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terça-feira, 27 de setembro de 2011

Não ao senso comum. Choque de realidade

Vou contrariar um pouco o senso comum ao afirmar que Limeira não precisa de uma Fatec - as conhecidas faculdades de tecnologia criadas pelo governo do Estado de São Paulo. O raciocínio é lógico e pode desconstruir pretensões políticas e até mesmo desiludir muita gente. Se a questão é o ensino tecnológico, com status de curso superior, temos a FT- Unicamp (o antigo Ceset), cujo índice de participação limeirense no seu corpo discente é mínimo. Assim como o é na FCA, também da Unicamp. Se for para atrair estudantes de outras cidades e, com isso, incentivar o desenvolvimento local - como eu mesmo escrevi nesta coluna (A história do copo! Meio cheio ou meio vazio? - http://new.gazetadelimeira.com.br/Noticia.asp?ID=51139) tudo bem. Se for para incentivar o estudante limeirense de nível universitário a permanecer na sua cidade de origem, melhor ainda. Sabemos, entretanto, que não é assim que acontece. Os números são frios. Então por que essa fixação, como se fosse a última bolacha do pacote? Confesso que fico sem entender. Quem explica? A Educação é muito mais que isso. Acompanhem abaixo!

Desafio em aberto
Por que então investir em ações dessa natureza se o problema é mais embaixo? Nos ensinos fundamental e médio? A questão então é política. De manutenção de uma marca (Fatec) como forma de esconder a calamidade do ensino público nos níveis acima citados. É preciso atentar, sim, para a formação do estudante e prepará-lo para enfrentar um vestibular. Quantos do ensino público entram hoje numa universidade pública?

Os anos de atraso
É mais que sabido que o Estado abandonou os ensinos fundamental e médio, deixando milhares de jovens que não podem pagar uma escola particular sem opções a não ser o próprio talento. Desvirtuou um sistema revolucionário - a progressão continuada de Paulo Freire - para empurrão obrigatório. De para , quem vem lucrando é a mídia, com a concorrência de instituições particulares de ensino para mostrar quem aprova mais!

para encerrar
Às vezes tenho intuições, quando penso que o lobby do ensino particular está vencendo e logo mais o governo vem com privatizações do ensino público. Desde o fundamental ao universitário. Infelizmente não falta muito para isso acontecer, tamanha é a displicência com a Educação. E aqui incluo, também, o governo federal. Que eu esteja completamente errado. Que seja um delírio. Um pesadelo. O problema é que estou acordado. E de olhos bem abertos!

Respira-se, enfim
Mais de quarenta anos depois, o município de Limeira recebe o anúncio de um grande investimento industrial. Se fosse noutros tempos, como quando a Goodyear aqui tentou se instalar, certos capitães de indústria estariam fazendo seu lobby particular e impendindo esse tipo de anúncio. E conseguindo. Os "donos" da cidade daquela época, que ainda resistem ao tempo, devem estar tristes. Felizmente saudosismo é apenas um sentimento, que remói na consciência, Não é saudades.

Histórinha legal!!
Ainda não contada oficialmente, uma história interessante desse passado não tão distante assim. Quando finalmente a Goodyear se instalou em Americana, empresários daqui e de grande influência, ligavam desesperados para diretores da multinacional, para que não aceitassem currículos de profissionais limeirenses, que aqui trabalhavam. Não queriam perder seus especialistas e a concorrência por melhores salários não lhes interessavam. Evidente que eram motivo de chacotas e se o profissional fosse bom e tivesse os requisitos, contratavam na hora. os "senhores feudais" limeirenses não mandavam não. Esses mesmos senhores que são os responsáveis por Limeira viver tanto tempo sem a vinda de uma grande empresa. Hoje é uma história realmente.

Uma comissão...
... de que verdade? Parece que o governo federal cedeu e vai para uma Comissão da Verdade mais branda. Talvez como queriam os militares. Apesar de ainda ir à apreciação no Senado, essa "comissão" deve investigar violações dos direitos humanos entre 1946 e 1988. Uma pena que não estamos seguindo os exemplos de Chile, Uruguai e Argentina. Vai ficar tudo como está! Ainda falta muito para o governo ter coragem de enfrentar o lobby militar e colocar no banco dos réus torturadores e perseguidores de políticos. Apesar da Lei da Anistia, vale lembrar que esse tipo de crime não prescreve. Que pena que a história real ainda não seja contada desta vez!

Pergunta rápida
A nova Praça do Museu e o terminal rodoviário urbano serão inauguradas em 2012?

Se você quer ler
O livro que vou indicar nesta semana é interessante do ponto de vista científico sobre a ditadura militar instaurada no País em 1964. Trata-se de Estado e oposição no Brasil - 1964 a 1984, da professora universitária Maria Helena Moreira Alves (irmã do ex-deputado Márcio Moreira Alves, do antigo MDB, morto em 2009 no RJ e considerado o provocador o AI 5, após um discurso que fez no Congresso Nacional, conclamando ao boicote da população às paradas militares no Brasil. Ele foi um dos primeiros cassados pelo próprio AI 5. Com 424 páginas, o livro narra o golpe de Estado a partir de uma visão crítica, quando se formou uma coalizão civil-militar e desembocou na ditadura que se viu depois.

Eu Recomendo!
Hoje vou de filme nacional. E para completar trata-se, também, de uma obra política. Estou falando de Memórias do Cárcere (Brasil, 1984), de Nelson Pereira dos Santos. Baseado no livro de Graciliano Ramos, ele narra justamente o martírio do escritor, preso por causa de suas convicções políticas, durante o Estado Novo de Getúlio Vargas.E mostra um período desagradável na história do Brasil. É um grande clássico do cinema nacional e não poderia ser diferente. Pelo próprio roteiro, narrativa e elenco, composto por Carlos Vereza (que viveu Graciliano), Glória Pires, José Dumont, Wilson Gray, Jofre Soares, Fábio Barreto, Jorge Cherques, Nildo Parente, Ligia Diniz, Marcus Vinícius. 185 min de duração. Vale uma passada na locadora. O livro indiquei aqui no Se você quer ler.

Frase da semana
"Um bom jornalista tem o coração aberto e é comprometido com a sociedade". David Klatell, professor da Universidade de Columbia. Sexta-feira, 23, no Portal da Imprensa.

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