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terça-feira, 1 de maio de 2012

Um crime com a chancela da lei

A Câmara dos Deputados, articulada pelo lobby da bancada ruralista e até com votos de governistas - entre eles até socialistas e comunistas - acaba de assinar a sentença de morte da preservação ambiental. Movidos pela ganância e pelo desrespeito ao meio ambiente (que lhes garante o sustento e suas fortunas), e principalmente pelo ser humano, os deputados tansformaram o novo Código Florestal aprovado no Senado em um verdadeiro Frankstein, contemplando nos escritos da lei apenas suas próprias necessidades e seus interesses pessoais, num exemplo contundente de desprezo à própria vida.
Ao comemorarem com sorrisos e polegares levantados, esses senhores simplesmente se autoinocentaram de seus próprios crimes ambientais, além de torná-los legais daqui para frente, caso a presidente Dilma Rousseff não vete a recém-aprovada legislação, provocando assim uma nova discussão. Exigir consciência da bancada do gado, como é chamada na Câmara Federal, é o mesmo que pedir ao traficante, para que pare com a atividade que lhes provém o sustento. Tentar mostrar a pecuaristas, madeireiros, usineiros e afins, que podem conviver em  harmonia, entre matas e pastagens, o extrativismo sustentável e também garantir nascentes, cuja água é vital a qualquer espécie, é tão eficaz quanto tratar um câncer com analgésicos.
São comparações duras, porém amenas e suaves, se tomados como exemplos o que esse novo Código Florestal, pode permitir que se faça com as riquezas naturais deste País, onde nem áreas de manguezais e apicuns são mais APPs, ou seja, áreas de preservação permanentes, essenciais que são à produção de camarões. E fonte de renda a pescadores e caiçaras, que vivem também da busca por siris e caranguejos. A permissão desmesurável em extorquir - essa é a palavra exata neste momento - recursos naturais de toda ordem e o destruir cadeias inteiras da vida animal (muitas em extinção), propondo uma reposição mínima desse estrago, que levou sorrisos às bocas desses senhores, que pensam apenas com seus bolsos cheios e no aumento de suas fortunas, é um aval claro e futuro, não à riqueza da Nação, mas ao empobrecimento de todo seu povo. Em especial daqueles que dependem diretamente desses recursos naturais.
Se a presidente Dilma Rousseff não vetar essa vergonha nacional, patrocinada por quem deveria proteger e legislar em benefício do todo e não do interesse próprio, as futuras gerações, nossos filhos, netos e posteriores descendentes - e aí incluem-se também decendentes dos nobres deputados, que se lambuzaram na sujeira que aprovaram - terão mesas fartas e refeições saudáveis, com muito estrume de gado e água envenenada. Desmatar, a fim de garantir mais áreas para pastagens e plantio, não significa mesa farta. Significa apenas riqueza material nas mãos de poucos. Nisso, provavelmente, não pensaram. Ou melhor, pensaram sim. E, por isso, assim agiram. 

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