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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Contar a história para embasar uma crítica

A manchete desta Gazeta de Limeira da última quinta-feira (Prefeitura está sem brigada de incêndio) nos dá a exata dimensão de como anda a situação de prédios públicos - além de casas de espetáculos, shoppings, estádios entre outros locais fechados de aglomeração de pessoas. Ora, se um prédio público, o centro do Poder Executivo limeirense, como o Paço Municipal Valdemar Mattos Silveira - o antigo Edifício Prada - está nessa situação, como exigir de outros que também cumpram a legislação no tocante a incêndios? O bom exemplo não tem endereço nem tamanho, mas nos permite a uma sequência de questionamentos e reflexões, que vão muito além da nossa percepção. No caso do Edifício Prada, durante a edição do jornal, ao ler a manchete, veio-me à memória um pouco da história do próprio Corpo de Bombeiros local, originado justamente dentro da Cia. Prada Indústria e Comércio, a partir da criação da primeira Brigada de Incêndio, em 1952, dentro da fábrica, por sugestão do mecânico de manutenção Santo Fabri Neto ao gerente Eduardo Peixoto. Hoje não há brigada por lá.

De tudo um pouco
A história, entrentanto, nos reaviva a memória. E após esse insight, resolvi buscar mais informações, para fundamentar melhor ainda a crítica. Apesar de ser interna, a Brigada da Prada atendeu ocorrências externas. A primeira, em 1954, no dia 7 de gosto, na Usina São Jerônimo. Em 1963, um incêndio de grandes proporções, no Posto da Comercial Batiston exigiu, novamente, a presença da Brigada da Prada.

Corporação à vista
No incêndio do posto da Batiston, o Corpo de Bombeiros de Piracicaba foi solicitado e daá à criação de uma corporação local foi um passo e boa vontade do Conselho das Entidades de Classe criado em 1964, composto por cidadãos, comércio e indústria e prefeitura municipal, que acabou adiquirindo um caminhão Ford 1963, com tanque de 5 mil litros e outros acessórios necessários ao combate ao fogo.

E como ele é hoje
Com a construção da atual sede, na Vila São Roque, o Corpo de Bombeiros passou a ser administrado pela Polícia Militar do Estado de São Paulo, ganhando o status que tem hoje. Antes, fora dirigido pelo sargento reformado da extina Força Pública, João Barbosa e, após ua morte, pelo próprio Santo Fabri Neto autor da idéia da brigada da Cia. Prada e, posteriormente por Rubens Aliberti, que comandava também a Guarda Municipal. Foi preciso reavivar um pouco dessa memória, para perceber a grande contradição e o descaso do Poder Público, que vem de longe, ao não servir de exemplo ao próprio município.

Irresponsabilidade
E não é só pela questão de estar no Edifício Prada, a origem de tudo, mas por não fomentar a cultura da prevenção, praticamente abandonada na administração passada - oito anos funcionando sem alvará dos Bombeiros, como apurou esta Gazeta, é muita coisa -  useira em emitir alvarás provisórios sem fiscalizar, com episódios recentes e quase catástróficos amplamente divulgados pela mídia. Fiscalização, que é uma palavra-chave no processo preventivo às grandes catástrofes, é sem dúvida a maior deficiência do Poder Público. Seja da Prefeitura, dos setores sanitários e até mesmo do Corpo de Bombeiros, que muitas vezes se omitem no exercício da função ou preferem o chamdo "jeitinho". É fato.

Crimes e... crimes
O fato é que parte disso reside nos crimes dos agentes públicos, que vai da prevaricação no exercício do cargo à corrupção explícita, quando são "pagos" para não enxergar nada. Vamos explicitar: é o início de tudo.

Uma história bonita
Quando comentei com o companheiro de Redação, o jornalista José Encinas, na quarta-feira à noite, no momento em que fechávamos a edição da manchete em discussão, logo veio-me à memória que o início do Corpo de Bombeiros tinha sido com a Brigada de Incêndio da Prada. Fui buscar na história e encontrei um texto de Otto Ricardo Hornhardt Filho, em "Memórias de Limeira", e de lá pincei essas informações, que compartilho com todos. Um agradecimento especial ao Otto.

Pergunta rápida
Quando acontecerá a próxima tragédia que poderia ser evitada?

Para se aprender
Ex-deputado federal, ex-ministro e articulador da emenda da reeleição de FHC, entre outros cargos que ocupou, faleceu na quinta-feira, 31, aos 80 anos, Luiz Carlos Santos. Ele foi tão exímio articulador político, que até hoje não tem sucessor à altura. Enquanto atuava, Santos conseguiu fazer aprovar a emenda da reeleição presidencial e, principalmente, limpar os bastidores das denúncias de compra de votos para aprová-la, um segredo que acabou levando com ele. Seria o primeiro mensalão de um governo federal, sobre o qual todos se calaram. E até hoje ninguém negou sua existência, apenas deu de ombros. São duas faces da ética: uma que me ajuda e me dá respaldo moral; e a outra - que é a mesma - com a qual eu denuncio meus adversários.

Um mês de poder
O governo de Paulo Hadich (PSB) completou um mês na última sexta-feira, dia primeiro. Pouco tempo para uma análise mais apurada, apesar de alguns escorregões que ainda carecem de explicações.

Nota curtíssima
O sindicalismo no Brasil virou um negócio rentável. Tão rentável, que a sucessão chega a ser hereditária.

A frase da semana
"Há boates em Limeira sem alvará". Do Corpo de Bombeiros, e manchete desta Gazeta. Terça-feira, 29 de janeiro, após a tragédia de Santa Maria-RS.

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