Pages

domingo, 28 de dezembro de 2014

2014: um ano que insistem para não acabar

Mais alguns dias. Quatro, precisamente. Esse é o tempo que falta para o fim de 2014, sem dúvida um dos mais conturbados anos vividos pelos brasileiros. Em todos os sentidos. Quem pensou que as manifestações de junho de 2013 seriam o auge das transformações políticas e sociais do Brasil deve estar frustrado. Eu estou. Não fazia nem ideia do que o ano seguinte, este que agora se finda, reservava de novidades e surpresas. E não foi apenas os 7 a 1 sofridos pelo Brasil contra a Alemanha na Copa do Mundo da Fifa disputada por aqui, não. Estava ainda por estourar uma das mais graves crises no governo federal, o escândalo da Petrobras, ou “petrolão”, como insistem alguns, e, ao longo dos últimos meses, uma das maiores crises hídricas enfrentadas na região Sudeste, especialmente em São Paulo. Isso sem falar na eleição presidencial, essa sim ainda não finda, por conta daqueles que insistem num terceiro turno, ao não assimilar nova derrota nas urnas. Votos disputados e votos conquistados, que ao final deram a vitória – e reeleição – à presidente Dilma Rousseff (PT), sobre o senador tucano mineiro Aécio Neves. Que ainda causa azia ao PSDB.

Um ano esquisito
Mas vamos a 2014 e suas mazelas. O ano começava sobre a égide das eleições – quase gerais – e das expectativas em torno da Copa do Mundo, que seria disputada em terras tupiniquins. A polarização parecia, novamente, tomar conta das disputas entre PT e PSDB, mais uma vez. Dilma seguia tranquila, Aécio Neves não empolgava e a então terceira via, Eduardo Campos (PSB), não decolava.

A corrida eleitoral
Mesmo tendo Marina Silva (ex-PTe PV e que não conseguiu registrar seu partido, a Rede Sustentabilidade) como vice, o ex-governador de Pernambuco patinava nas pesquisas. A ex-senadora não conseguia transferir sua expressiva votação de 2010 – o que era esperado – para a chapa que então compunha com Campos. Ainda não oficializada, as candidaturas seguiam seu rumo.

Não correspondeu
Nesse espaço, entre a oficialização das candidaturas e o início da campanha eleitoral, veio a Copa. Começou bem, organização impecável, estádios cheios, contrariando todas as expectativas da barbárie que se anunciava, com manifestações e tudo o mais. Sucesso organizacional, fracasso dentro de campo. O Brasil foi goleado pela Alemanha por 7 a 1. Fim do sonho do hexacampeonato. Frustração nacional.

Caminho diferente
Finda a Copa, os prazos eleitorais indicavam início de campanha eleitoral. Um segundo semestre que mudaria os rumos do País, pelo menos temporariamente. Em agosto, no dia 13, em acidente de avião, em Santos, morre Eduardo Campos. Marina Silva assume a cabeça de chapa e começa a dar dor de cabeça. Deixa Aécio Neves na rabeira, e ameaça Dilma. A polarização parecia ter chegado ao fim.

Mudança de rumo

Tudo se encaminhava para uma disputa, em segundo turno, entre a petista e a pessebista, para desespero do tucanato. Marina, entretanto, escorregou nos debates, assumiu posturas progressistas, depois refutadas por ela própria por pressão religiosa e, na reta final, acabou desbancada por Aécio Neves, que enfrentou a presidente no segundo turno. E veio a mais sórdida campanha possível e imaginável.

Com unhas e dentes
Dilma e Aécio não fizeram campanha. Não debateram ideias e nem propostas. Preferiram se engalfinhar, transformando a campanha em rinha de briga. A campanha descambou para o desespero do tucano, que acabou levando a uma polarização perigosa, incentivando preconceitos entre classes sociais e criando a velha tática do bem contra o mal. O show de raiva e ódio, entretanto, não mudou o resultado final do pleito. 

O carro puxa o boi
Dilma Rousseff foi reeleita, mas a disputa ainda não acabou. Caminha agora sob os auspícios da Petrobras, que não para de revelar escândalos. Faz-se muito juízo de valor, sem que as provas venham à tona. As delações por enquanto não vieram a público, mas as especulações tomaram conta de tudo e de todos. Entre afirmativas e negativas, tudo ainda é sigiloso e, portanto, não permite elucubrações. De nenhum dos lados.

E que chegue logo
Enfim, 2015 se aproxima e já é um ano emblemático. Por mais que tentemos chegar a conclusões, elas não vêm. Há uma névoa a cobrir nossas visões, que só serão dissipadas quando ele de fato chegar. Política é política, e não tem previsão.

Pimentel e Dino...
Nos Estados da federação, apenas três surpresas. Em Minas Gerais, na Bahia e no Maranhão. Em Minas o petista Fernando Pimentel desbancou o tucano Pimenta da Veiga e impôs derrota histórica aos tucanos, na terra de Aécio Neves. Na Bahia, o petista Rui Costa virou espetacularmente sobre o democrata Paulo Souto e mantém o partido no poder. E, no Maranhão, o comunista Flávio Dino desbancou Lobão Filho e tirou a família Sarney do comando do Estado, depois de décadas de hegemonia. Essa foi, sem dúvida, a maior de todas as surpresas eleitorais do País. Nos demais Estados, a lógica acabou vencendo. O tucano Geraldo Alckmin teve vitória tranquila e, no Rio, Fernando Pezão manteve o PMDB no poder. E com apoio petista e também tucano.

E Miguel é federal
No âmbito local, o ano eleitoral também foi positivo. Pelo menos do ponto de vista da representatividade municipal. O vereador Miguel Lombardi (PR) foi eleito deputado federal, quebrando um jejum de mais de 20 anos sem representante na Câmara dos Deputados. Isso é uma outra história, que será contada a partir de fevereiro de 2015.

Xô, 2014... e logo!
Já para a administração de Paulo Hadich (PSB), o ano de 2014 foi conturbado e, com certeza, a torcida é para que ele acabe logo. Conclui meio mandato sem deslanchar e sem ter uma obra que possa chamar de sua. Entre anúncios e inaugurações, todas originárias da administração anterior. E algumas, ainda, sem previsão qualquer, como o prédio novo da biblioteca e o museu. E enfrentando situações vexatórias, como falta de material escolar básico, devido à falta de logística. Pelo menos não faltou ovo de Páscoa.

Ao apagar das luzes

À falta de sintonia entre a prática e a teoria publicitária explícita, que vem pautando os últimos atos do Poder Executivo, o Município padece de um marasmo crônico. Limeira assume definitivamente o parque de iluminação em janeiro de 2015, sem uma empresa contratada para cuidar do sistema. Nem conseguiu fazer aprovar a “taxa de luz” e assume o serviço com quatro eletricistas, para mais de 30 mil pontos de luz. Outro exemplo da falta de logística e iniciativa. Toda essa situação já era conhecida, mas ficou para a última hora. A expectativa não é das melhores e todas as possíveis falhas que deverão ocorrer serão culpa da população, que não apoiou a criação da chamada Cosip e dos vereadores, que protelaram a votação. Não há mais o que falar. Tudo o que precisava foi dito e alertado. Entrou por uma orelha e saiu por outra.

Pergunta rápida

E 2015? Vai ou racha?

Entre idas e vindas
Pode não ser uma retrospectiva completa, e muita coisa foi deixada para trás. Afinal, o espaço não comporta tantas críticas quanto se fazem necessárias. E, nos últimos tempos, nem mesmo elogios são possíveis para exaltar essa ou aquela ação do poder público. Vez ou outra, quando tudo parece que vai engrenar de vez, vem uma avalanche de questões improváveis e joga tudo por terra. O que se constrói não se sustenta, justamente pela falta de continuidade. E não é de hoje que tenho falado sobre isso. Enfim, pode ser até cansativo para o leitor a desproporcional diferença entre o positivo e o negativo. Mas é assim que a vida é. Quem sabe o ano novo não nos reserve boas surpresas. Esperança é o que não falta. Falta é ação concreta para mudar esse cenário.

Nota curtíssima
Que 2015 encerre, definitivamente, 2014. Um próspero ano novo a todos.

A frase do ano
“Em matéria de corrupção, os tucanos sofrem da mesma moléstia que acomete os petistas: cegueira”
. Do jornalista Josias de Souza, sobre o cartel dos trilhos e o “petrolão”. No Blog do Josias. Uol. Dia 5 de dezembro.

0 comentários: