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terça-feira, 11 de março de 2014

Dilma versus PMDB. Façam as suas apostas

A presidente Dilma Rousseff (PT) perdeu a paciência com o PMDB e está enquadrando o partido e confrontando suas lideranças, que nada mais fazem pelo País do que mamar nas gordas tetas do poder há muito tempo. E vem de longe esse domínio peemedebista, a agremiação política mais forte no Poder Legislativo, que vende seu apoio em troca de cargos. Ao não conseguir sair de forma satisfatória em eleições executivas principalmente para governar grandes estados ou com candidatos fortes à Presidência da República – vive à sombra do Planalto desde 1984 – o partido se agarra à única tábua de salvação que lhe sobra: sua força parlamentar.
Se o PMDB, que já teve Ulisses Guimarães, Franco Montoro, Mário Covas e até o próprio Fernando Henrique Cardoso, entre outras lideranças, inclusive figuras proeminentes do próprio PT – o antigo MDB foi quem confrontou a ditadura a partir dos anos 1970 pela via institucional – hoje vive à custa da força de velhos coronéis no Nordeste, como os senadores José Sarney e Renan Calheiros e de bufões como os deputados Eduardo Cunha, líder do partido, e Henrique Alves, presidente da Câmara. E de sua ampla maioria nas duas casas de Leis, o que lhe garante o suposto direito de chantagear aqueles que deles precisam, como é o caso do executivo federal.
Se Lula foi mais condescendente, e com carisma e liderança levava os peemedebistas em banho-maria, Dilma, com seu estilo de gerentona, vai de encontro aos interesses e sanha que o PMDB tem de estar sempre por cima. E dá canseira até naqueles que “estão” a seu lado, como é o caso do vice-presidente da República e presidente licenciado da sigla, Michel Temer, que há muito perdeu o controle sobre seus pares.
Esse PMDB fisiológico, que está desestabilizando as forças na Câmara e no Senado e atraindo a ira do Palácio do Planalto, é herança de uma antiga liderança paulista, o falecido Orestes Quércia, que foi eleito senador da República derrotando o candidato da ditadura militar, vindo depois a se tornar governador de São Paulo, quando fez o partido rachar, surgindo então o PSDB, que levou as melhores lideranças políticas da época, já descontentes com os desvios que os quercistas vinham impondo ao partido.
E é justamente esse PMDB, que chegou ao poder com Sarney presidente – só ficou de fora durante o breve período de Fernando Collor no Planalto, cuja queda se deu pela falta de uma base parlamentar sólida sem a maioria peemedebista – que mostra suas garras. Esteve com Itamar Franco, que assumiu após o impeachment do “caçador de marajás” e de lá não saiu mais, compondo com FHC e Lula, levando a vice-presidência com Dilma. Preterido na reforma ministerial, agora articula uma espécie de chantagem, que não encontra eco nas intenções da presidente. Das duas uma, ou Dilma enquadra definitivamente o partido ou está cavando sua própria sepultura, ao permitir racha na base aliada justamente em ano eleitoral. A primeira hipótese me parece, no momento, a mais próxima de acontecer. Pelo próprio fisiologismo peemedebista.

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