movimento que seria impossível, invertendo-se esses valores.
Nada mais justo, portanto, que seja a democracia o regime preferido pela maioria dos brasileiros, conforme mostrou pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha entre os dias 2 e 3 de dezembro e publicada ontem, pelo jornal Folha de S. Paulo. E o resultado foi – e é – animador. Dos entrevistados, 66% acreditam que é o melhor regime de governo, contra 14% que dizem tanto fazer um como o outro e, apenas 12%, defendendo a ditadura. Uma resposta oportuna em momento mais oportuno ainda, quando grupos isolados e justamente se utilizando do direito à livre expressão de pensamento, conclamam a volta dos militares ao poder. De triste e trágica memória. E o que é mais interessante ainda, essa percepção quanto a regimes de governo, está implícita em todas as camadas sociais. Apenas com ligeira variação de porcentuais, o que indica onde aumenta ou diminui a incidência de simpatizantes ao autoritarismo do Estado contra o direito básico do cidadão.
Uma pesquisa que vem em boa hora, também, para mostrar que ainda deve prevalecer a vontade da maioria, medida entre o direito à escolha e a suas próprias opiniões, com peso na relevância de seus números. Há quem discorde disso, o que também faz parte da democracia, mas a balança se move onde o peso é maior. Não importa se em gramas, quilos ou toneladas, mas na sua representação. E que não se aconselha, também, em qualquer hipótese, menosprezar a força da minoria. Principalmente quando há um equilíbrio maior entre os dois lados. Como o resultado da última eleição presidencial no Brasil.     
A principal lição que se pode tirar desses números apresentados na pesquisa do Datafolha, é que o país amadurece, apesar do ainda curto tempo de regime democrático experimentado desde o fim da ditadura militar. E que sirva de advertência real à insanidade que habita alguns espíritos desprovidos de respeito para com seus semelhantes. E com eles próprios.    

0 comentários: