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terça-feira, 20 de setembro de 2011

Até quando a lebre vai dormir?

Quem imaginava a presidente Dilma Rousseff (PT) como uma tartaruga no topo de um poste - como foi tratada por desafetos dentro do próprio partido e principalmente pela oposição, durante a campanha eleitoral em 2010 - deve estar decepcionado. E principalmente se remoendo de ressentimento ao perceber sua desenvoltura. Principalmente política. E esse é um mérito que transcende o viés ideológico. E principalmente o político-partidário.
Sem o carisma do ex-presidente Lula e muito menos condescendente que a maior estrela petista da atualidade, a ex-guerrilheira tem feito da caneta sua maior arma e, aos poucos, vai defenestrando um a um, sem dó nem piedade, remanescentes da complacência de seu antecessor. Alguns até novatos que, ao pisarem na bola, acabaram levando um tombo. Se a presidente titubeou no início, com Antonio Palocci, em quem depositava sua maior confiança como ministro e articulador político, percebeu pelo próprio erro e agora não manda mais recados. Tem sido direta e, de dedo em riste, mostrado que nem só de ‘toma-lá-da-cá’ se faz política. Com exceção do PR, que deixou a base governista, assim que ele, ministro Alfredo Nascimento foi demitido, os outros partidos aliados dão a impressão - se real ou não, só o tempo mostrará - de estar assimilando a postura presidencial. E não poderia ser diferente se a pretensão é de fato uma faxina ética na política. Acredito até que outros ministros, como Carlos Lupi (PDT), do Trabalho, por exemplo, também estão na mira da metralhadora presidencial.
Se Dilma está levando a sério o ditado de que o exemplo começa em casa, é fora dela que tem demonstrado seus talentos para a composição política, independentemente de sua própria coligação, ao elogiar publicamente o tucano FHC e por ele ser elogiada e, mais recentemente, receber afagos e novos elogios do governador paulista, o também tucano Geraldo Alckmin, provocando desconforto - quase um racha - na oposição, em especial no PSDB. São movimentos de bastidores que dificilmente vêm a público, mas vazam. Vale lembrar que há uma ala petista, encabeçada por José Dirceu, que despreza essa postura conciliadora da presidente e é muito mais perigosa (politicamente falando) à governabilidade, que qualquer outro partido político. Aliado ou oposiconista. Em Alagoas, outro tucano, Teotônio Vilela Filho, é tido como o mais governista entre os oposicionistas. Méritos à estratégia de Dilma Rousseff, que vai minando os adversários nas suas próprias bases.
Essa é uma leitura política de momento e que está sujeita a mudanças bruscas mais adiante. Até mesmo na interpretação da própria cartilha do Planalto e, por que não dizer, na composição com novos aliados. A tartaruga desceu do poste e aprendeu a andar com as próprias pernas. Quase repetindo uma fábula atribuída a Esopo e recontada por Jean de La Fontaine: a da corrida contra a lebre, que dormiu pensando que podia vencer a qualquer momento. Na moral da fábula, a lebre não acordou!

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