Que os candidatos a cargos eletivos descobriram o uso das redes sociais como mobilizadores da opinião pública, ninguém mais duvida. Se em 2010 os então presidenciáveis Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV), travaram uma “briga” virtual das mais interessantes pelo Twitter, agora em 2014 o Facebook ditará o tom das campanhas pela internet. E como território livre da legislação eleitoral, porém, não do Código Penal, os candidatos já investem pesado nessas plataformas, inclusive no Twitter, novamente, e os gastos deverão ser da ordem de R$ 35 a R$ 40 milhões, com profissionais especializados. Isso sem contar com a mobilização de militantes¸ que há muito já estão desfilando as caras e as propostas de seus candidatos preferidos. Dizem os experts que a comunicação virtual poderá eleger, ou não, um candidato, se utilizada de forma adequada, que faça chegar aos eleitores, como forma de apresentação de cada um dos postulantes ao governo federal e aos estaduais, sem contar também com todos aqueles que disputam cargos legislativos.
Com moderação
Como escrevi na abertura desta coluna, fica claro que, por estar livres das leis que regem o processo eleitoral, as redes sociais ficam, na ausência de uma legislação específica para a internet, à mercê do Código de Processo Penal – que prevê crimes de calúnia, injúria e difamação – e que poderá ser acionado em casos de abuso. Como se vê, diariamente, nas postagens de alguns mais exaltados.
Deve pegar geral
E os provedores de internet, bem como as empresas que controlam essas redes de comunicação virtual, também não estão livres de sanções legais, se infringirem artigos da legislação vigente que tipifiquem os crimes previstos, como os que citei acima. Se é difícil controlar a militância, os responsáveis por esse segmento de campanha precisam controlar os mais afoitos, para evitar danos às campanhas.
O exemplo atual
Só para ilustrar essa análise, a Gazeta trouxe, em sua edição de sexta-feira, 28, uma medida cautelar impetrada pela Câmara Municipal contra um perfil no Facebook, o Limeira Amada, provavelmente falso, ou um “fake”, como se diz na gíria do internauta, para identificar o autor da página, que vem desfilando, há um mês, conteúdo difamatório contra a instituição. Ainda na sexta, o perfil não estava mais disponível.
Doença crônica...
O anonimato é sempre um ato de extrema covardia. Esconde sempre um crítico – ou criminoso, mesmo - que não tem coragem de mostrar a cara para dizer e escrever o que pensa, e prefere se ocultar por trás desses “fakes”. E, com o início de período eleitoral, esse tipo de ação tende a ganhar força. Apesar de falso, normalmente conta com a simpatia de muita gente, que acaba por abastecer o conteúdo conforme seu interesse.
Ficam as pegadas
Ao apagar qualquer página ou perfil, no Facebook, o usuário apenas o retira do ar, deixando de torná-lo público, mas os dados continuam sendo administrados pela rede e podem ser acessados a qualquer momento.
Fora de controle?
A GCM e o Pelotão Ambiental flagraram, em um mês, cinco crimes ambientais praticados contra nascentes e cursos d’água, que são represados aleatoriamente para suprir propriedades particulares. Um índice bastante alto, que indica uma total despreocupação – talvez até desconhecimento – com as consequências de atitudes dessa natureza. O trato egoísta do ser humano com a natureza impressiona. A falta de consciência ambiental deve, sim, alertar as autoridades e nelas incutir cada vez mais a noção de vigilância. O Planeta, que tem respondido com dureza à degradação do meio ambiente, dá sinais de paciência esgotada. As mudanças climáticas são exemplo disso.
Parece ter ardido
Diz o ditado que pimenta nos olhos dos outros é refresco. Parece que agora começa a arder, também, nos outros olhos. A absolvição, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), para oito condenados na Ação Penal 470, o mensalão do PT, do crime de quadrilha, não repercutiu nas redes sociais, quando do início do julgamento, como grande espetáculo midiático que foi e fez a oposição, em especial o PSDB, vibrar com cada condenação.
Explicação óbvia
Sem a mesma repercussão que teve o mensalão petista, o mensalão mineiro também está na berlinda agora. Com o deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que renunciou ao mandato para evitar constrangimentos ao presidenciável Aécio Neves e tentar se livrar da exposição pública no STF. Após o anúncio da absolvição, o silêncio nas redes foi sepulcral. Na vidraça, os próprios tucanos que comemoram, desta vez ficaram quietos.
Pergunta rápida
Onde está a isonomia da Corregedoria da Câmara nos casos Zé da Mix e Ronei?
Devo, não nego...
...pago quando puder. Esse é o lema adotado pelo PSDB, que foi sacudido, na semana passada, por uma incômoda ação judicial por dívida de campanha. O marqueteiro Luiz Gonzales cobra, na Justiça, R$ 8,7 milhões ainda referentes à campanha presidencial do tucano José Serra, em 2010. O próprio partido reconhece que é devedor, mas agora está preocupado com outra campanha, a do presidenciável Aécio Neves. Gonzales não está na jogada, mas ainda tem outro crédito com o tucanato: parte da dívida da campanha de 2006, do então concorrente ao Planalto, Geraldo Alckmin. Para um partido que tem o discurso afinado com o choque de gestão, esse descontrole interno é preocupante.
Nota curtíssima
O silêncio, às vezes, é muito mais barulhento do que a explosão de cem bombas.
A festa dos ratos
A saída, quase certa, do ministro-presidente Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF) está provocando alvoroço entre os condenados do mensalão. Se já ganharam a absolvição pelo crime de quadrilha, em voto da maioria dos ministros em Plenário, agora estão na expectativa da defecção de Barbosa, para tentarem anular o julgamento. Em que pese todo o tom político do julgamento, se isso acontecer, será a desmoralização do Judiciário. Barbosa deve mesmo partir para a carreira política.
Frase da semana
“É uma tarde triste para o STF”. Do presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, questionando a absolvição de condenados do mensalão do crime de quadrilha. Quinta-feira, 27. Na Folha de S. Paulo.
domingo, 2 de março de 2014
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