Tudo por nada. Este foi o título da matéria - que foi manchete - de sexta-feira desta Gazeta,
sobre o cancelamento do júri de um dos líderes do PCC em Limeira, o
Gibi, assinada pela jornalista Renata Reis. E essa forma curta e grossa
de informação tem um motivo, que deixa clara a complacência e, para
reforçar, por que não dizer leniência do sistema jurídico brasileiro,
cercado por atalhos legais, porém imorais: o aparato montado para
receber o criminoso no Fórum para julgamento de mais um de seus crimes,
que exigiu interdições no trânsito no entorno do Palácio da Justiça, o
deslocamento de 35 policiais militares para escolta e uma viagem de mais
de 580 km, de Presidente Venceslau até aqui. E por quê? Pela ausência
da advogada do réu, Juliana Queiroz Barreto de Amorim, que em fax
enviado ao juiz Rogério Danna Chaib, pela manhã, alegou "transtorno
ansioso", como problema de saúde, para não comparecer. É a segunda
ausência da defensora, que da primeira vez, no último dia 27 de
setembro, apresentou atestado médico, que apontava um quadro de
conjuntivite. Agora, o júri foi adiado para fevereiro de 2013.
Humor às avessas
Para complicar essa situação, exposta também na manchete do jornal,
"Júri adiado e falsa bomba mudam rotina do Centro", como o próprio
título já diz, foi preciso homens do Gate da PM, o esquadrão antibombas,
para examinar um pacote em frente de uma ótica ao lado do Fórum,
exposto numa pasta. A bomba, que deveria ser desativada, era uma
revista. Dos males o menor. Porém, brincadeira de extremo mau gosto.
Revendo conceitos
Apesar do falso alarme, as situações se encaixam e deixam mais tensas,
ainda, as relações entre a Justiça e advogados dessa natureza. Acredito
até que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) não compactue com esse
tipo de estratégia, mas a lei permite essas brechas. E é nesse ponto que
o parafuso deve ser apertado com força, com ajustes e atualizações no
Código Penal Brasileiro, justamente para evitar esses gastos.
E todos perdem...
Não é só o gasto financeiro e logístico de um deslocamento desse tipo.
Trata-se, sobretudo, de um risco à sociedade e aos próprios policiais
militares ocupados no trabalho, principalmente levando-se em conta os
últimos acontecimentos, envolvendo a própria facção criminosa, o PCC,
com as mortes de quase cem PMs.
Um corretivo justo
Em tempo, a advogada terá de pagar uma multa de R$ 6 mil reais, valor
ordenado pelo presidente do Tribunal do Júri, o juiz Danna Chaib, que
também determinou a destituição da defensora no caso Gibi. Ela poderá,
ainda, enfrentar um procedimento ético-disciplinar na própria OAB.
Riscos calculados
As invasões às redes na internet e o roubo de dados ou conteúdo
específicos de usuários agora é crime e podem ser punidos com prisões.
Nada mais justo, uma vez que a ação de hackers é bastante conhecida e,
invariavelmente, atingem personalidades públicas. Daí o nome "Lei
Carolina Dieckmann", numa referência à atriz global, que teve fotos
íntimas roubadas de sua rede particular e, posterirmente, postadas na
internet. O que preocupa, entretanto, é a outra lei, do senador tucano
Eduardo Azeredo, que ainda não estã bem explicada. Esta, segundo
especialistas, é mais invasiva e poderia atingir em cheio a liberdade de
expressão, que hoje é um preceito constitucional. Punir criminosos que
se apoderam de material de terceiros é uma coisa. Fiscalizar e
restringir conteúdo é outra. Olho bem aberto...
Será que agora vai?
Na primeira reunião de transição de governo, com a presença do prefeito
eleito, Paulo Hadich (PSC) e mais os membros da chamada comissão de
transição, instituída por lei, ele anunciou que fará uma reavaliação nos
cargos na Prefeitura. É um começo positivo, acredito, tendo em vista
algumas secretarias e suas reais funções. Espera-se, no entanto, que não
fique só no papel e promessa na empolgação da vitória. Pedrinho Kühl
(PSDB), em sua primeira gestão, anunciou auditoria nas contas públicas à
época e os resultados nos seis primeiros meses de governo, que até hoje
ninguém conhece os resultados. Assim como fez Silvio Félix (PDT), ao
assumir. Também não se conhece qualquer resultado prático dessa
empreitada. Empolgação é uma coisa e ação é outra. Seus significados são
diferentes.
Reversão forçada
Não penso ser legítima - apesar do direito constitucional em reclamar
sobre algo pelo qual se sente prejudicado - uma interferência judicial
num processo eleitoral, cujo resultado pode contrariar a soberana
vontade popular. São muitos casos espalhados pelo País. Alguns até
plausíveis, quando se trata da Lei da Ficha Limpa. Outras, que
representam mágoas de derrotados, soa-me com intervenção indevida. Cada
um com sua opinião, mas volto a frisar, a vontade popular é soberana.
No Edifício Prada
Desde ontem o vereador Carlinhos Silva (sem partido), atual presidente
da Câmara, é o novo prefeito de Limeira. Ele assume na ausência de
Orlando José Zovico, também sem partido, que está em licença do cargo
por motivos particulares. Licença tirada, diga-se, na efervescência da
transição política. Silva foi expulso do PDT por ordem do prefeito
cassado Sílvio Félix. Agora ele ocupa o cargo que foi do próprio Félix.
Ironia.
Pergunta rápida
Como vai se reorganizar o PSDB limeirense?
Está comprovada
A precariedade da situação do trânsito na área central da cidade é
terrível. Basta chover um pouco, que o problema fica mais visível ainda.
Alguém precisa resolver.
Está sem direção
Como torcedor do Palmeiras, não alimento muitas esperanças, mesmo
recorrendo àquele velho chavão que o jogo só acaba no apito final do
árbitro. Penso, entretanto, que alguns vândalos e bandidos estão se
travestindo de torcedores - em especial das organizadas - para ameaçar
jogadores. Ora, o foco não é este. É a diretoria que deve ser cobrada. É
fraca, incompetente e vaidosa. Como foi a gestão Dualib, no
Corinthians; Marcelo Teixeira, no Santos; como é Juvêncio, no São Paulo.
Cartolas obcecados pelo poder. A última gestão digna, no Palmeiras, foi
aquela da Parmalat, quando a cogestão isolou Mustafá Contursi e assumiu
todas as responsabilidades. Precisamos de futebol profissional e não de
cartolas vaidosos e egoístas.
Frase da semana
"Puro populismo jurídico". Do ex-ministro José Dirceu, sobre a decisão do relator do processo do mensalão, ministro Joaquim Barbosa. Sexta-feira, 9, na Folha de S. Paulo.
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
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