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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Uma realidade sem saída?

Apesar de este título ser um trocadilho, o fato é que parece não haver limites à bandidagem. Desde aqueles do colarinho branco até os mais fuleiros, que se contentam com o trocadinho para o crack. O que está deixando todos sem saída mesmo - outro trocadilho - é a tal da “saidinha bancária”. Uma triste realidade dos nossos tempos, que afeta do empresário ao aposentado, sem deixar ninguém incólume. A Prefeitura regulou o estacionamento de motos longe das agências bancárias, como se fosse a grande saída (???) para o problema. Maioria das vezes o crime é cometido com esse tipo de veículo, com duas pessoas. Elogiei a medida, porém foi inócua. E os bandidos estão cada vez mais ousados. Na sexta, manchete desta Gazeta mostrou uma situação mais dura ainda: pai e filho baleados no portão de casa. Os ladrões saíram com todo o dinheiro. E uma das vítimas, o pai, acabou falecendo. Humilde pedreiro ao trocar um cheque na Nossa Caixa do centro, também teve seu dinheiro levado. Se a Polícia não consegue deter esse tipo de golpe, então chegamos ao fundo do poço. Mais uma “saidinha” sem volta.

Estão nem aí!!!
Está na hora - ou já passou dela - de chamar os bancos à responsabilidade. As agências são vulneráveis, a lucratividade é muita e pouco parecem se importar com o que acontece dentro das agências, pois é lá que começa esse tipo de golpe. E sempre que alguém quer mostrar isso à opinião pública, a Febraban consegue reverter leis, que poderiam dar mais segurança ao cliente.

Trabalho inócuo
Aqui em Limeira, muitas dessas leis aprovadas na Câmara e que poderiam garantir maior tranquilidade aos clientes das agências bancárias foram contestadas na Justiça, que decide sempre a favor dos conglomerados financeiros. Enquanto isso, a população fica cada vez mais intranquila e amedrontada. Sem saída mesmo. A não ser entrar para a galeria das estatísticas policiais, até mesmo na questão dos óbitos.

Ficando de fora
Aqueles que realmente deveriam ser ouvidos na questão do novo presídio em Limeira estão ficando de fora do debate. Os verdadeiros responsáveis pela condução do sistema carcerário, em Limeira, nem sequer foram contatados para falar da questão. Estou falando do Poder Judiciário e da Polícia Civil, que têm propostas próprias e técnicas para a questão, conforme mostra matéria publicada ontem pela Gazeta. Entendem, essas duas esferas de poder, que o ideal para atender ao perfil da região seria um Centro de Detenção Provisória (CDP) e não um Centro de Progressão Penitenciária (CPP).

Ouvidos moucos
O juiz Luiz Augusto Barrichello Neto, da 2.a Vara e Vara de Execuções Criminais e Corregedor dos presídios, enviou dois ofícios à Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), manifestando-se sobre o assunto. Assim como o próprio delegado seccional, José Henrique Ventura, também mostrou essa preocupação. Inclusive com números reais e estatísticas probatórias. Alguma resposta coerente da SAP? Nenhuma! Nem sequer estão no rol das autoridades que debatem o tema, que está apenas na esfera política, cujas capacidades técnicas e confiabilidade para esse debate são praticamente nulas. Só interesses promocionais!

Pergunta rápida
Por que os agentes políticos - prefeitos, governadores, presidente da República, vereadores, deputados, senadores etc, etc - só resolvem os problemas ou nos dão respostas adequadas, quando pressionados ou cobrados pela imprensa?

Exemplo claro...
... disso é a sinalização de solo na Tenente Belizário, que foi totalmente recapeada, e ficou muito tempo sem receber a pintura e causou muitos problemas a motoristas, inclusive acidentes. Agora, aos poucos, está sendo devidamente demarcada. Até o trabalho ser realizado, muita cobrança, muita reclamação e matérias publicadas por esta Gazeta. Não era necessário chegarmos a esse ponto!

Se você quer ler
Dando vazão à semana em que estou deixando a filosofia tomar conta do meu dia a dia, o livro que vou indicar, hoje, como leitura obrigatória àqueles que cultivam o hábito, nada menos que uma das cem grandes obras-primas mundiais da literatura. Trata-se de A insustentável leveza do ser, de Milan Kundera, publicado em 1984. Um livro completo, que permeia literatura, filosofia, romance, história e é ambientado em Praga (capital da antiga Tchecoslováquia), em 1968, ano da invasão russa, que se tornou conhecida como a Primavera de Praga. Conta a história de Tomas e Tereza - ele um médico renomado, rico e ela uma mulher simples - e uma segunda mulher, Sabina, com quem ele mantém um romance livre dos padrões da época. Vale a pena conferir e, posteriormente, assistir ao filme de mesmo nome, que recomendo abaixo. Vale para uma, duas, três ou quantas leituras forem feitas. Sempre sensacional e irretocável.

Eu Recomendo!
Para fazer jus ao livro, que indiquei acima, nada melhor que recomendar, hoje, o filme homônimo. A Insustentável Leveza do Ser (The Unbearable Lightness of Being – EUA, 1988), dirigido por Philip Kaufman. Traz no elenco Daniel Day-Lewis, as belíssimas Juliette Binoche e Lena Olin, Derek de Lint, Stellan Skarsgard, entre outros. É ambientado nos anos 60 em Praga, Tchecoslováquia. Tomas (Daniel Day-Lewis), um médico totalmente apolítico, tem como hobby ter diversas parceiras sexuais, mas evitando sempre um maior envolvimento. Mas duas mulheres: Sabina (Lena Olin), uma artista plástica, e Tereza (Juliette Binoche), uma garçonete que sonha em ser fotógrafa, vão estar muito presentes na vida dele. Mas ao serem atingidos pelos acontecimentos de 1968, conhecido como “A Primavera de Praga”, quando tanques soviéticos invadiram a capital tcheca para pôr fim a uma série de protestos, a vida deste triângulo amoroso é afetada, pois seus sonhos foram destruídos e suas vidas mudariam para sempre. 160 minutos.

Frase da semana
“O CPP não é versátil, ou seja, se vier um CPP vamos continuar precisando de um CDP”. Do juiz Luiz Augusto Barrichello Neto ao comentar as questões envolvendo a instalação do novo presídio em Limeira. Ontem, na Gazeta.

Antonio Claudio Bontorim

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