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quinta-feira, 29 de março de 2012

Barganha, até é do jogo. Chantagem, é bandidagem

Estou acompanhando atentamente os acontecimentos envolvendo a base aliada do governo Dilma e a chantagem aberta, que seus representantes - em especial deputados e senadores ligados ao PMDB - decidiram engendrar, com o claro objetivo de ver contemplada uma voracidade imensurável por cargos na administração direta. De primeiro, segundo, terceiro e até sei lá que escalão. Esses senhores, cuja palavra decência passa longe de seus dicionários e foram eleitos para trabalhar pela população brasileira, vivem de uma prática que precisa urgentemente acabar na política do País, o fisiologismo.
Aliás, o próprio PMDB, hoje, só está no poder com o PT à frente, por pura prática fisiológica de se aliar sempre com aqueles que estão no comando. Da eleição indireta de Tancredo Neves, substituído pelo seu vice de então, José Sarney, o partido de Ulisses Guimarães não deixou mais a boquinha no governo federal. Agora com um vice-presidente da República, Michel Temer, sentem-se mais à vontade em usar e abusar de um expediente nada republicano, para ter seu desejo atendido. A barganha, quando o interesse é nacional, até faz parte da prática política. Chantagem, em minha modesta opinião e provavelmente na da maioria dos cidadãos do bem, é bandidagem. Artimanha vil e crime de lesa pátria. Não nos espantemos, porém com isso. Já era esperado e acredito até que a própria presidente já sabia disso.
Apesar do travamento de algumas votações, ela dá a entender que não está muito disposta a ceder ou cair nesse jogo rasteiro. E até já mandou um recado público ao seu vice, recentemente, cobrando-o de estar e ser governo e, por isso com as responsabilidades desse status. Temer, com certeza fez ouvidos moucos e, tem até compartilhado das intenções de seus pares. Assim agindo, Dilma vai elevando seu cacife político e, dessa forma, pode angariar mais popularidade ainda, embora corra riscos - talvez já calculados por ela e por seu staff - em futuras votações ou até mesmo nessas em andamento, quando depender do Congresso Nacional. Inclua-se nesse rol, também, os descontentes do próprio PT, especialistas no chamado fogo amigo e, às vezes, mais perigoso que a própria oposição, hoje cambaleante. Faz mais barulho a base aliada do que os oposicionistas, que começam a ver nomes de até então ilibada reputação, como o senador goiano do Democratas, Demóstenes Torres, pego com a boa na botija. Melhor, com a mão no dinheiro do bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso pela PF, de quem é amigo de garfo e faca.
Não acredito, entretanto, em risco institucional. Pois quem chantageia acaba vítima da própria chantagem, embora possa levar muita vantagem no início. Pode até ocorrer uma fragmentação na base legislativa do governo, mas ninguém que lá está vai querer perder o espaço conquistado e, repentinamente, estar alijado do centro decisório. Como exímios mestres do fisiologismo, a tendência é que amoleçam, justamente por conta dessa prática espúria. Dilma tem mesmo é que endurecer.

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