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terça-feira, 29 de maio de 2012

Chega de dar pérolas aos porcos

Apesar dos vetos pontuais da presidente Dilma Rousseff (PT) ao novo Código Florestal (uma verdadeira excrescência patrocinada pelos ruralistas na Câmara Federal), que amenizam a devastação de áreas verdes, nascentes e cursos d'água e acaba com a anistia aos desmatadores, que costumam se autoproclamar produtores de alimentos, está longe de terminar essa guerra, aberta por lobistas e deputados ligados ao segmento rural, que diga-se, não é unânime quanto à questão ambiental. O que querem, na verdade, produtores disfarçados de parlamentares e vice-versa, nada mais é do que um salvo-conduto, uma carta em branco, para que possam, em nome desse falso argumento, aumentar lucros, relegando a segundo plano as gerações futuras, nas quais se incluem seus próprios filhos e descendentes.
Os argumentos técnicos, à danosa e monstruosa peça aprovada na Câmara Federal, que distorceu o projeto inicial - que também deixa muito a desejar em termos do verdadeiro preservacionismo e do desenvolvimento sustentável - aprovado no Senado, desmentem os sorridentes deputados, que se deliciaram com o que fizeram, achando-se no direito à arrogância extrema, traduzida na condução de Ronaldo Caiado (DEM-GO), conhecido por suas posturas antidemocráticas (contrariando a própria tradução de sua sigla partidária) e visão reacionária da política. Não são eles, os sustentáculos da produção alimentícia, que vão suprir as necessidades do País e do mundo. Não está nas mãos desses latifundiários travestidos de salvadores da humanidade essa responsabilidade. São as médias e pequenas produções, juntas, que garantem esse honroso título, pois traduzem igual ou maior área, que a dos latifúndios, esses sim prejudiciais ao desenvolvimento, uma vez que a maioria deles é sinônimo de improdutividade. Apenas de culto à terra como propriedade privada.
E as médias e pequenas propriedades, que já cumprem com sua obrigação, não serão afetadas pelo novo Código Florestal, conforme pretende a bancada rural. Os grandes pecuraristas e produtores rurais, sim, pois não medem as consequências da destruição que protagonizam e da devastação que causam, apenas em nome do enriquecimento. Uma ganância extremada, que não leva em consideração as consequências futuras de seus atos. E se não veio o veto total, como a sociedade pediu, pelo menos há uma esperança de que ninguém fique impune da destruição já causada até agora, como estavam sonhando Caiado e séquito. Anistiar esses modernos senhores feudais é o mesmo que acreditar na honestidade de sonegadores de impostos ou fraudadores da Previdência Social. Isso seria - como é e sempre será - inaceitável.
A insensatez dos ruralistas deve chegar ao extremo, com recursos so Supremo Tribunal Federal, conforme já informou o próprio Ronaldo Caiado. A sociedade organizada, entretanto, precisa pressionar, para que os vetos - apesar de poucos - não sejam derrubados. É preciso garantir um legado de vida futura aos nossos filhos.

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