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terça-feira, 13 de outubro de 2009

Consciência coletiva

Venho, através de minha coluna na Gazeta, Texto&Contexto, e através deste blog, lançando desafios à classe dirigente educacional, sobre os graves problemas que a escola pública, em especial as de responsabilidade do Estado, enfrenta. A própria Gazeta, em duas matérias seguidas, em curto espaço de tempo, mostrou a realidade nua e crua dessa situação.
Duas denúncias envolvendo o mesmo estabelecimento escolar, cuja direção teima em não abrir os olhos para os perigos da omissão, tenta esconder fatos gravíssimos, que felizmente veio à tona.
O primeiro, através de uma professora da escola, que teve seu carro depredado por um adolescente de 14 anos, reincidente em ameaças, que tanto a diretora da escola - que nem sei o nome - e uma supervisora da Diretoria Regional de Educação, em entrevista a uma emissora de televisão, tentaram descaracterizar a denúncia. Esta última tentanto achar pelo em ovos, afirmando que a imprensa só divulga más notícias. E, o segundo fato, a denúncia de pais de uma aluna - inclusive com confirmação de outros estudantes e até mesmo funcionários da própria escola - que meninas estariam sendo vítimas de ameaça de estupro, por um rapaz, que costumeiramente vai até a escola. Armado.
E pasmem sobre a reação da mesma diretora: "estão querendo denegrir a escola", disse ela à reportagem da Gazeta. Outro absurdo e um abuso de autoridade sem tamanho, agora chancelado pela própria Secretaria de Estado da Educação, que afirma não haver problemas dessa natureza. Que pena. Estão todos de olhos fechados, sonhando com um mundo irreal, de "faz de contas", esperando apenas o pior acontecer. Quem está denegrindo a Educação Pública? É a imprensa? Pais desesperados? Professores ameaçados?
Infelizmente, quem se omite e empurra responsabilidades com a barriga são justamente aqueles que denigrem a própria Educação, que um dia juraram defender e honrar. São, hoje, ex-educadores, travestidos de dirigentes escolares. Nos seus mais diversos níveis.
A sociedade, felizmente, tem consciência disso. E sabe separar - e muito bem - quem está e quem não está interessado em resolver os problemas. Sobre esse tema, recebi um e-mail do leitor Melsquisedec Oliveira da Silva, que autorizou a publicação do mesmo e também do seu nome. Também comentando o que escrevi em minha coluna.
Leia, a seguir, na íntegra, o comentário de Melquisedec, que estarei publicando, também, em minha coluna de quinta-feira, na Gazeta. Escreveu o leitor: "Vivemos em um país de faz de conta. O malandro é aceito socialmente como o mais honesto e a mentira deslavada é reverenciada como a mais pura verdade. O governo produz incessantes fantasias com pensamentos "embriagados" e consegue agradar 80% da população. Tristeza. Quem está dentro de uma sala de aula sabe que nossas escolas públicas se tornaram verdadeiras "panelas de pressão". A violência da sociedade é amplificada dentro das escolas. Burocratas ligados à Secretaria de Estado de Educação, não querendo mostrar ingerências educacionais, sempre distorcem a realidade escolar. Quando não nas costas do professor, jogam o problema para a imprensa que só divulga más notícias".

Antonio Claudio Bontorim

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