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segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O susto pelo custo. Uma polêmica inevitável

Não há dúvida de que a “bomba política” da semana ficou por conta do anúncio da criação de um sistema público de rádio e TV, idealizado pelo presidente da Câmara Municipal, vereador Ronei Martins (PT). Nem tanto pela ideia em si, mas pelo custo do investimento proposto, mais de R$ 8 milhões, a TV Câmara, como foi batizada pela própria mídia, nem nasceu, virou polêmica e acabou tendo seu projeto temporariamente suspenso pelo próprio Ronei, anúncio feito na manhã da última sexta-feira, durante entrevista coletiva na sede do Legislativo. A semana, até anteontem, portanto, foi muito bem explorada pelos críticos do petista, que talvez nem saibam ou entendam de fato do que se trata uma TV pública. Uma discussão política para minar uma iniciativa, que nem no papel ainda estava. Sem conhecer o projeto técnico, a necessidade – ou não - e a finalidade do sistema, críticas dessa natureza acabam se perdendo em argumentos generalistas e no vazio dos interesses que alimentam as alas contrárias ao vereador. Pelo visto o presidente da Câmara se deixou levar pela gritaria e resolver analisar melhor.

Discussão insossa
A idéia, com certeza, não saiu da cabeça do vereador, que anunciou para 2014 uma discussão sobre o tema e a realização de cinco audiências públicas para analisar a retomada do projeto. E até agora boa parte do que se falou sobre a TV pública, que acompanhei durante a semana, era desprovida de argumentos palpáveis. Foi um mero debate sobre a anatomia do sexo dos anjos. E nenhum sentido prático.

Política e direitos
Entendo que há uma preocupação – e deve existir mesmo - com o uso político que uma emissora de rádio e TV públicas podem proporcionar a quem está no poder. Como entendo, também, que o direito à informação deve alcançar todos os cidadãos. E a maioria ainda não tem acesso ao sinal fechado de TV por assinatura, como acontece hoje com a transmissão das sessões da Câmara. É uma constatação.  

Exemplos práticos  
Quem acompanha hoje as transmissões das TVs Assembleia, Câmara e Senado, percebe que há uma multiplicidade de opiniões sendo transmitidas, sem favorecer esse ou aquele partido. Sem acentuar essa ou aquela ideologia. É assim que deve funcionar. E é assim que se espera que funcione. Por isso, vejo como precipitada a profusão de críticas àquilo que nem existe ainda. Irracionalidade pura.

Precisa ser plural
O que não pode acontecer, caso se efetive, é que o aparato governamental se aposse dessa estrutura comunicacional em benefício próprio. E que todo o desenvolvimento de um projeto dessa natureza seja acompanhado de uma rigorosa fiscalização, que evite eventuais desvios de função. Se o objetivo é de fato uma TV pública pelo interesse público, que a transparência na sua possível criação seja uma característica, não apenas uma obrigação.

Gigantes do setor
Só para citar exemplos de emissoras públicas de rádio e televisão, algumas das maiores redes do mundo estão nessa categoria: a DW, alemã; a RAI, na Itália; a BBC, Inglaterra; NHK, japonesa e a canadense CBC.

Situação delicada
Mais uma semana complicada para a administração Paulo Hadich (PSB). E mais um problema na área da saúde, como se já não bastassem as complicações com a CPI da Dengue. Desta vez é a compra de medicamentos para a rede pública que está no alvo do Ministério Público (MP), por indícios de irregularidades na aquisição de remédios via mandado judicial. A compra teria sido em quantidade superior ao que foi pedido e autorizado pela Justiça. O governo está literalmente acuado. As perspectivas não são nada boas.

Visão obstruída

O maior empecilho que vejo – e penso que muitos estão enxergando da mesma forma – para que o Poder Executivo enfrente seus problemas, é admitir que eles existem e precisam ser resolvidos. Há, hoje, no primeiro escalão administrativo, uma arrogância que empana a visão da realidade, como se existisse apenas uma única e intocável verdade. E essa verdade é de quem está no comando. Está dando de ombros às percepções da população.

Nada se resolve

Fica a expectativa em saber até quando haverá resistência a essa avalanche de denúncias. Para um primeiro ano de governo, o número de pedidos de explicação e inquéritos abertos pelo MP é por demais elevado. Principalmente se levarmos em consideração que o comando é exercido, hoje, por quem mais denunciou e apontou muitos dos desvios públicos.

Pergunta rápida
O que o governo municipal pode fazer para reverter essa onda de pessimismo?

Trânsito confuso
Aqui vai uma sugestão à Secretaria dos Transportes: proibir a conversão à esquerda de quem vem pela Avenida Ana Carolina, no sentido Jardim Piratininga, para a Rua Antonio Augusto Botelho. Poucos metros acima há a rotatória da Praça da Bíblia, que pode ser utilizada para fazer essa conversão de forma segura e sem provocar caos no trânsito no local, principalmente em horários de pico. Basta ficar alguns minutos no cruzamento para assistir às maiores barbaridades cometidas por muitos motoristas, que não conhecem o significado da palavra educação e, principalmente, as mais básicas regras de trânsito.

Nota curtíssima
Nelson Rodrigues está bem vivo. O “complexo de vira-latas” está mais na moda que nunca.

Fato é fato. Só...
Procuradores do Estado acusam o procurador Geral de São Paulo, Elival da Silva Ramos, de braço político do governador Geraldo Alckmin (PSDB), no caso do propinoduto dos trilhos. Não me espanta. É que Alckmin adotou a velha prática em nomear para o cargo o mais afinado com o governo. Ele simplesmente abandonou o acordo de escolher o mais votado pela categoria, como vinha sendo feito até o governo do também tucano José Serra.

Frase da semana
 "Lo que brilla con luz propia//Nadie lo puede apagar". Trecho de "Canción Por La Unidad de Latinoamerica", de Chico Buarque, citada pela defesa do ex-deputado José Genoíno (PT), em recurso ao STF. Sexta-feira, 8. No UOL Notícias-Política.

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