O Ministério Público (MP) fecha o cerco aos envolvidos no chamado “escândalo da merenda”. Não dá trégua e brinda a opinião pública com fatos novos, de um relacionamento mirabolante entre iniciativa privada, poder público e o uso de políticos, para garantir que todos se saiam bem, numa obscura história que teve início há cerca de cinco anos. Tentativas políticas naufragaram como se desintegram facilmente, nas enxurradas, os barquinhos de papel da nossa infância. Sobra-nos a desvendar tais mistérios, o MP e a Justiça, que caminham firme ao fim do túnel. E à luz que pode iluminar as consciências e mostrar a face dos verdadeiros culpados.
Em mais uma ação “pesada” e rica em detalhes, o promotor Cleber Masson pede, agora, o afastamento do vereador César Cortez (PV) de suas funções na Câmara - pede-lhe a suspensão de seu mandato - além de sanções políticas e pecuniárias ao próprio Cortez, ao ex-vereador Carlos Ferraresi e de reparação à empresa SP Alimentação e seu socioproprietário, Eloizo Gomes Afonso Durães. Todos, evidentemente, dentro do direito ao contraditório, negam tal envolvimento ímprobo e alegam, publicamente - ou nos segredos judiciais em meio a suas defesas - a inocência.
Abatida pelas consequências do pedido de prisão de Cortez às vésperas da eleição e do socioproprietário da empresa merendeira, a Câmara de Limeira foi obrigada - agora com o dedo do MP a lhe apontar o nariz - a tomar posição e, finalmente, uma atitude correta e coerente. Procedimento que deveria ter acontecido lá atrás, quando as primeiras denúncias - com documentos, inclusive - começaram a aparecer: uma comissão parlamentar de inquérito (CPI). Oficialmente ela já existe, porém na prática navega à vontade da bancada governista (que não quer ver e se possível impedir) no sentido de blindar o Poder Executivo. O início de tudo.
Como instrumento de investigação política, a CPI tem obrigação de ir muito além do que vislumbram promotores e juízes. E cortar definitivamente a carne daqueles que venham a comprovar o envolvimento nesse espisódio ainda nebuloso. Espera-se, no mínimo, que a pressão das ações do MP - e o risco de um fiasco político de graves proporções aos vereadores-investigadores - façam a comissão caminhar na mesma direção. A da transparência. E que não tentem chegar ao “lugar nenhum” da impunidade, com os argumentos de sempre, arquivando-se a busca da verdade. O caminho, neste caso, tem mão de sentido único. Não dá para engrenar marcha a ré!
Antonio Claudio Bontorim
Em tempo: Ainda ontem, durante a sessão ordinária da Câmara, o oficial de Justiça entregou a citação a Cortez, que foi imediatamente afastado pelo presidente da Casa, Eliseu Daniel dos Santos (PDT), também citado pelo oficial. Detalhes e matéria completa sobre o tema na Gazeta de Limeira, versão impressa, de hoje, que já está nas bancas.
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário