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terça-feira, 8 de novembro de 2011

Pela liberdade nas redes, sim! Mas com dignidade

momentos em que o ser humano não merece sua própria condição. É quando deixa de exercer sua inteligência e capacidade de refletir, para zombar do próximo em situações que exigem outro tipo de postura. O direito ao escárnio é inerente à própria liberdade de expressão do pensamento, mas é preciso saber como e onde se utilizar dele, para que não se torne sinônimo de degeneração. E quando ódio e ressentimento embutidos nos sentimentos do homem, o estopim para o exercício da estupidez pode ser aceso por qualquer fagulha. Qualquer triscar de pedras leva à explosão da ignorância.
Desde que foi detectado - e amplamente noticiado - o câncer de laringe do ex-presidente Lula, iniciou-se via redes sociais (Facebook e Twitter com mais expressividade) uma onda de achincalhes e piadas, que beira à irracionalidade. Que demonstra o quanto o bicho homem está mais para bicho (e aqui que me perdoem os próprios) que para homem. Dotado de discernimento e capacidade intelectual. Não gostar de uma pessoa ou nutrir qualquer tipo de animosidade por aquilo que ela representa ou representou é inerente a todos nós. Fazer troça com uma doença e sabendo de sua gravidade agora anunciada, por conta disso tudo, é de uma pobreza de espírito, que não condiz com nada daquilo a que fomos destinados.
Ainda na semana passada, vi uma publicação em minha página no Facebook, que me estarreceu. E está provocando, neste momento, esta reflexão que ora apresento aos leitores. Uma campanha, iniciada por não sei quem - e muito pouco me interessa saber - trazia o seguinte lema: "Lula, se tratar pelo SUS". E muitos curtindo e até comentando, como se fosse uma brincadeira. Um recado de extremo mau gosto, que em nenhum momento atingiu o ex-presidente, mas sim os próprios usuários desse serviço público, a população que busca atendimento à saúde e não dispõe de planos ou seguros próprios e, principalmente ao próprio sistema, que merece críticas, sim, e carece de mais atenção do governo federal e melhorias. Para garantir dignidade àqueles que dele precisam!
Não nada mais triste que assistir a esse espetáculo rancoroso e ficar em silêncio. Ou dele compactuar. Como também - e já chamei a atenção disso - transformar em motivo de graça uma deficiência física aparente. O que também estão fazendo, nesse episódio do câncer de Lula, que me recuso a comentar aqui. E esse é, aliás, um perigo que ronda as redes sociais, que hoje circulam no livre território virtual (e espero que assim continue, sem censura alguma, apesar de todo lixo postado aqui ou acolá). Como jornalista não compactuo com a ideia da restrição a essa liberdade. Nunca! Como ser humano, entretanto, espero que as pessoas saibam diferenciar o bom do ruim. O próprio, do impróprio. E que tudo isso que vi e li fique restrito aos infames, que desconhecem o sentido da palavra dignidade. Que vale para todos!

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