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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Será que temos o que comemorar?

Ontem foi comemorado - não sei se seria bem esse o termo - o Dia Nacional de Combate ao Fumo. Mais que uma simples data, dessas que nosso calendário aponta e muitos não sabem nem o que significa, o dia 29 de agosto enseja uma reflexão muito séria, que deve ter como objetivo único um debate sobre a saúde pública. Sim, o cigarro é uma questão de saúde pública, pois mesmo sem as consequências devastadoras do alcoolismo, que desagrega famílias, o fumo está diretamente ligado a problemas do aparelho respiratório, doenças do coração, do cérebro e também do trato digestivo. É, segundo dados estatísticos, um dos males que mais causam mortes no Brasil e no mundo. A estimativa, que tem como fontes o Ministério da Saúde e o Inca (Instituto Nacional do Câncer) é de cerca de 200 mil óbitos anuais apenas por aqui, o que exige uma tomada de consciência ainda rápida. O charme das baforadas sociais há muito está fora de moda. Ou já deveria estar!
E sem pensar no “politicamente correto” como força de expressão, é preciso lembrar que a legislação do controle da propaganda e do consumo do tabaco, está cada vez mais rigorosa e restritiva. A proibição do fumo em lugares fechados, legislação paulista das mais acertadas e a restrição de horários para propagandas de cigarro, que não mostram mais o “mundo de Marlboro” e nem “com Hollywood ao sucesso” é a contribuição do poder público, que neste caso está sendo muito bem feita. Se às vezes o inoportuno extrapola o bom senso e se transforma em falta de respeito com o não fumante, é preciso lembrar que há muita gente querendo - e tentando - deixar o vício, que é um dos mais difícies de serem abandonados, facilmente constatados naquele consumidor que chega ao bar ou à tabacaria e escolhe o maço de cigarros, cuja figura - agora obrigatória - no verso da embalagem é a menos chocante. Já presenciei esse tipo de atitude, que apenas reduz o sentimento de culpa.
Cabe, agora, à consciência de cada um, fumante ou não, reconhecer a necessidade e a urgência de mais e mais campanhas de combate ao tabagismo. Às vezes, apenas a simples intervenção legal não é suficiente para mostrar e reduzir os malefícios de tão terrível epidemia. É preciso chamar à razão todos os envolvidos nesse processo e fazer perceber que o poço é quase sem fundo. E deve ser logo tapado. Se eliminar definitivamente o cigarro do cotidiano de todos nós, o que é praticamente impossível, a redução no número de fumantes é uma meta viável. As próprias campanhas aqui já citadas conseguiram bons resultados. Não baixar a guarda para riscos advindos do fumo é fundamental. Mais que pensar de forma simplista, que tudo isso é egoísmo de não fumante, a prioridade é a reversão ainda maior desse quadro de dependência química e de mortes. A prevenção, também neste caso, começa com um sonoro não ao lobby da indústria tabagista.

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