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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Ao mestre o devido valor!

Polêmicas ou responsabilidades à parte, é mais que sabido que o profissional - de qualquer área, tanto na iniciativa privada como no serviço público - é movido por um combustível chamado motivação. O que espera sempre ter dentro da organização, onde desenvolve suas atividades. Salários compatíveis e condições dignas de trabalho são a partida para que esse motor entre em ignição. Desmotivado, um profissional rende pouco, trabalha sem perspectivas e vive apenas em função do salário. O que gera insatisfação pessoal e baixo comprometimento com os projetos corporativos.
Há uma semana o País vem discutindo o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), ano base 2009, divulgado pela OCDE (Organização para a Cooperação Econômica Europeia), que mostrou avanços no Brasil nesse segmento, que é a essência do desenvolvimento humano. Demonstrou, porém, que muito precisa ser feito e discutido. E melhorado. E um dos tópicos analisados é a valorização, através da melhoria nas condições de trabalho e salários dos professores.
E nesse quesito entra um dado interessante, divulgado pelo Pisa: o melhor desempenho dos estudantes está relacionado aos salários mais altos dos professores e não a turmas com menos alunos. Portanto, derruba-se um mito da superlotação de salas de aula para amparar justamente uma realidade bastante conhecida: os baixos salários da categoria por aqui. Vou me reportar aos meus tempos de grupo escolar, ginásio e colegial (hoje conhecidos como ensino fundamental e médio). Ano a ano, os professores se mantinham nas escolas - públicas e de excelente qualidade - e trocavam seus carros, demonstrando na prática o status que tinham, atraindo jovens à profissão. Hoje muitos não conseguem pagar nem o passe de ônibus. Se entre as décadas de 1970 e 1980, o então governador Paulo Maluf falava que a “professora não ganhava mal, mas era malcasada”, hoje os governos investem no aparato policial para bater nesses mestres, quando eles reivindicam melhorias salariais e nas condições de trabalho. As leis tiraram a autoridade (não autoritarismo) do professor, que fica submisso à tirania dos alunos. E até dos próprios pais.
Os governos precisam rever suas posturas ultrapassadas e investir em políticas educacionais, que privilegiem sobretudo o professor, garantindo-lhe o aprimoramento constante e remuneração adequada. As polícias podem, muito bem, ser guardadas para ações no combate ao crime. Cassetete, caderno e lápis não combinam!

Antonio Claudio Bontorim

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