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terça-feira, 23 de outubro de 2012

O politicamente correto da insensatez

Dos temas sensíveis, que levam a discussões acaloradas entre expertises das mais diversas cepas, os que tratam do racismo - aqui posto como diferenças entre as etnias, que compõem a espécie humana - são aquelas de maior embate entre as ideias, no qual dificilmente se chega a um denominador comum. São provocativas e não raro se estendem a questões pessoais e acabam virando motivo para verdadeiras guerras judiciais e, invariavelmente, se transformam em ações criminais, pelo simples uso de um termo qualquer, que longe de ter endereço do conflito e ser apenas figura de linguagem, são a cereja do bolo de grupos autodenominados minorias.
Não vejo dessa forma. E posso expressar com a liberdade que me é garantida pela Constituição Federal, discordando das polêmicas que sustentam ONGs, que antes de defenderem essas chamadas minorias - que por si só é uma expressão, essa sim, racista - só aumentam os estereótipos, que no Século XXI nem deveriam mais existir. Quando se fala sobre raça, gosto de me ater apenas à humana, que é composta de muitas etnias, nas suas mais variadas cores: branco, preto, pardo, amarelo, vermelho. Portanto, se fazemos parte de uma só raça, jamais deveria haver preconceito algum de cor, ideologia, opção sexual ou credo religioso. Uma opinião que pode ser polêmica e, com certeza, será tratada como racista, que se for lida nas entrelinhas vai provar justamente o contrário. O respeito não tem coloração, fé, preferência política e divisão entre sexos. Ele cabe em qualquer lugar ou espaço geográfico.
Posto isso, vamos ao que interessa e faz parte deste debate: a crítica a obras literárias escritas num contexto e época, que não podem ser confundidas ou analisadas, transferindo-as para hoje. Fazem parte de um momento da própria história e que perpetuaram personagens, que até hoje nos acompanham. E agora são tratados como racistas. Descrevo, aqui, sobre duas obras de Monteiro Lobato, "A Negrinha", de 1920 e "Caçadas de Pedrinho", publicada em 1933, que estão sendo contestadas na Justiça, por possíveis expressões racistas. Esqueceram-se de avaliar o período de sua publicação e a contextualização histórica daquele período. E se partirmos dessa analogia, então Macunaíma, de Mário de Andrade, escrito em 1928 e o clássico da literatura americana, Negras Raízes, de Alex Haley (que era negro), de 1976, também o são. Não. São obras literárias que abordam espaço temporal e cultural determinados, que deveriam ser estudadas sobre tais aspectos.
Agora um novo surto. "Garranchos - Achados Inéditos de Graciliano Ramos", que vai chegar às livrarias, corre o mesmo risco de assédio desse culto absurdo do ("politicamente correto") combate a um racismo que ninguém sabe de fato o que significa. O livro ainda não chegou às bancas, mas já há grupos, de lupa em punhos, procurando pelo em ovo. A revista IstoÉ desta semana traz matéria interessante sobre o tema. Já não posso usar a expressão "nuvens negras" em textos sobre tempos difíceis e menos ainda "eminência parda", para definir estrategistas ocultos, que dominam nossa política, sob pena de sofrer alguma represália. Quem é mesmo racista? 

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