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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Mais na gestão do que no próprio mensalão

Após desempenho fraco em algumas das grandes cidades administradas pelo Partido dos Trabalhadores (PT) - e Recife é o melhor exemplo - cientistas políticos e analistas se arvoraram em imputar essas derrotas, ou algumas meias derrotas, pois há municípios onde haverá segundo turno, aos resultados do julgamento da Ação Penal 470, o conhecido mensalão. Discordo. E explico. Melhor ainda, quem explica é o vitorioso candidato do PSB à capital pernambucana, Geraldo Júlio, cujo partido pertence à base aliada do governo (embora o candidato petista tenha sido outro), quando na primeira entrevista concedida lembrou que eleição municipal é um evento local, regionalizado, quando conta muito a gestão do antecessor. Se a gestão é eficiente a ponto de agradar ao eleitor, ele não vai trocar de candidato. E vale para qualquer partido. Nem mesmo o PSDB, hoje o maior crítico do petismo, conseguiu lá se eleger. E perdeu em algumas cidades importantes, também, como São José dos Campos, justamente para o PT. Exemplos regionais também apontam para o "evento local", como tratou de definir sua própria eleição, Geraldo Júlio.

Exemplos locais
Na região de Limeira, por exemplo, gestões municipais não aprovadas, tirou a eleição de Rose do Zelão, do PSDB, em Engenheiro Coelho, que perdeu para o candidato do PMDB, Pedro Franco de Oliveira. Em Iracemápolis, foi o próprio PT quem desbancou o PSDB e, em Cordeirópolis, a gestão de Carlos César Tamiazo (PSB) foi aprovada na eleição de seu vice, Amarildo Zorzo, também do PSB.

Outas situações
Também não se pode esquecer de Campinas, que de um primeiro turno garantido, foi levada ao segundo, por um candidato petista, Márcio Pochmann, contra o favorito Jonas Donizete (PSB). E a capital paulista entrou para a história política, ao desbancar um favoritíssimo, Celso Russomano (PRB), levando a segundo turno José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT). Qual o efeito do mensalão? Nenhum...

Para corroborar
Concluindo: na quarta-feira, 10, o DataFolha trouxe a primeira rodada de pesquisa eleitoral em São Paulo, mostrando Haddad dez pontos porcentuais à frente de Serra (47% a 37%), que foi a manchete do jornal Folha de S. Paulo da quinta, 11. A definição nesse sentido - em se mantendo - tem lógica. A gestão de Gilberto Kassab (PSD) é uma das mais mal avaliadas na história da cidade. E Serra representa, justamente, a continuidade de Kassab. É o candidato do atual prefeito, que no início, antes do lançamento da candidatura tucana, flertou com o próprio PT, de Lula. Alie-se a tudo isso o enorme índice de rejeição de José Serra, que tem sido definitivo para muitas derrotas até mesmo de grandes favoritos à vitória. Pincei exemplos mais próximos, mas que devem existir aos montes pelo Brasil.

Mudanças reais
O julgamento do mensalão e condenação da cúpula petista à época, bem como algumas derrotas devem acender a luz amarela, tanto no PT quanto no PSDB. Pois vem aí um PSB, comandado por Eduardo Campos, renovado e talvez renovador. Aqui em Limeira não é diferente, com o acesso ao poder do próprio PSB, alavancado pelo PT, que elegeu o vice-prefeito, mostra que é hora de uma reavaliação. Tanto para vecedores como vencidos. Talvez o maior estrago nem foi no próprio PSD ou em Luserinque Quintal, mas no PSDB, de Pedrinho Kuhl, que o apoiou. O PSDB  jovem tem quadros importantes em Limeira, que precisam se movimentar na direção do partido. Como o PT não pode mais permitir os extremos de tomarem conta do partido. Não há mais lugar para isso na política.

Mais segurança
E trocando a política por um tema mais afeto a nós, mortais - e cada vez mais mortais - passou da hora de bancos e empresas de transporte de valores repensarem a forma de recolher e entregar dinheiro. Além de às vezes causar transtornos ao trânsito - os carros-fortes param em qualquer lugar e têm autorização para isso - os seguranças trafegam normalmente pela entrada principal das agências bancárias, de armas em punho, em meio aos clientes e usuários. Sem a mínima preocupação se pode haver ou não algum contratempo. Do jeito que chegam e do jeito que saem são um risco, tanto a eles próprios como às pessoas que lá estão.

São alvos fáceis
Na última quinta-feira, por volta das 11h, estive na agência central do Bradesco, na Dr. Trajano, realizando alguns serviços bancários no autoatendimento, quando a operação estava sendo realizada. Confesso que fiquei assustado e pensei muito no assunto. As instituições bancárias precisam ter uma área própria para que os carros-fortes cheguem, estacionem (de preferência em local reservado, interno e fora do alcance fácil de todos) e façam a descarga ou coleta dos valores. Quando se assiste a essas operações não é difícil imaginar o pior. Está na hora de agir.

Pergunta rápida
Você acredita em pesquisas eleitorais?

Ainda a sujeira...
... eleitoral. O leitor Dimas Maluf discorda da ideia proposta por mim, nesta coluna, que obriga candidatos e partidos a limparem o lixo acumulado com os chamados "santinhos". Ele acredita que o ideal seria proibir essa prática. "Que é antiquada e retrógrada, mas está presente desde que me conheço como gente", diz. E mais, com severas punições aos candidatos e partidos. O leitor diz que há, também, a possibilidade de o próprio Tribunal Superior Eleitora (TSE) proibir essa prática. Dimas Maluf cobra, ainda, o cumprimento da lei municipal sobre panfletagem. "A prefeitura não pode interferir na legislação eleitoral, mas pode exigir o cumprimento da legislação vigente sobre panfletagem", afirma.

Justa homenagem
Dar o nome de Prefeito Paulo D'Andréa ao viaduto que liga a Avenida Comendador Agostinho Prada à Via Guilherme Dibernn, sobre o anel viário, faz justiça a um dos grande políticos e administrador público de um passado não tão distante. Um reconhecimento à sua história e família.

Frase da semana
"Para que minha alma possa ser lavada plenamente do ponto de vista pessoal, neste momento, é garantir os segundos turnos". Do ex-deputado federal Professor Luizinho (PT), absolvido na semana passda pelo STF no processo da Ação Penal 470 (mensalão). Ontem, na Folha de São Paulo-Poder.

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