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terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Martírio natalino de um trânsito caótico

Trafegar à noite pela área central da cidade, com o início de horário especial de Natal, está causando transtornos inomináveis aos consumidores. E não é apenas por conta do movimento nas lojas, não, que aparentemente não está ruim, porém, ainda é difícil de avaliar se está dentro do esperado. Com o tempo reduzido à noite, os semáforos disponibilizam 12, 14 segundos com a luz verde, o que quase não dá, em certos momentos, para atravessar de um cruzamento a outro sem que o próximo esteja com a luz vermelha acionada. E, além disso, para complicar o que já está complicado, não há um mínimo de sincronismo possível entre eles, amarrando o trânsito, que já não flui em dias normais.
Este é um tema recorrente, mas que não sai da pauta há muito tempo. Ouvem-se explicações e anúncios periódicos de que o sistema está passando por atualização e os problemas serão resolvidos, para que haja maior fluidez no tráfego. A prática, porém, tem se revelado diametralmente oposta às medidas divulgadas. E o tempo vai passando e o sinal continua com a luz vermelha acesa. Os exemplos são claros e comprovam essa falta de coerência entre discurso e atitude. De sincronismo mesmo, para não perder o trocadilho.
Se em dias normais esses problemas noturnos – porque os diurnos nem contam mais – já existem, agora com a concentração de veículos circulando pelas principais ruas do centro, também à noite, eles ficam mais evidentes ainda. E essa confusão toda compromete, também, a circulação dos próprios pedestres, que desde o último dia 8, já compõem a paisagem noturna das principais ruas comerciais do quadrilátero central e do Centro Acima, para as compras de Natal e fim de ano. A mobilidade urbana fica, dessa forma, extremamente comprometida e pode até desestimular o consumo, dado ao caos e à falta de opções para uma locomoção mais rápida. E é sabido que os empresários do setor, se não estão otimistas ao extremo, ainda esperam por um desempenho igual ao do ano passado, o poder público tem a obrigação de contribuir com sua fatia nos serviços que lhe cabem. E o trânsito é um deles. É do próprio interesse desse poder público o aumento no consumo e na circulação – essa palavrinha persegue mesmo – de dinheiro, pois incidirá na arrecadação e, portanto, nas contas públicas, alvo de constantes reclamações da administração municipal, quando anuncia a paralisação de alguns de seus serviços, por conta da escassez de dinheiro.
E é apenas eficiência que se cobra. E eficiência, cá entre nós, não é gasto. É investimento. E tem retorno garantido. Não custa, portanto, um pouquinho mais de atenção da Secretaria de Mobilidade Urbana para com esse problema crônico do Município. Como costumo cobrar, também, uma experiência prática das autoridades do trânsito, em se utilizar das ruas centrais nos horários de pico e, agora, no período noturno. Penso que a secretária Andrea Júlia Soares deveria ir às compras para uma experiência prática.
Há décadas que soluções são prometidas, mas entra governo e sai (des)governo e nada muda. O vício de origem nunca foi curado. Difícil saber se a manutenção é que é ruim ou a gestão pública que é incompetente.

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