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terça-feira, 7 de maio de 2013

O fundamental papel da imprensa

Escrever sobre isso parece repetir uma ladainha pronta e decorada do início ao fim. Numa sociedade em que os perigos de retrocesso continuam existindo, uns mais escancarados e outros dissimulados, escondidos sobre pretensos argumentos de selecionar a informação a ser repassada à opinião pública, nunca é demais reforçar que os parâmetros de liberdade de expressão devem prevalecer sobre quaisquer interesses. Desde que não signifiquem ruptura institucional ou exacerbação ideológica, religiosa ou preconceituosa, tão danosas quanto à própria censura, que mentes insanas tentam ressuscitar, através de atos e embaladas por expressões, que à primeira vista se mostram coerentes e com a lógica apurada sobre pretextos de melhoria dessa informação.
Embora seja obrigado a reconhecer que a mídia no Brasil não é plural, como deveria, não é o controle de conteúdo que vai garantir o acesso de todas as correntes do pensamento aos meios de comunicação. É ilusão acreditar, também, que o mesmo espaço dado a uma vai ser determinado a outras. São distorções execráveis, mas ditadas pelos padrões da grande imprensa, que sob uma falsa objetividade e à guisa dessa tal de imparcialidade - cantada em prosa e verso - não abrem mão das suas próprias regras e do monitoramento daquilo que é publicado ou não. Tudo dentro de um interesse corporativo, que nem sempre representa pluralidade de informação. Mesmo assim, qualquer ação no sentido de regulação da mídia soa como antipático e uma prática que põe em risco a própria diversidade de opiniões. O próprio leitor, espectador ou ouvinte podem pôr em prática um controle natural sobre qual informação deseja receber, ao escolher o que vai ler, qual rede de televisão vai ver ou que emissora de rádio vai ouvir. E apesar do fascínio que esses meios exercem, não penso que seja utopia sonhar com uma evolução nesse sentido.
Ou como disse a presidente Dilma Rousseff (PT), em seu discurso de posse, "é preferível o barulho de uma imprensa livre ao silêncio das ditaduras". E é com esse barulho - ideologizado ou não - que se mobiliza a opinião pública e se faz chegar até ela os mandos e desmandos de uma classe política (de todas as cores partidárias indistintamente), que age sob o signo da impunidade para perpetuação de suas negociatas.
Os exemplos estão aí. Privatarias, mensalões, superfaturamentos entre outras tantas derrapadas de agentes públicos. E agora, com base em matéria publicada no último dia 28, nesta Gazeta - Material de limpeza custa até seis vezes mais para Prefeitura - o Ministério Público vai instaurar inquérito sobre pregão aprovado com preços até seis vezes maiores que os praticados no mercado. Nesse ponto o papel da imprensa é fundamental. Se há desvios nessa prática, cabe a nós profissionais da mídia corrigi-los e, de forma inteligente, conquistar e ocupar os espaços necessários a essa pluralidade, essencial ao direito do livre exercício da liberdade de expressão.

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