Limeira é uma cidade estranha. Até para nós, jornalistas, que mantemos um olho no peixe e outro no gato, as situações se repetem, num círculo vicioso de inconstâncias e improvisações. Por aqui nada é definitivo. Ano a ano, nos deparamos com a estaca zero e o recomeço é inevitável. Para piorar, esse recomeço se transforma em retrabalho, quando se percebe que está fazendo tudo o que foi feito, da mesma forma, para alcançar o mesmo objetivo. Ou seja, nada andou de fato, estabelecendo-se que, em certos casos, nem mesmo o círculo se completa, pois é apenas um girar sobre o próprio eixo.
Essa estagnação pública contamina até a iniciativa privada que, a reboque do malfeito, faz pior ainda. A sucessão de desacertos é tanta, que as próprias manchetes estampadas nos jornais ou tratadas aos microfones e câmeras da mídia eletrônica se repetem. E nós, colunistas, somos sempre obrigados pela própria situação - e neste caso entra a visão crítica de cada um - a repetir uma ladainha cansativa. E não há outra coisa a fazer senão escrever e pedir a agilidade necessária a quem tem essa obrigação. E tudo acaba em decepção. E em todos os sinônimos que esta palavra enseja.
A triste situação do Shopping Pátio, por exemplo, é uma consequência anunciada por esse descompasso. Tem sua parcela de culpa, sim, o poder público municipal, que não fiscalizou e exigiu, desde o começo, que tudo fosse feito dentro dos rigores das normas técnicas e nem sequer fiscalizou o andamento das obras. O mais importante era aparecer em fotografias, anunciar investimentos e lojas âncoras como conquistas pessoais e garantir dividendos políticos. A ressaca chega agora como efeito colateral dessa falta de atenção. O próprio empreendimento improvisou, utilizando-se de um velho barracão industrial como ponto de partida, que em nada tinha a ver com a obra atual. Merecia, portanto, um olhar mais atento. Improviso que se estendeu pela falta de laudos técnicos necessários por longa data. Cumpra-se, então, a decisão judicial.
Por aqui se improvisam estádios, pela ausência do poder público na hora certa. Correr contra o tempo virou regra e não mais exceção. Ainda no segmento esportivo, para citar mais um, a equipe de basquete pode ter que custear dos próprios cofres as reformas no vestiário do Vô Lucato, que é bem público. E aeronaves são obrigadas a pedir permissão para pouso de emergência, em aeródromo que nem mais existe. Isso para não falar que uma praça com museu e biblioteca virou terminal do transporte público municipal e feira de quinquilharias. O museu está fechado e a biblioteca em prédio alugado e mal acomodado. E o terminal? Em obra eterna e sabe-se lá quando ficará pronto. Blota Jr. grande apresentador dos palcos televisivos, há décadas dizia na TV Record dos bons tempos, que "Esta noite se improvisa". Deve ter se inspirado em Limeira.
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
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