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terça-feira, 28 de maio de 2013

Um novo velho discurso político

Se alguém ainda duvida que 2014 já chegou, apesar de estarmos alcançando apenas a metade de 2013, é só navegar pelas redes sociais e acompanhar o noticiário da mídia tradicional, para perceber que o movimento político ganha nítidos contornos de campanha eleitoral. Não há um só ato, seja da situação ou da oposição, que não nos conduza ao palco de mais uma acirrada disputa. Talvez o mais duro - porém, não tão competitivo assim - embate da história recente de períodos pré-eleitorais de que tenhanos conhecimento, levando em consideração o desejo de manutenção - ou retomada - do poder central.
Mais duro, porque será figadal. E o "não tão competitivo assim", a que me referi neste início de artigo, é por conta da falta de lideranças entre os críticos do governo, que possam garantir à oposição um papel de destaque no enredo da política nacional. Está tudo muito carcomido e velho, como aqueles antigos discos de vinil, quando riscavam. A agulha enroscava e uma mesma frase ou trecho da música tocada se repetia, repetia e repetia, até darmos um peteleco no braço da vitrola para a agulha poder correr livremente e, dessa forma chegar à última faixa. E a tentativa de dar visibilidade a um ou outro personagem esbarra na falta de carisma daqueles que querem, com sorrisos ou frases de efeito, a garantia de chegar lá por setembro do ano que vem, como um CD. Com um discurso de fato renovado em temas e objetivos. E mesmo com alguns petelecos, essa agulha não desenrosca nunca e a tendência aponta para a manutenção do status quo atual.
E para atrair a opinião pública e minar a hegemonia do PT no governo federal, o PSDB - principal partido de oposição - erra, novamente, ao tentar a busca de dividendos nos programas sociais, que ganharam destaque a partir do primeiro governo do metalúrgico Lula, como se fossem bandeira já hasteada e por outras mãos. A grande questão que fica, com esse novo jeito de chegar junto ao eleitorado, é a seguinte: se esses programas têm, como disse o candidatíssimo Aécio Neves - o ex-governador e hoje senador tucano mineiro e presidente nacional do partido - o DNA do PSDB, por que, então, não foi parido antes? E se foi, de fato, por que o governo FHC fechou seu ciclo sem contabilizar para si tais projetos? Parece-me que não há teste de parternidade no mundo que comprove essa tese do DNA. Pelo menos, não junto aos eleitores. Essa é a pintura de momento, que compõe um surrealista acervo de obras de arte, que é a política nacional.
E mesmo com algumas caras novas, o discurso continua antigo. O mesmo do disco riscado, que levou José Serra (por duas vezes), e o atual governador paulista, Geraldo Alckmin, a serem derrotados por Lula e Dilma. E se essa batida for mantida e não cair nenhum tornado por aqui, 2018 ainda está longe. E com riscos de  tempo de validade vencido. A ex-verde Marina Silva, que patina na organização de seu novo partido, e o governador pernambucano Eduardo Campos (PSB) podem ocupar esse espaço, que ano a ano vem sendo tirado do ninho tucano. E boatos, inevitavelmente, voltam ao lugar de origem, provocando grandes estragos.

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