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terça-feira, 2 de outubro de 2012

Lições que os políticos não aprendem. Nunca

Quando Fernando Collor de Mello foi eleito em 1989 e, quase perdendo a eleição apelou para uma ex-namorada de seu opositor, Luís Ignácio Lula da Silva, que veio em cadeia nacional, via propaganda eleitoral gratuita, afirmar sobre o abandono que sofreu pelo candidato petista - verdade não corroborada depois, pela própria filha do casal - e dois anos e nove meses depois sofria um impeachment, por conta de suas próprias mentiras, o País evoluiu muitos degraus nas relações políticas internas. E o principal deles, foi, daquela eleição em diante, não mais haver paciência do eleitor com ataques fortuitos, sobre a vida pessoal ou não, entre candidatos.
Só para fortalecer esse ponto de vista - e não ser acusado depois de tendencioso, como sei que alguns o farão - nas duas eleições seguintes, 1989 e 1992, Fernando Henrique saiu-se vencedor, justamente por conta da campanha virulenta de seu oponente, o próprio Lula, que tentava emplacar sua candidatura e uma vitória histórica do Partido dos Trabalhadores (PT). Em 2002 houve uma inversão nas posturas, e o petista foi eleito, também por conta de uma campanha eleitoral de baixo nível, de seu adversário de então, José Serra, que exibiu a atriz global Regina Duarte, sob um fundo negro, afirmando o famoso "eu tenho medo", numa alusão aos perigos de uma provável vitória de um metalúrgico à presidência da República.
Na disputa pela reeleição, em 2006, foi a vez de Geraldo Alckmin atacar Lula, o que mais uma vez mostrou-se inócuo perante o eleitorado. José Serra repetiu a dose em 2010 e foi derrotado por Dilma Rousseff. Como aconteceram repetidas vezes, no Estado de São Paulo, com o PT tentando ganhar uma eleição a governador, com ataques ao PSDB. Sem sucesso. Momentos de nossa história política recente, que nos obrigam a uma reflexão sobre as campanhas políticas e seus momentos cruciais, quando começam a se definir vencedores e vencidos. E apesar do avanço em todos os setores da sociedade, a política fica, muitas vezes, estagnada na cabeça de políticos, que apenas almejam satisfazer suas próprias vaidades, antes de pensar no coletivo e na responsabilidade que terão sobre a sociedade que irão representar.
Sutilezas ou ataques abertos, com remetente e destinatário, em nada contribuem com o processo eleitoral limpo, almejado por todos os cidadãos. Espera-se, nesta última semana, que não se repitam por aqui cenários já conhecidos e totalmente repudiados ao longo desses anos. A sutileza ficou por conta do candidato Paulo Hadich (PSB), que fez alusão ao "patrimônio da família" (com endereço certo) em sua propaganda eleitoral. E o ataque aberto por conta de um candidato a vereador da base de Lusenrique Quintal (PSD), que seccionou trechos de matérias jornalísticas e discursos, numa montagem primária e amadora. Ambos escorregaram na ética. E remédios fortes dessa natureza, como mostrei no início deste texto, podem causar efeitos colaterais irreversíveis àqueles que deles fazem uso. Não seria pedir muito, que apenas se atenham a propostas e compromissos. É disso que o povo precisa. E quer. Principalmente agora, que estamos às vésperas do pleito. 

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