Uma instituição se conhece pelas decisões de seus agregados. Quando é um órgão público – e político – é de se esperar, sempre, atitudes convenientes e que dosem suas ações, sem que sobrem benefícios para uns e o peso do estatuto para outros. Deve primar pela isonomia. E a Câmara Municipal de Limeira também se enquadra nessa definição. O Legislativo Municipal, apesar das divergências partidárias, deveria ser um exemplo nesse tipo de comportamento. Em alguns casos, entretanto, peca pelo exercício que ficou célebre em suposta frase atribuída a Getúlio Vargas: “para os amigos, tudo; para os inimigos, a lei”. E não há argumento que prove em contrário. Que desminta esse princípio corporativo. E os exemplos vêm dessa prática, desde as “saidinhas” dos vereadores Aloízio Andrade (PT) e André Henrique da Silva, o Tigrão (PMDB), que se utilizaram de veículo oficial para fins particulares, até a cassação de Edmilson Gonçalves (PSDB) e, agora, a censura a Júlio César Pereira dos Santos, o dr. Júlio (DEM) e José Roberto Bernardo, o Zé da Mix (PSD).
Pela cor do partido
Infelizmente não é isso, entretanto, que a corporação Câmara Municipal tem mostrado e demonstrado pelas suas práticas. Aloízio e Tigrão passaram incólumes. Edmilson teve seu mandato cassado e, agora, o dr. Júlio e Zé da Mix recebem censura pública, proposta pelo corregedor José Eduardo Monteiro Júnior, o Jú Negão (PSB). Novamente opta por enxergar o “inimigo”, por estar na trincheira oposta.
Exemplo necessário
A questão aqui posta não é o da presunção da inocência ou prova da culpa. Se ambos erraram, a punição foi aplicada. O que se discute é a não aplicação do rigor da lei – ou do estatuto interno da Casa – nos casos envolvendo os dois vereadores da situação. E por mais que tenham se justificado, também erraram e deveriam ser punidos à época. O que não ocorreu. O corporativismo falou mais alto.
Um dever de ofício
Sempre que for preciso, é nossa primeira obrigação, como jornalistas – e analistas – mostrar as duas faces da mesma moeda. A crítica nunca é deliberada (a não ser quando há interesse político direto), mas um instrumento democrático necessário à correção de rotas, que muitas vezes entram por atalhos espinhosos. E esses atalhos podem confundir a opinião pública, levando-a ao perigoso e odioso jogo da manipulação política.
Será que agora vai?
Desde que tomou posse, a administração de Paulo Hadich (PSB) vem sendo cobrada para que apresente uma agenda positiva, que é sempre bem-vinda. E que faça frente às críticas que vem recebendo, muitas delas por conveniência política, e dê, finalmente, uma cara ao seu governo. O anúncio da vinda de novas empresas para Limeira, ocorrida em coletiva na última quinta-feira, é um bom começo. Pode ser um contra-ataque sutil.
Há tempo de sobra
Como sempre escrevo em minha coluna, o tempo ainda joga favoravelmente a Hadich. Só que é preciso ações concretas nesse sentido. E anunciar investimentos é oportuno para apagar o fogo. Sem trocadilhos.
Direito e cidadania
Desde a publicação da informação que o programa Mais Médicos estaria enviando para Limeira a primeira médica cubana, houve um misto de reações curiosas. Principalmente – e sempre elas – pelas redes sociais. Muitas por desconhecimento e outras por puro ranço ideológico. Independentemente da nacionalidade do profissional, se for competente e atender aos requisitos básicos de sua vinda, a saúde pública só tem a ganhar. Ela não vem para tomar o lugar de profissionais locais, muitos dos quais jamais deixariam seus consultórios ou planos de saúde para atender em UBSs nos bairros periféricos, que têm os mesmos direitos à saúde que qualquer outro cidadão.
Xenofobia. Nunca
Que a saúde pública é carente de profissionais e principalmente de infraestrutura adequada, não é novidade para ninguém. E essa não é uma cobrança exclusiva dos opositores do programa do governo federal. É uma necessidade óbvia da população. Espera-se, no mínimo, civilidade e respeito ao ser humano por parte de todos. Que os exemplos deprimentes da chegada dos primeiros profissionais não se repitam em Limeira.
Nem lá, nem aqui
Por falar em xenofobia, a Ambev retirou do ar a propaganda do guaraná da Antárctica, no qual o jogador Neymar ensinava estrangeiros a pedi-lo, com apelidos de “cão chupando manga”, “filhote de cruz credo” entre outros. O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, Conar, entendeu que houve bullying com estrangeiros. O Brasil também protestou contra as camisetas da Adidas, incentivando o turismo sexual durante a copa. Se vale para eles, tem que valer para nós também.
Pergunta rápida
Quando os vereadores perceberão que é preciso legislar mais e homenagear menos?
Cassa...não cassa
Com a recomendação do Ministério Público Eleitoral pelo arquivamento da denúncia, a juíza da eleitoral Daniela Mie Murata Barrichello, da 66ª Zona Eleitoral deve tornar pública nas próximas horas a sentença sobre a ação de Quintal contra Hadich, que pede a cassação do diploma do atual prefeito. O clima de mistério no ar deve estar tirando o sono dos integrantes das partes envolvidas. Há quem afirme que a sentença já está assinada. Só que ninguém quer acender o pavio do rojão primeiro, para desencadear a bateria de fogos. Mesmo porque qualquer que seja a decisão, cabe recurso.
Nota curtíssima
Ao assinar a censura a dr. Júlio e Zé da Mix, Ronei despreza sua própria história.
Para um; para outro
Qualquer notificação - e posterior punição - a motoristas de vans escolares, que não estejam legais e com as vistorias necessárias em ordem, é um direito do poder público. Afinal das contas estamos falando em milhares de crianças que são transportadas todos os dias das escolas para seus lares e vice-versa. Não custa questionar o outro lado também: será que os valores cobrados para essa regularização não são abusivos? E fonte de engorda do erário? Segurança é fundamental. Como as condições de trabalho.
Frase da semana
“Espero que me recebam bem". Da médica cubana Yusimy Gómez Cabrera, que chegou a Limeira pelo Programa Mais Médicos, para o PSF do Nossa Senhora das Dores. Sexta-feira, 14. Na Gazeta de Limeira.
domingo, 16 de março de 2014
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