Pages

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Apagão político
“Acho que houve uma espécie de apagão em matéria de Enem. Isso complicou muito a situação do sistema universitário, que confiou em que o Enem fosse funcionar”. Essa frase até poderia passar em branco, não tivesse saído da boca do governador José Serra (PSDB). Uma semana depois de o MEC ter cancelado o Exame, por fraude e vazamento. Curiosa a declaração de Serra, porque é política e comemora o fracasso da primeira tentativa de unificar vestibulares no País e que agradou muito também à Unicamp e USP, amplamente contrárias a esse tipo de avaliação.

Ainda o Enem
Na realidade, o ex-presidente tucano FHC tentou algo parecido, porém não teve coragem de enfrentar o lobby das fundações que preparam vestibulares, como Comvest, da Unicamp, e Fuvest, da USP. Uma unificação, que com certeza, contraria muitos interesses. E interesses financeiros. Só a inscrição para a Unicamp, por exemplo, custa R$ 115,00. Da Fuvest, R$ 100,00.

É elementar...
As peças, se bem colocadas, encaixam-se perfeitamente feito um brinquedo Lego, se alguém se propuser a pensar e analisar todo o vazamento das provas do Enem. Basta colocar as peças na sequência lógica de todo esse processo. Sou, e sempre fui, um crítico contumaz das chamadas teorias conspiratórias. Porém, quando as coincidências são tão claras e evidentes, não dá para deixar de imaginar o que pode ter acontecido. Há um ditado que diz o seguinte: “se você apostar num cavalo e ele vencer, é sorte; se apostar pela segunda vez no mesmo cavalo, e ele vencer novamente, é coincidência; porém, se apostar uma terceira vez, e ele voltar a vencer o páreo, continue apostando, que o cavalo é bom”. Cada um pode tirar sua própria conclusão. Eu já tirei a minha!

Até quando??
No mês passado, esta Gazeta denunciou a violência de um adolescente contra uma professora numa escola estadual de Limeira, que teve seu carro depredado. A professora não quis mais voltar a lecionar lá e a diretoria do estabelecimento contemporizou, tentou ocultar a denúncia e a Diretoria de Ensino também nada fez, a não ser uma entrevista de uma supervisora a uma emissora de TV, que tentou descaracterizar o caso e culpar a imprensa pela divulgação de más notícias.

Outra história
Pois bem, uma nova denúncia envolve a mesma escola. Mais grave e com a confirmação de funcionários da unidade. Meninas estariam sendo ameaçadas de estupro por um homem, que já invadiu a escola armado. A denúncia é dos pais de uma garota ameaçada. E de forma orquestrada, a diretoria do estabelecimento diz que é mentira, que estão querendo denegrir a instituição, com a anuência da própria Secretaria de Estado da Educação, que também nega o fato relatado. A Diretoria Regional de Ensino diz que precisa de provas concretas. Então, vai se esperar uma jovem ser estuprada para comprovar a violência e, aí sim, tomar as providências? É triste. Chocante. Absurdo!

Está tudo azul!
Por que teimar em tapar o sol com a peneira e tentar mostrar uma realidade que não existe? Estamos, diariamente, vendo na mídia a que ponto chegou a Educação pública, gerenciada pelos estados, e nenhuma providência é tomada. Veja no meu blog (http://colunatextoecontexto.blogspot.com/) artigo recente que escrevi sobre isso: Insensibilidade que mata! O que se pede, apenas, é mais competência na Educação pública e humildade para reconhecer os problemas - que são graves, sérios e conhecidos - e buscar soluções práticas. Será que é tão difícil assim? Falta vontade política ou competência mesmo?

Frase da Semana
“Uma criança não é um projeto acabado que você pode modular. Ela é uma pessoa que precisa de permissão para ser protagonista se sua própria vida”. Carl Honoré, filósofo escocês, sobre a ansiedade dos pais em querer forçar os talentos dos próprios filhos. Em entrevista à IstoÉ, 07/07/09. Edição 2082.

Antonio Claudio Bontorim

0 comentários: