Pages

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Neutralidade anunciada

Independência. Neutralidade. Isenção. Imparcialidade. Seja como for que se resolva classificar a atitude de Marina Silva e do Partido Verde (PV) em relação ao segundo turno das eleições presidenciais, percebe-se que essas quatro definições, neste contexto específico, se resumem simplesmente à liberação dos 19,6 milhões de votos à escolha do próprio eleitor, que os cravou nas urnas em primeiro turno. Não houve deliberação ou indicação de apoio nem a Dilma Rousseff (PT) nem a José Serra (PSDB). Conforme eu já havia antecipado neste espaço, na coluna do último dia 7, quatro dias após a “preliminar” eleitoral.
Se não houve surpresas e de forma sábia o próprio PV seguiu a decisão de sua estrela maior, Marina Silva (liderança em franca ascensão), sua posição foi de uma correção e zelo extremados especialmente em respeito ao seu próprio eleitor. Ou como lembrou muito bem o candidato verde ao governo do Rio e segunda maior liderança do Partido, Fernando Gabeira, “os votos foram de Marina Silva. O PV cresceu pouco do ponto de vista parlamentar”. Só isso jusficaria uma postura tal qual a anunciada na tarde do último domingo, após convenção em São Paulo, na qual votaram 92 membros da agremiação partidária. Com um detalhe, apenas quatro votaram por apoio à candidata petista e outros quatro ao candidato peessedebista. Cada um vai seguir de caminho livre para escolher seu preferido.
Dessa postura de Marina começa a emergir, de fato, uma terceira via forte, com consistência suficiente para provocar mudanças estruturais no jogo político. Senão neste momento - em que mais uma vez ponteia uma espécie de disputa bipartidária entre PT e PSDB - pelo menos num futuro bastante próximo, já que em 2012 teremos eleições municipais e, apesar de não ter crescido como partido, o PV conta agora com a força dessa liderança que, ao que tudo indica, veio para ficar. E que vai desencadear uma verdadeira onda no mar calmo pelo qual navegam hoje partidários de Dilma e de Serra (ou seriam de Lula e FHC?). A ordem dos fatores, aqui, não interfere no resultado lá na frente. Mas o fator Marina Silva, sim, esse vai ter papel preponderante para um redesenho do mapa político nacional.
Cabe a ela também importante tarefa neste momento: fazer o PV crescer na política e em representatividade, para que seja consolidado como uma alternativa viável, diferentemente do PMDB, que apesar de ser o maior partido no Brasil, nunca deixou de ser mero coadjuvante. Marina Silva tem tudo para ser protagonista!

Antonio Claudio Bontorim

0 comentários: